quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Todos os Deuses e otras deidades!

Os textos aqui expressos servem de consulta, são informativos e pesquisas referênciadas, com fontes indicadas de grandes e respeitáveis enciclopédias e ou livros disponíveis em bibliotecas e outras fontes de consulta.

O Deus de Israel
Nome dado por Jacó ao primeiro altar que ele construiu depois de retornar de Harã.
Em resultado do seu encontro em Peniel com o anjo de (YHWH) "mais reconhecido na forma latinizada por Jeová", Jacó recebeu o nome de Israel, e depois duma reunião pacífica com seu irmão Esaú, ele passou a morar em Sucote e então em Siquém. Adquiriu ali um terreno dos filhos de Hamor e armou nele a sua tenda. (Gên 32:24-30; 33:1-4, 17-19) “Depois erigiu ali um altar e chamou-o de Deus, o Deus de Israel”, ou “Deus É o Deus de Israel”. (Gên 33:20) Identificando-se por meio de seu recém-recebido nome com o nome do altar, Jacó indicava sua aceitação e seu apreço desse nome, e de Deus o ter guiado a salvo de volta à Terra da Promessa. Esta expressão ocorre apenas uma vez nas Escrituras.

 Jeová
[forma causativa, no imperfeito, do verbo hebr. ha·wáh (vir a ser; tornar-se); significando: “Ele Causa que Venha a Ser”].
O nome pessoal de Deus. (Is 42:8; 54:5) Embora as Escrituras o designem por títulos descritivos, tais como “Deus”, “Soberano Senhor”, “Criador”, “Pai”, “o Todo-poderoso” e “o Altíssimo”, a sua personalidade e os seus atributos — quem e o que Ele é — são plenamente resumidos e expressos apenas por este nome pessoal. — Sal 83:18.
 

   A Pronúncia Correta do Nome Divino. “Jeová” é a pronúncia mais conhecida do nome divino, em português, embora a maioria dos hebraístas seja a favor de “Javé” (ou “Iahweh”). Os manuscritos hebraicos mais antigos apresentam este nome na forma de quatro consoantes, comumente chamadas de Tetragrama (do grego te·tra-, que significa “quatro”, e grám·ma, “letra”). Estas quatro letras (escritas da direita para a esquerda) são יהוה e podem ser transliteradas em português como YHWH (IHVH, ou JHVH).
 

   As consoantes hebraicas do nome, portanto, são conhecidas. A questão é: Quais são as vogais que devem ser combinadas com as consoantes? Sinais vocálicos só vieram a ser utilizados no hebraico na segunda metade do primeiro milênio EC.
Além disso, devido a uma superstição religiosa que teve início séculos antes, os sinais vocálicos encontrados em manuscritos hebraicos não nos fornecem a chave para determinar que vogais devem aparecer no nome divino.
 

   Superstição oculta o nome. Em determinado período, surgiu entre os judeus uma idéia supersticiosa, de que era errado até mesmo pronunciar o nome divino (representado pelo Tetragrama). Não se sabe exatamente em que se baseou originalmente a descontinuidade do uso deste nome. Alguns sustentam que o nome era considerado sagrado demais para ser proferido por lábios imperfeitos. Todavia, as próprias Escrituras Hebraicas não apresentam nenhuma evidência de que quaisquer dos verdadeiros servos de Deus alguma vez hesitassem em proferir o nome Dele. 
   Documentos hebraicos não-bíblicos, tais como as chamadas Cartas de Laquis, mostram que o nome era usado na correspondência comum na Palestina na última parte do sétimo século AEC.
Outro conceito sustenta que se pretendia impedir que povos não-judaicos conhecessem o nome e possivelmente o usassem mal. Todavia, o próprio Jeová disse que faria com que ‘seu nome fosse declarado em toda a terra’ (Êx 9:16; compare isso com 1Cr 16:23, 24; Sal 113:3; Mal 1:11, 14), para ser conhecido até mesmo aos seus adversários. (Is 64:2) De fato, o nome era conhecido e usado por nações pagãs tanto antes da Era Comum como nos primeiros séculos dela. (The Jewish Encyclopedia [A Enciclopédia Judaica], 1976, Vol. XII, p. 119) Outra alegação é que o objetivo era proteger o nome contra o uso em ritos mágicos. Neste caso, trata-se de raciocínio fraco, pois é óbvio que, quanto mais misterioso se tornasse o nome por falta de uso, tanto mais serviria para os objetivos dos praticantes da magia.
 

   Quando se arraigou essa superstição? Assim como não se tem certeza do motivo ou motivos originalmente apresentados para se descontinuar a usar o nome divino, assim também há muita incerteza quanto à época em que tal conceito supersticioso realmente se arraigou. Alguns afirmam que começou após o exílio babilônico (607-537 AEC). Esta teoria, porém, baseia-se numa suposta redução do uso do nome por parte de escritores posteriores das Escrituras Hebraicas, conceito este que um exame mais detido mostra inválido. Malaquias, por exemplo, foi evidentemente um dos últimos livros das Escrituras Hebraicas a ser escrito (na última metade do quinto século AEC), e dá grande destaque ao nome divino.
 

   Muitas obras de referência sugerem que o nome deixou de ser usado por volta de 300 AEC. Evidência para esta data foi supostamente encontrada na ausência do Tetragrama (ou de uma transliteração dele) na tradução Septuaginta grega das Escrituras Hebraicas, iniciada por volta de 280 AEC. É verdade que as cópias mais completas dos manuscritos da Septuaginta agora conhecidas seguem uniformemente o costume de substituir o Tetragrama pelas palavras gregas Ký·rios (Senhor) ou The·ós (Deus). Estes manuscritos principais, porém, remontam apenas ao quarto e ao quinto séculos EC. Descobriram-se recentemente cópias mais antigas, embora em forma fragmentária, que provam que as cópias mais antigas da Septuaginta continham deveras o nome divino.
 

   Uma delas são os restos fragmentários dum rolo de papiro duma parte de Deuteronômio, alistado como P. Fouad Inventário N.° 266. (FOTO, Vol. 1, p. 230) Apresenta regularmente o Tetragrama, escrito em caracteres hebraicos quadrados, em cada ocorrência no texto hebraico traduzido. Os peritos datam este papiro como do primeiro século AEC, e neste caso foi escrito quatro ou cinco séculos antes dos manuscritos já mencionados.
    Quando foi que os judeus, em geral, realmente pararam de pronunciar o nome pessoal de Deus?
Assim, pelo menos em forma escrita, não existe evidência sólida de qualquer desaparecimento ou desuso do nome divino no período AEC. No primeiro século EC, surge pela primeira vez alguma evidência duma atitude supersticiosa para com esse nome. Josefo, historiador judeu que descendia duma família sacerdotal, ao narrar a revelação que Deus forneceu a Moisés no local do espinheiro ardente, diz: “Então, Deus lhe revelou Seu nome, que antes disso não tinha chegado aos ouvidos dos homens, e sobre o qual estou proibido de falar.” (Jewish Antiquities [Antiguidades Judaicas], II, 276 [xii, 4]) No entanto, a declaração de Josefo, além de ser inexata quanto a se conhecer o nome divino antes de Moisés, é vaga e não revela de forma clara exatamente qual era a atitude geral prevalecente no primeiro século quanto a se pronunciar ou empregar o nome divino.
 

   A Míxena judaica, uma coleção de ensinos e de tradições rabínicos, é um tanto mais explícita. Credita-se sua compilação ao rabino Judá, o Príncipe, que viveu no segundo e no terceiro séculos EC. Parte da matéria da Míxena relaciona-se claramente às circunstâncias anteriores à destruição de Jerusalém e do seu templo, em 70 EC. No entanto, certo perito diz a respeito da Míxena: “É extremamente difícil decidir que valor histórico devemos atribuir a qualquer tradição registrada na Míxena. O espaço de tempo, que talvez tenha contribuído para obscurecer ou distorcer as lembranças de épocas tão diferentes; as sublevações políticas, as mudanças e as confusões resultantes de duas rebeliões e de duas conquistas romanas; os padrões prezados pelo partido dos fariseus (cujas opiniões a Míxena registra), que não eram os do partido dos saduceus . . . — estes são fatores a que se deve dar o devido peso na avaliação do caráter das declarações da Míxena. Além disso, há muita coisa no conteúdo da Míxena que se encontra num ambiente de discussão acadêmica travada só pela discussão, (conforme parece) com pouca pretensão de registrar usos históricos.” (The Mishnah [A Míxena], traduzida para o inglês por H. Danby, Londres, 1954, pp. xiv, xv) Algumas das tradições da Míxena referentes à pronúncia do nome divino são como segue:
 

   Relacionado com o anual Dia da Expiação, a tradução da Míxena por Danby declara: “E quando os sacerdotes e o povo, que estavam de pé no Pátio do Templo, ouviam o Nome Expresso sair da boca do Sumo Sacerdote, costumavam ajoelhar-se, e curvar-se, e prostrar-se, e dizer: ‘Bendito seja o nome da glória do seu reino para todo o sempre!’” (Yoma 6:2) A respeito das bênçãos sacerdotais diárias, Sotah 7:6, diz: “No Templo, eles pronunciavam o Nome assim como estava escrito, mas, nas províncias, usavam uma palavra substituta.” Sanhedrin 7:5, declara que o blasfemador não era culpado ‘a menos que tivesse pronunciado o Nome’, e que, num julgamento que envolvesse uma acusação de blasfêmia, usava-se um nome substituto até que toda a evidência tivesse sido ouvida; daí, pedia-se em particular à testemunha principal que ‘dissesse expressamente o que ouvira’, presumivelmente usando o nome divino. Sanhedrin 10:1, ao alistar aqueles “que não têm parte no mundo vindouro”, declara: “Abba Saul diz: Também aquele que pronunciar o Nome com as suas letras corretas.” Todavia, apesar destes conceitos negativos, encontramos também, na primeira seção da Míxena, a injunção positiva de que “o homem deve cumprimentar seu próximo com [o emprego de] o Nome [de Deus]”, citando-se então o exemplo de Boaz (Ru 2:4). — Berakhot, 9:5.
    Estes conceitos tradicionais, encarados pelo que possam valer, talvez revelem uma tendência supersticiosa de evitar o uso do nome divino algum tempo antes de o templo de Jerusalém ser destruído em 70 EC. Mesmo então, diz-se explicitamente que eram primariamente os sacerdotes que usavam um nome substituto para o nome divino, e isso apenas nas províncias. Adicionalmente, o valor histórico das tradições da Míxena é questionável, conforme vimos.
    Não existe, portanto, nenhuma base genuína para se atribuir a qualquer época anterior ao primeiro e ao segundo séculos EC o desenvolvimento do conceito supersticioso que exigia a descontinuação do uso do nome divino. Chegou deveras a época, contudo, em que, ao fazer a leitura das Escrituras Hebraicas na língua original, o leitor judeu, em vez de pronunciar o nome divino, representado pelo Tetragrama, o substituía por ’Adho·naí (Soberano Senhor) ou por ’Elo·hím (Deus). Nota-se isto no fato de que, quando os sinais vocálicos passaram a ser empregados, na segunda metade do primeiro milênio EC, os copistas judeus inseriram no Tetragrama os sinais vocálicos quer de ’Adho·naí, quer de ’Elo·hím, evidentemente para alertar o leitor a proferir essas palavras, em lugar de pronunciar o nome divino. Caso ele estivesse usando a tradução Septuaginta grega das Escrituras Hebraicas em cópias posteriores, o leitor, naturalmente, encontraria o Tetragrama já inteiramente substituído por Ký·rios e The·ós.

   Traduções para outras línguas, tais como a Vulgata latina, seguiram o exemplo destas cópias posteriores da Septuaginta grega. A versão católica de Antônio Pereira de Figueiredo (originalmente de 1778-1790), baseada na Vulgata latina, por isso, não traz o nome divino no texto principal, ao passo que a Trinitariana e a versão Matos Soares empregam Senhor ou Deus (às vezes todo em maiúsculas) para representar o Tetragrama nas Escrituras Hebraicas.
    Qual é a pronúncia correta do nome de Deus?
Na segunda metade do primeiro milênio EC, peritos judeus introduziram um sistema de sinais para representar as vogais ausentes no texto consonantal hebraico. Com referência ao nome de Deus, em vez de inserir os sinais vocálicos corretos dele, colocaram outros sinais vocálicos para lembrar ao leitor que ele devia dizer ’Adho·naí (que significa “Soberano Senhor”) ou ’Elo·hím (que significa “Deus”).
    O Códice Leningrado B 19A, do século 11 EC, tem no Tetragrama os sinais vocálicos para rezar Yehwáh, Yehwíh e Yeho·wáh. A edição de Ginsburg do texto massorético tem no nome divino sinais vocálicos para que reze Yeho·wáh. (Gên 3:14 n) Os hebraístas em geral são a favor de “Yahweh” (Iahweh, ou Javé, em Bíblias católicas) como a pronúncia mais provável. Salientam que a forma abreviada do nome é Yah (Jah, na forma latinizada), como no Salmo 89:8 e na expressão Ha·lelu-Yáh (que significa “Louvai a Jah!”). (Sal 104:35; 150:1, 6) Também as formas Yehóh, Yoh, Yah e Yá·hu, encontradas na grafia hebraica dos nomes Jeosafá, Josafá, Sefatias e outros, podem todas ser derivadas de Yahweh. As transliterações gregas feitas pelos primitivos escritores cristãos indicam uma direção algo similar por usar grafias tais como I·a·bé e I·a·ou·é, as quais, conforme pronunciadas em grego, se assemelham a Yahweh (Iahweh). Ainda assim, de modo algum há unanimidade sobre o assunto entre os peritos, sendo alguns a favor de ainda outras pronúncias, tais como “Yahuwa”, “Yahuah” ou “Yehuah”.
    Visto que, atualmente, não se pode ter certeza absoluta da pronúncia, parece não haver nenhum motivo para abandonar, em português, a forma bem conhecida, “Jeová”, em favor de outra pronúncia sugerida. Se tal mudança fosse feita, então, a bem da coerência, deviam ser feitas alterações na grafia e na pronúncia de uma infinidade de outros nomes encontrados nas Escrituras: Jeremias seria mudado para Yir·meyáh, Isaías se tornaria Yesha‛·yá·hu, e Jesus seria ou Yehoh·shú·a‛ (como no hebraico), ou I·e·soús (como no grego). O objetivo das palavras é transmitir idéias; em português, o nome Jeová identifica o verdadeiro Deus, transmitindo esta idéia mais satisfatoriamente, hoje em dia, do que qualquer dos substitutos sugeridos.
Importância do Nome. Muitos peritos e tradutores atuais da Bíblia advogam que se siga a tradição de eliminar o nome distintivo de Deus. Não só alegam que a incerteza a respeito da pronúncia do nome justifica tal proceder, mas também sustentam que a supremacia e a existência ímpar do verdadeiro Deus tornam desnecessário que Ele tenha um nome específico. Tal conceito não encontra respaldo nas Escrituras inspiradas, quer nas dos tempos pré-cristãos, quer nas Escrituras Gregas Cristãs.
 

    O Tetragrama ocorre 6.828 vezes no texto hebraico da Biblia Hebraica e da Biblia Hebraica Stuttgartensia. Nas Escrituras Hebraicas, a Tradução do Novo Mundo contém o nome divino 6.973 vezes, porque os tradutores, entre outras coisas, levaram em conta que, em alguns lugares, os escribas haviam substituído o nome divino com ’Adho·naí ou ’Elo·hím. (Veja o apêndice na NM, pp. 1501, 1502.) A própria freqüência do aparecimento do nome atesta sua importância para o Autor da Bíblia, que leva este nome. Seu uso em todas as Escrituras ultrapassa em muito o de quaisquer títulos, tais como “Soberano Senhor” ou “Deus”, aplicados a Ele.
Digno de nota, também, é a importância atribuída aos próprios nomes nas Escrituras Hebraicas e entre os povos semíticos. O professor G. T. Manley indica: “Um estudo da palavra ‘nome’ no V[elho] T[estamento] revela o quanto esta palavra significa em hebraico. O nome não é simples rótulo, mas é representativo da verdadeira personalidade daquele a quem pertence. . . . Quando uma pessoa coloca seu ‘nome’ numa coisa ou em outra pessoa, esta passa a ficar sob sua influência e proteção.” — New Bible Dictionary (Novo Dicionário da Bíblia), editado por J. D. Douglas, 1985, p. 430; compare isso com Everyman’s Talmud (O Talmude de Todos), de A. Cohen, 1949, p. 24; Gên 27:36; 1Sa 25:25; Sal 20:1; Pr 22:1; veja NOME.
“Deus” e “Pai” não são distintivos. O título “Deus” não é nem pessoal, nem distintivo (alguém pode até mesmo fazer de seu ventre um deus; Fil 3:19). Nas Escrituras Hebraicas, a mesma palavra (’Elo·hím) é aplicada a Jeová, o verdadeiro Deus, e também a deuses falsos, tais como Dagom, o deus filisteu (Jz 16:23, 24; 1Sa 5:7) e Nisroque, deus assírio. (2Rs 19:37) Caso um hebreu dissesse a um filisteu ou a um assírio que ele adorava a “Deus [’Elo·hím]” isso obviamente não bastaria para identificar a Pessoa à qual se dirigia sua adoração.
    Nos artigos sobre Jeová, The Imperial Bible-Dictionary (O Dicionário Bíblico Imperial) ilustra belamente a diferença entre ’Elo·hím (Deus) e Jeová. A respeito do nome Jeová, diz: “É, em toda a parte, um nome próprio, indicando o Deus pessoal, e somente ele; ao passo que Elohim assume mais o caráter de um substantivo comum, indicando, em geral, deveras, o Supremo, mas não necessária ou uniformemente. . . . O hebreu talvez diga o Elohim, o verdadeiro Deus, contrapondo-o a todos os deuses falsos; mas ele jamais diz o Jeová, pois Jeová é unicamente o nome do verdadeiro Deus. Ele diz, vez após vez, meu Deus . . .; mas jamais meu Jeová, pois quando ele diz meu Deus, quer dizer Jeová. Ele fala do Deus de Israel, mas jamais do Jeová de Israel, pois não existe nenhum outro Jeová. Ele fala do Deus vivo, mais jamais do Jeová vivo, pois só pode conceber Jeová como estando vivo.” — Editado por P. Fairbairn, Londres, 1874, Vol. I, p. 856.
O mesmo se aplica ao termo grego para Deus, The·ós. Era aplicado tanto ao verdadeiro Deus como a deuses pagãos tais como Zeus e Hermes (os romanos Júpiter e Mercúrio). (Veja At 14:11-15.) A situação real é enfocada pelas palavras de Paulo em 1 Coríntios 8:4-6: “Pois, embora haja os que se chamem ‘deuses’, quer no céu, quer na terra, assim como há muitos ‘deuses’ e muitos ‘senhores’, para nós há realmente um só Deus, o Pai, de quem procedem todas as coisas, e nós para ele.” A crença em numerosos deuses, que torna essencial que o verdadeiro Deus seja diferençado de tais, continua até este século 20.
 

   A referência de Paulo a “Deus, o Pai”, não significa que o nome do verdadeiro Deus seja “Pai”, pois a designação “pai” se aplica também a todo genitor varão humano e descreve homens em outros relacionamentos. (Ro 4:11, 16; 1Co 4:15) Ao Messias se dá o título de “Pai Eterno”. (Is 9:6) Jesus chamou a Satanás de “pai” de certos opositores assassinos. (Jo 8:44) O termo também era aplicado aos deuses das nações, representando-se o deus grego, Zeus, como o grande deus-pai na poesia homérica. Que “Deus, o Pai”, possui um nome, um que é diferente do nome do seu Filho, é indicado em numerosos textos. (Mt 28:19; Re 3:12; 14:1) Paulo conhecia o nome pessoal de Deus, Jeová, conforme encontrado no relato da criação, em Gênesis, que Paulo citou em seus escritos. Este nome, Jeová, distingue “Deus, o Pai” (veja Is 64:8), bloqueando assim qualquer tentativa de fundir ou misturar Sua identidade e pessoa com a de qualquer outro a quem o título “deus” ou “pai” possa ser aplicado.
 

   Não um deus tribal. Jeová é chamado de o “Deus de Israel” e ‘o Deus de seus antepassados’. (1Cr 17:24; Êx 3:16) Todavia, esta associação íntima com os hebreus e com a nação israelita não dá motivos para se limitar tal nome ao de um deus tribal, como alguns têm feito. O apóstolo cristão, Paulo, escreveu: “É ele somente o Deus dos judeus? Não o é também de pessoas das nações? Sim, também de pessoas das nações.” (Ro 3:29) Jeová não é somente o “Deus de toda a terra” (Is 54:5), mas também é o Deus do universo, “Aquele que fez o céu e a terra”. (Sal 124:8) O pacto feito por Jeová com Abraão, cerca de 2.000 anos antes dos dias de Paulo, prometera bênçãos a pessoas de todas as nações, mostrando o interesse de Deus em toda a humanidade. — Gên 12:1-3; compare isso com At 10:34, 35; 11:18.
    Jeová Deus, por fim, rejeitou a infiel nação do Israel carnal. Mas Seu nome havia de continuar entre a nova nação do Israel espiritual, a congregação cristã, mesmo quando essa nova nação começasse a abranger pessoas não-judias entre seus membros. Presidindo a uma assembléia cristã em Jerusalém, o discípulo Tiago falou, portanto, sobre Deus como tendo ‘voltado sua atenção para as nações [não-judias], a fim de tirar delas um povo para o seu nome’. Como prova de que isto fora predito, Tiago citou então uma profecia do livro de Amós, na qual o nome de Jeová aparece duas vezes. — At 15:2, 12-14; Am 9:11, 12.
    Nas Escrituras Gregas Cristãs. Em vista desta evidência, parece bem incomum verificar que os exemplares existentes de manuscritos do texto original das Escrituras Gregas Cristãs não contenham o nome divino na sua forma plena. Por isso, o nome não consta também na maioria das traduções do chamado Novo Testamento. Todavia, este nome aparece nessas fontes na sua forma abreviada em Revelação (Apocalipse) 19:1, 3, 4, 6, na expressão “Aleluia” (Al, BJ, CBC, MC, PIB, So). A convocação registrada ali, como feita por filhos espirituais de Deus: “Louvai a Jah!” (NM) torna clara que o nome divino não era obsoleto; era tão vital e pertinente como no período pré-cristão. Então, por que a ausência da sua forma plena nas Escrituras Gregas Cristãs?
Por que não consta o nome divino, na sua forma plena, em nenhum manuscrito antigo disponível das Escrituras Gregas Cristãs?
    O argumento apresentado por longo tempo era o de que os escritores inspirados das Escrituras Gregas Cristãs citaram as Escrituras Hebraicas à base da Septuaginta, e que, visto que esta versão substituíra o Tetragrama por Ký·ri·os ou The·ós, esses escritores não empregaram o nome Jeová. Como se tem demonstrado, este argumento já não é mais válido. Comentando que os fragmentos mais antigos da Septuaginta grega deveras contêm o nome divino em sua forma hebraica, o Dr. P. Kahle diz: “Sabemos agora que o texto grego da Bíblia [a Septuaginta], no que tange a ter sido escrito por judeus para judeus, não traduziu o nome divino por kyrios, mas o Tetragrama escrito com letras hebraicas ou gregas foi retido em tais MSS [manuscritos]. Foram os cristãos que substituíram o Tetragrama por kyrios, quando o nome divino em letras hebraicas não era mais entendido.” (The Cairo Geniza [A Genizá do Cairo], Oxford, 1959, p. 222)

   Quando é que ocorreu esta mudança nas traduções gregas das Escrituras Hebraicas?
Evidentemente ocorreu nos séculos que se seguiram à morte de Jesus e de seus apóstolos. Na versão grega de Áquila, que data do segundo século EC, o Tetragrama ainda aparecia em caracteres hebraicos. Por volta de 245 EC, o famoso perito Orígenes produziu sua Hexapla, uma reprodução em seis colunas das inspiradas Escrituras Hebraicas: (1) no hebraico e aramaico original, acompanhado por (2) uma transliteração para o grego, e pelas versões gregas (3) de Áquila, (4) de Símaco, (5) da Septuaginta e (6) de Teodócio. À base da evidência das cópias fragmentárias agora conhecidas, o professor W. G. Waddell diz: “Na Hexapla de Orígenes . . . as versões gregas de Áquila, de Símaco, da LXX [Septuaginta], todas representaram JHVH [IHVH] por ΠΙΠΙ; na segunda coluna da Hexapla, o Tetragrama foi escrito em caracteres hebraicos.” (The Journal of Theological Studies [A Revista de Estudos Teológicos], Oxford, Vol. XLV, 1944, pp. 158, 159) Outros crêem que o texto original da Hexapla de Orígenes usava caracteres hebraicos para o Tetragrama em todas as suas colunas. O próprio Orígenes declarou que “nos manuscritos mais fiéis, O NOME está escrito em caracteres hebraicos, contudo, não nos [caracteres] hebraicos atuais, mas nos mais antigos”.
 

   Ainda no quarto século EC, Jerônimo, o tradutor da Vulgata latina, diz no seu prólogo dos livros de Samuel e de Reis: “E encontramos o nome de Deus, o Tetragrama [i.e., יהוה], em certos volumes gregos mesmo hoje, expresso em letras antigas.” Numa carta escrita em Roma, em 384 EC, Jerônimo declara: “O nono [nome de Deus] é o Tetragrama, que eles consideravam [a·nek·fó·ne·ton], isto é, inefável, e se encontra escrito nestas letras: Iode, Hê, Vau, Hê. Certos ignorantes, devido à similaridade dos caracteres quando as encontravam nos livros gregos, estavam acostumados a ler ΠΙΠΙ [letras gregas que correspondiam às romanas PIPI].” — Papyrus Grecs Bibliques (Papiros Bíblicos Gregos), de F. Dunand, Cairo, 1966, p. 47, n. 4.
Portanto, os chamados “cristãos” que “substituíram o Tetragrama por kyrios” nas cópias da Septuaginta não foram os primitivos discípulos de Jesus. Foram pessoas de séculos posteriores, quando a predita apostasia já estava bem desenvolvida e havia corrompido a pureza dos ensinos cristãos. — 2Te 2:3; 1Ti 4:1.
    Usado por Jesus e seus discípulos. Assim, nos dias de Jesus e de seus discípulos, o nome divino, definitivamente, aparecia em cópias das Escrituras, tanto em manuscritos hebraicos como em manuscritos gregos. Será que Jesus e seus discípulos empregavam o nome divino ao falarem ou escreverem? Em vista da condenação, por parte de Jesus, das tradições dos fariseus (Mt 15:1-9), seria muitíssimo desarrazoado concluir que Jesus e seus discípulos permitissem que as idéias farisaicas (tais como as registradas na Míxena) os governassem neste assunto. O próprio nome de Jesus significa “Jeová É Salvação”. Ele declarou: “Vim em nome de meu Pai” (Jo 5:43); ensinou seus seguidores a orar: “Nosso Pai nos céus, santificado seja o teu nome” (Mt 6:9); suas obras, disse ele, eram feitas “em nome de meu Pai” (Jo 10:25); e, em oração, na noite anterior à sua morte, disse que tinha tornado manifesto o nome de seu Pai a seus discípulos, e pediu: “Santo Pai, vigia sobre eles por causa do teu próprio nome” (Jo 17:6, 11, 12, 26). Em vista de tudo isto, quando Jesus citava as Escrituras Hebraicas, ou as lia, certamente empregava o nome divino, Jeová. (Compare Mt 4:4, 7, 10, com De 8:3; 6:16; 6:13; também Mt 22:37 com De 6:5; e Mt 22:44 com Sal 110:1; bem como Lu 4:16-21 com Is 61:1, 2.) Logicamente, os discípulos de Jesus, incluindo os escritores inspirados das Escrituras Gregas Cristãs, seguiriam o exemplo dele nisto.
    Por que, então, não consta o nome nos manuscritos agora existentes das Escrituras Gregas Cristãs ou do chamado Novo Testamento?

Evidentemente, porque na época em que essas cópias agora existentes foram feitas (a partir do terceiro século EC), o texto original dos escritos dos apóstolos e discípulos já havia sido alterado. De modo que copistas posteriores, sem dúvida, substituíram o nome divino na forma do Tetragrama por Ký·ri·os e The·ós. (FOTO, Vol. 1, p. 228) Isto é precisamente o que os fatos mostram ter sido feito em cópias posteriores da tradução Septuaginta das Escrituras Hebraicas.
    Restauração do nome divino em traduções. Reconhecendo que deve ter acontecido assim, alguns tradutores têm incluído o nome Jeová em sua versão das Escrituras Gregas Cristãs. The Emphatic Diaglott (A Diaglott Enfática), uma tradução do século 19, feita por Benjamin Wilson, contém diversas vezes o nome Jeová, especialmente quando os escritores cristãos citavam as Escrituras Hebraicas. Mas, já no século 14, o Tetragrama tinha passado a ser usado nas traduções das Escrituras Cristãs para o hebraico, a começar com a tradução de Mateus para o hebraico, incorporada na obra ’É·ven bó·hhan de Shem-Tob ben Isaac Ibn Shaprut. Sempre que Mateus citava as Escrituras Hebraicas, esta tradução usou o Tetragrama em cada ocorrência. Muitas outras traduções para o hebraico seguiram o mesmo costume desde então.

   Quanto à correção deste proceder, observe a seguinte declaração feita por R. B. Girdlestone, ex-diretor de Wycliffe Hall, Oxford. Esta declaração foi feita antes de vir a lume a evidência de manuscritos de que a Septuaginta grega originalmente continha o nome Jeová. Disse ele: “Se esta versão [Septuaginta] retivesse a palavra [Jeová], ou mesmo tivesse usado uma palavra grega para Jeová e outra para Adonai, tal emprego, sem dúvida, teria sido retido nos discursos e nos argumentos do N. T. Assim, nosso Senhor, ao citar o Salmo 110, em vez de dizer: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor’, poderia ter dito: ‘Jeová disse a Adoni.’”
    Prosseguindo nessa mesma base (que a evidência demonstra agora tratar-se de fato real), ele acrescenta: “Supondo que um perito cristão estivesse empenhado em traduzir o Testamento Grego para o hebraico, ele teria de considerar, cada vez que a palavra Κύριος ocorresse, se havia algo no contexto que indicasse o verdadeiro equivalente hebraico; e esta é a dificuldade que surgiria ao se traduzir o N. T. para todas as línguas, caso se permitisse a permanência do título Jeová [na tradução Septuaginta] no V. T. As Escrituras Hebraicas seriam um guia em muitos trechos: assim, sempre que ocorre a expressão ‘o anjo do Senhor’, sabemos que a palavra Senhor representa Jeová; chegaríamos a uma conclusão similar sobre a expressão ‘a palavra do Senhor’, se o precedente estabelecido no V. T. fosse seguido; o mesmo se daria também no caso do título ‘o Senhor dos Exércitos’. Inversamente, sempre que ocorre a expressão ‘Meu Senhor’ ou ‘Nosso Senhor’, devíamos saber que a palavra Jeová seria inadmissível, e teriam de ser usadas Adonai ou Adoni.” (Synonyms of the Old Testament [Sinônimos do Velho Testamento], 1897, p. 43) É nessa base que traduções das Escrituras Gregas (mencionadas antes) contêm o nome Jeová.
Notável, porém, neste respeito, é a Tradução do Novo Mundo, usada em toda esta obra, em que o nome divino, na forma de “Jeová”, aparece 237 vezes nas Escrituras Gregas Cristãs. Conforme se tem mostrado, existe base sólida para isto.
    Emprego Inicial do Nome e Seu Significado. Êxodo 3:13-16 e 6:3 são freqüentemente mal aplicados como significando que o nome de Jeová foi revelado pela primeira vez a Moisés, algum tempo antes do Êxodo do Egito. Na verdade, Moisés suscitou a pergunta: “Suponhamos que eu vá ter com os filhos de Israel e deveras lhes diga: ‘O Deus de vossos antepassados enviou-me a vós’, e eles deveras me digam: ‘Qual é o seu nome?’ O que hei de dizer-lhes?” Isto, porém, não significa que ele ou os israelitas não conhecessem o nome de Jeová. O próprio nome da mãe de Moisés, Joquebede, significa “Jeová É Glória”. (Êx 6:20) A pergunta de Moisés provavelmente se relacionava com as circunstâncias em que se encontravam os filhos de Israel. Por muitas décadas, estiveram sujeitos à dura escravidão, sem nenhum sinal de qualquer alívio. A dúvida, o desânimo e a fraqueza na fé quanto ao poder e ao propósito de Deus de libertá-los, mui provavelmente se haviam infiltrado em suas fileiras. (Observe também Ez 20:7, 8.) Portanto, se Moisés dissesse que viera simplesmente em nome de “Deus” (’Elo·hím) ou do “Soberano Senhor” (’Adho·naí), isto talvez não significasse muito para os israelitas sofredores. Sabiam que os egípcios possuíam seus próprios deuses e senhores, e, sem dúvida, ouviam zombarias por parte dos egípcios, de que os deuses deles eram superiores ao Deus dos israelitas.
 

   Ademais, devemos ter presente que os nomes naquele tempo possuíam verdadeiro significado, e não eram apenas “rótulos” para identificar a pessoa, como o são atualmente. Moisés sabia que o nome de Abrão (que significa “Pai É Enaltecido (Exaltado)”) foi mudado para Abraão (que significa “Pai Duma Multidão”), fazendo-se esta mudança devido ao propósito de Deus para com Abraão. Assim, também, o nome de Sarai foi mudado para Sara, e o de Jacó para Israel; em cada caso, a mudança revelava algo fundamental e profético a respeito do propósito de Deus para com eles. Moisés talvez se perguntasse se Jeová se revelaria então sob algum novo nome, de modo a lançar luz sobre o Seu propósito para com Israel. Dirigir-se Moisés aos israelitas em “nome” Daquele que o enviou significava que era o representante Dele, e a enorme autoridade com que Moisés falaria seria determinada por esse nome e seria proporcional a ele, ou com o que representava. (Veja Êx 23:20, 21; 1Sa 17:45.) Assim, a pergunta de Moisés era significativa.
    A resposta de Deus, em hebraico, foi: ’Eh·yéh ’Ashér ’Eh·yéh. Algumas traduções vertem isto como “EU SOU O QUE SOU”. Todavia, deve-se notar que o verbo hebraico ha·yáh, do qual deriva a palavra ’Eh·yéh, não significa simplesmente “ser”. Antes, significa “vir a ser; tornar-se”, ou “mostrar ser”. Não se faz aqui referência à auto-existência de Deus, mas ao que ele pretende tornar-se para com outros. Portanto, a Tradução do Novo Mundo verte corretamente a expressão hebraica acima como “MOSTRAREI SER O QUE EU MOSTRAR SER.” Depois disso, Jeová acrescentou: “Isto é o que deves dizer aos filhos de Israel: ‘MOSTRAREI SER enviou-me a vós.’” — Êx 3:14 n.
    Que isto não significava nenhuma mudança no nome de Deus, mas apenas um vislumbre adicional da personalidade de Deus, é depreendido de suas palavras adicionais: “Isto é o que deves dizer aos filhos de Israel: ‘Jeová, o Deus de vossos antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó enviou-me a vós.’ Este é o meu nome por tempo indefinido e esta é a recordação de mim por geração após geração.” (Êx 3:15; compare isso com Sal 135:13; Os 12:5.) O nome Jeová deriva do verbo ha·wáh, “vir a ser; tornar-se”, e realmente significa “Ele Causa que Venha a Ser”. Isto revela Jeová como Aquele que, com ação progressiva, causa que se torne o Cumpridor de promessas. Assim, ele sempre faz com que seus propósitos se realizem. 

   Apenas o verdadeiro Deus poderia legítima e autenticamente levar tal nome.
Isto nos ajuda a entender o sentido da declaração posterior de Jeová a Moisés: “Eu sou Jeová. E eu costumava aparecer a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-poderoso, mas com respeito ao meu nome Jeová não me dei a conhecer a eles.” (Êx 6:2, 3) Uma vez que o nome Jeová foi usado muitas vezes por esses antepassados patriarcais de Moisés, é evidente que Deus queria dizer que Ele se manifestara a eles na qualidade de Jeová apenas de forma limitada. Para ilustrar isto, dificilmente se poderia dizer que aqueles que conheciam o homem Abrão realmente o conheciam como Abraão (que significa “Pai Duma Multidão”) enquanto ele só tinha um filho, Ismael. Quando nasceram Isaque e outros filhos, e eles começaram a ter descendentes, o nome Abraão assumiu maior significado ou importância. Assim, também, o nome Jeová assumiria então um significado ampliado para os israelitas.
“Conhecer”, portanto, não significa necessariamente apenas estar a par ou saber de algo ou de alguém. O tolo Nabal conhecia o nome de Davi, mas, ainda assim, indagou: “Quem é Davi?”, no sentido de perguntar: “Que importância tem ele?” (1Sa 25:9-11; compare isso com 2Sa 8:13.) Assim, também, Faraó dissera a Moisés: “Quem é Jeová, que eu deva obedecer à sua voz para mandar Israel embora? Não conheço Jeová, e ainda mais, não vou mandar Israel embora.” (Êx 5:1, 2) Com isso, Faraó evidentemente queria dizer que não conhecia a Jeová como o verdadeiro Deus, ou como tendo qualquer autoridade sobre o rei do Egito e seus assuntos, nem como tendo qualquer poder para efetivar Sua vontade, conforme anunciada por Moisés e Arão. Contudo, então, Faraó e todo o Egito, junto com os israelitas, viriam a conhecer o verdadeiro significado deste nome, da pessoa que ele representava. Conforme Jeová mostrou a Moisés, isto seria o resultado de Deus executar Seu propósito para com os israelitas, libertando-os, dando-lhes a Terra da Promessa, e assim cumprindo Seu pacto com os antepassados deles. Desta forma, como Deus disse: “Sabereis certamente que eu sou Jeová, vosso Deus.” — Êx 6:4-8
    O professor de Hebraico, D. H. Weir, disse portanto corretamente que aqueles que afirmam que Êxodo 6:2, 3, assinala a primeira vez que se revelou o nome Jeová, “não estudaram [estes versículos] à luz de outros textos; senão, teriam percebido que com nome deve-se querer dizer aqui não as duas sílabas, que compõem a palavra Jeová, mas a idéia que esta expressa. Quando lemos em Isaías, cap. lii. 6: ‘Portanto, meu povo conhecerá o meu nome’; ou em Jeremias, cap. xvi. 21: ‘Saberão que meu nome é Jeová’; ou nos Salmos, Sal. ix. [10, 16]: ‘Os que conhecem o teu nome confiarão em ti’; vemos imediatamente que conhecer o nome de Jeová é algo bem diferente de se conhecer as quatro letras que o compõem. É saber por experiência que Jeová realmente é aquilo que seu nome declara que é. (Veja também Is. xix. 20, 21; Ez. xx. 5, 9; xxxix. 6, 7; Sal. lxxxiii. [18];  lxxxix. [16]; 2 Cr. vi. 33.)” — The Imperial Bible-Dictionary, Vol. I, pp. 856, 857.
    Conhecido ao primeiro casal humano. O nome Jeová não foi pela primeira vez revelado a Moisés, porque certamente o primeiro homem o conhecia. O nome aparece inicialmente no Registro divino em Gênesis 2:4, após o relato sobre as obras criativas de Deus, e ali identifica o Criador dos céus e da terra como “Jeová Deus”. É razoável crer que Jeová Deus tenha informado Adão deste relato da criação. O registro de Gênesis não menciona Ele fazer isso, mas tampouco diz explicitamente que Jeová revelou a origem de Eva a Adão quando este despertou. No entanto, as palavras de Adão, ao receber Eva, mostram que ele tinha sido informado sobre o modo de Deus tê-la produzido do corpo do próprio Adão. (Gên 2:21-23) Sem dúvida, houve muita comunicação entre Jeová e seu filho terrestre que não se encontra incluída no relato breve de Gênesis.
Eva é a primeira pessoa humana de que se relata especificamente ter usado o nome divino. (Gên 4:1) Ela obviamente aprendeu esse nome de seu marido e cabeça, Adão, de quem também ficou sabendo da ordem de Deus a respeito da árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau (embora, novamente, o registro não diz diretamente que Adão transmitiu esta informação a ela). — Gên 2:16, 17; 3:2, 3.
    Conforme se mostra no artigo ENOS, o princípio de se “invocar o nome de Jeová” nos dias de Enos, neto de Adão, evidentemente não era em fé, nem da maneira aprovada por Deus. Pois, relata-se que entre Abel e Noé apenas o filho de Jarede, Enoque (não Enos) “andou com o verdadeiro Deus” em fé. (Gên 4:26; 5:18, 22-24; He 11:4-7) Por meio de Noé e sua família, o conhecimento sobre o nome divino sobreviveu para o período pós-diluviano, para além do tempo da dispersão dos povos na Torre de Babel, e foi transmitido ao patriarca Abraão e seus descendentes. — Gên 9:26; 12:7, 8.
    A Pessoa Identificada Pelo Nome. Jeová é o Criador de todas as coisas, a grande Causa Primária; destarte, ele é incriado, não teve início. (Re 4:11) “Em número, os seus anos estão além de esquadrinhamento.” (Jó 36:26) É impossível estabelecer uma idade para Ele, pois não existe ponto inicial a partir do qual se possa fazer a medição. Embora sem idade, é corretamente chamado de “o Antigo de Dias”, uma vez que sua existência se estende infindavelmente pelo passado. (Da 7:9, 13) Ele também não tem fim futuro (Re 10:6), sendo incorruptível, imorredouro. Por conseguinte, é chamado de “Rei da eternidade” (1Ti 1:17), para quem mil anos são como uma vigília noturna de poucas horas. — Sal 90:2, 4; Je 10:10; Hab 1:12; Re 15:3.
Apesar de o tempo não contar em seu caso, Jeová é destacadamente um Deus histórico, identificando-se com épocas, lugares, pessoas e eventos específicos. Em seus modos de lidar com a humanidade, ele atua segundo um cronograma exato. (Gên 15:13, 16; 17:21; Êx 12:6-12; Gál 4:4) Por sua existência eterna ser inegável e o fato mais fundamental no universo, Ele tem jurado por ela, dizendo: “Assim como vivo”, garantindo desta forma a certeza absoluta de suas promessas e profecias. (Je 22:24; Sof 2:9; Núm 14:21, 28; Is 49:18) Homens também fizeram juramentos, jurando pela existência de Jeová. (Jz 8:19; Ru 3:13) Apenas os insensatos dizem: “Não há Jeová.” — Sal 14:1; 10:4.
    Descrições da sua presença. Uma vez que ele é um Espírito além do poder de visão dos humanos (Jo 4:24), qualquer descrição da Sua aparência em termos humanos só pode dar uma idéia da sua glória incomparável. (Is 40:25, 26) Embora não vissem realmente seu Criador (Jo 1:18), certos servos dele receberam visões inspiradas das Suas cortes celestiais. A descrição que apresentaram da Sua presença retrata não só grande dignidade e assombrosa majestade, mas também serenidade, ordem, beleza e agradabilidade. — Êx 24:9-11; Is 6:1; Ez 1:26-28; Da 7:9; Re 4:1-3; veja também Sal 96:4-6.
    Como se pode observar, essas descrições usam metáforas e analogias, assemelhando a aparência de Jeová a coisas conhecidas pelos humanos — pedras preciosas, fogo, arco-íris. Ele é até mesmo descrito como possuindo certas características humanas. Embora alguns peritos questionem consideravelmente o que chamam de expressões antropomorfológicas encontradas na Bíblia — como as referências aos “olhos”, “ouvidos” e “rosto” (1Pe 3:12), o “braço” (Ez 20:33), a mão “direita” (Êx 15:6) de Deus, e assim por diante — é óbvio que tais expressões se fazem necessárias para que a descrição seja compreensível aos humanos. Fornecer-nos Jeová Deus uma descrição de si mesmo em termos espirituais seria como dar equações de álgebra superior a pessoas que só têm o conhecimento bem elementar de matemática, ou como tentar explicar as cores a uma pessoa que nasceu cega. — Jó 37:23, 24.
    Os chamados antropomorfismos, por conseguinte, jamais devem ser considerados de forma literal, assim como tampouco se tomariam literalmente outras referências metafóricas a Deus como “sol”, “escudo”, ou “Rocha”. (Sal 84:11; De 32:4, 31) A visão de Jeová (Gên 16:13), dessemelhante da dos humanos, não depende de raios de luz, e atos praticados em completa escuridão podem ser vistos por Ele. (Sal 139:1, 7-12; He 4:13) Sua visão pode abranger a terra toda (Pr 15:3), e Ele não precisa de nenhum equipamento especial para ver o embrião em desenvolvimento no útero humano. (Sal 139:15, 16) Nem depende sua audição de ondas sonoras numa atmosfera, pois Ele consegue “ouvir” expressões ainda que proferidas silenciosamente no coração. (Sal 19:14) O homem não consegue medir com êxito nem mesmo o vasto universo físico; todavia, os céus físicos não abrangem ou contêm o lugar da residência de Deus, e muito menos poderiam contê-lo uma casa ou um templo terrestre. (1Rs 8:27; Sal 148:13) Mediante Moisés, Jeová avisou especificamente a nação de Israel para que não fizesse nenhuma imagem Dele em forma de varão ou de qualquer espécie de coisa criada. (De 4:15-18) Assim, ao passo que o relato de Lucas registra a referência de Jesus a expulsar demônios “por meio do dedo de Deus”, o relato de Mateus mostra que Jesus referia-se com isso ao “espírito de Deus”, ou Sua força ativa. — Lu 11:20; Mt 12:28; compare Je 27:5 com Gên 1:2.
    Qualidades pessoais reveladas na criação. Certas facetas da personalidade de Jeová são reveladas por meio das suas obras criativas, mesmo as realizadas antes de ter criado o homem. (Ro 1:20) O próprio ato criador revela seu amor. Isto se dá porque Jeová é auto-suficiente, não lhe faltando nada. Por isso, embora criasse centenas de milhões de filhos espirituais, nenhum deles podia acrescentar algo ao Seu conhecimento, nem contribuir com alguma qualidade desejável de emoção ou de personalidade que Ele já não possuísse em grau superior. — Da 7:9, 10; He 12:22; Is 40:13, 14; Ro 11:33, 34.
    Isto, naturalmente, não significa que Jeová não derive prazer de Suas criaturas. Visto que o homem foi feito “à imagem de Deus” (Gên 1:27), segue-se que a alegria que um pai humano encontra no filho, especialmente naquele que lhe mostra amor filial e que age com sabedoria, reflete a alegria que Jeová deriva de suas criaturas inteligentes que o amam e sabiamente o servem. (Pr 27:11; Mt 3:17; 12:18) Esse prazer não emana de qualquer lucro material ou físico, mas de ele ver suas criaturas se apegarem voluntariamente às suas normas justas, e demonstrarem altruísmo e generosidade. (1Cr 29:14-17; Sal 50:7-15; 147:10, 11; He 13:16) Inversamente, aqueles que adotam um proceder errado e mostram desconsideração para com o amor de Jeová, que trazem vitupério ao Seu nome e sofrimento cruel a outros, fazem com que Jeová ‘se sinta magoado no coração’. — Gên 6:5-8; Sal 78:36-41; He 10:38.
    Jeová também deriva prazer no exercício de seus poderes, quer na criação, quer de outra forma, tendo as suas obras sempre verdadeiro objetivo e um bom motivo. (Sal 135:3-6; Is 46:10, 11; 55:10, 11) Como Dador generoso de “toda boa dádiva e todo presente perfeito”, ele se deleita em recompensar seus filhos e filhas fiéis com bênçãos. (Tg 1:5, 17; Sal 35:27; 84:11, 12; 149:4) Todavia, embora seja um Deus caloroso e sensível, sua felicidade evidentemente não depende de Suas criaturas, tampouco sacrifica Ele os princípios justos por causa de sentimentalismo.
Jeová também mostrou amor ao conceder ao seu primeiro criado Filho espiritual o privilégio de participar com Ele em todas as demais obras criativas, tanto espirituais como materiais, fazendo generosamente com que este fato se tornasse conhecido, com a honra resultante para seu Filho. (Gên 1:26; Col 1:15-17) Assim, não receou tibiamente a possibilidade duma competição, mas, antes, demonstrou inteira confiança em sua própria Soberania legítima (Êx 15:11), bem como na lealdade e devoção de seu Filho. Ele permite que seus filhos espirituais gozem de liberdade relativa ao se desincumbirem de seus deveres, vez por outra até mesmo permitindo que dêem suas opiniões sobre de que modo poderiam cumprir determinadas tarefas. — 1Rs 22:19-22.

   Conforme indicado pelo apóstolo Paulo, as qualidades invisíveis de Jeová são também reveladas na sua criação material. (Ro 1:19, 20) Seu vasto poder está assombrosamente além da imaginação, enormes galáxias de bilhões de estrelas sendo apenas ‘o trabalho de seus dedos’ (Sal 8:1, 3, 4; 19:1), e a riqueza da Sua sabedoria é tamanha, que mesmo depois de milhares de anos de pesquisas e de estudos, o entendimento que os homens possuem da criação física é apenas um “sussurro” comparado com o poderoso trovão. (Jó 26:14; Sal 92:5; Ec 3:11) A atividade criativa de Jeová em relação ao planeta Terra foi assinalada pela ordem lógica, seguindo um programa definido (Gên 1:2-31), tornando a terra — como astronautas no nosso século 20 a chamaram — uma jóia no espaço.
    Conforme revelado ao homem no Éden. Como que espécie de pessoa revelou-se Jeová aos primeiros filhos humanos? Certamente, Adão, na sua perfeição, teria de concordar com as palavras posteriores do salmista: “Elogiar-te-ei porque fui feito maravilhosamente, dum modo atemorizante. Teus trabalhos são maravilhosos, de que minha alma está bem apercebida.” (Sal 139:14) À base do seu próprio corpo — notavelmente versátil entre as criaturas terrestres — e das coisas que via em volta dele, o homem tinha todos os motivos para sentir reverência pelo seu Criador. Toda nova ave, animal e peixe; toda planta, flor e árvore diferente; e todo campo, floresta, morro, vale e rio, que o homem visse, incutiriam nele a profundeza e a amplitude da sabedoria e da riqueza da personalidade de Jeová, conforme refletida na grande variedade das suas obras criativas. (Gên 2:7-9; compare isso com Sal 104:8-24.) Todos os sentidos do homem — a visão, a audição, o paladar, o olfato e o tato — comunicariam à sua mente receptiva a evidência de haver um Criador muito generoso e atencioso.

   Tampouco foram esquecidas as necessidades intelectuais de Adão, sua necessidade de conversação e companheirismo, pois o seu Pai forneceu-lhe um par feminino inteligente. (Gên 2:18-23) Ambos poderiam ter cantado a Jeová assim como fez o salmista: “Alegria até a fartura está com a tua face; na tua direita há o agradável, para sempre.” (Sal 16:8, 11) Tendo sido o alvo de tanto amor, Adão e Eva certamente deviam ter sabido que “Deus é amor”, a fonte e o supremo exemplo de amor. — 1Jo 4:16, 19.
    O que era mais importante, Jeová Deus satisfez as necessidades espirituais do homem. O Pai de Adão revelou-se a este primeiro filho humano, comunicando-se com ele, dando-lhe tarefas a fazer, cujo desempenho obediente constituiria uma parte importante da adoração prestada pelo homem. — Gên 1:27-30; 2:15-17; compare isso com Am 4:13.
    Deus de normas de moral. O homem chegou logo cedo a conhecer a Jeová não apenas como Provisor sábio e generoso, mas também como Deus de boa moral, que se apega a normas específicas do que é certo e do que é errado em conduta e prática. Se Adão, conforme indicado, conhecia o relato da criação, então ele sabia também que Jeová tinha normas divinas, porque o relato diz a respeito das Suas obras criativas que Jeová viu que ‘tudo era muito bom’, portanto, satisfazia a sua norma perfeita. — Gên 1:3, 4, 12, 25, 31; compare isso com De 32:3, 4.
Sem normas, não haveria maneira de determinar ou julgar o que é bom e o que é mau, ou de medir ou reconhecer graus de precisão e de excelência. Neste respeito, são esclarecedoras as seguintes observações da Encyclopædia Britannica (Enciclopédia Britânica; 1959, Vol. 21, pp. 306, 307):
“As realizações do homem [em estabelecer normas, ou padrões] . . . são insignificantes em comparação com as normas existentes na natureza. As constelações, as órbitas dos planetas, as imutáveis propriedades normais de condutividade, ductilidade, elasticidade, resistência, permeabilidade, refratividade, força ou viscosidade dos materiais da natureza, . . . ou a estrutura das células, são uns poucos exemplos da espantosa padronização na natureza.”
Mostrando a importância de tal padronização na criação material, a mesma obra diz: “Somente pela padronização encontrada na natureza é possível reconhecer e classificar . . . as muitas espécies de plantas, peixes, aves ou animais. Dentro destas espécies, os indivíduos se parecem nos mínimos detalhes de estrutura, função e hábitos peculiares a cada uma. [Veja Gên 1:11, 12, 21, 24, 25.] Se não houvesse tal padronização no corpo humano, os médicos não saberiam se determinada pessoa possuía certos órgãos, onde procurá-los . . . De fato, sem os padrões da natureza não haveria sociedade organizada, nem educação, nem médicos; cada uma destas coisas depende das similaridades básicas e comparáveis.”
    Adão viu grande estabilidade nas obras criativas de Jeová, o ciclo regular de dia e noite, o fluxo descendente constante da água no rio do Éden, em função da força da gravidade, e inúmeras outras coisas que forneciam prova de que o Criador da Terra não é Deus de confusão, mas de ordem. (Gên 1:16-18; 2:10; Ec 1:5-7; Je 31:35, 36; 1Co 14:33) O homem certamente achou isso útil para cumprir com seu trabalho e atividades designados (Gên 1:28; 2:15), podendo planejar e trabalhar com confiança, livre de incerteza apreensiva.
    Em vista de tudo isto, não deveria parecer estranho ao homem inteligente que Jeová estabelecesse normas que governassem a conduta do homem e suas relações com o seu Criador. As próprias esplêndidas habilidades de Jeová davam a Adão o exemplo para cultivar e cuidar do Éden. (Gên 2:15; 1:31) Adão aprendeu também qual era a norma de Deus para o casamento, a monogamia, e para o relacionamento familiar. (Gên 2:24) Destacava-se especialmente como essencial para a própria vida a norma de obediência às instruções de Deus. Visto que Adão era humanamente perfeito, a obediência perfeita era a norma que Jeová estabeleceu para ele. Jeová deu ao seu filho terrestre a oportunidade de demonstrar amor e devoção pela obediência à Sua ordem de abster-se de comer de uma das muitas árvores frutíferas no Éden. (Gên 2:16, 17) Era algo simples. Mas a situação de Adão naquela época era simples, livre das complexidades e da confusão que se desenvolveram desde então. A sabedoria de Jeová nesta prova simples foi salientada pelas palavras de Jesus Cristo, cerca de 4.000 anos depois: “Quem é fiel no mínimo, é também fiel no muito, e quem é injusto no mínimo, é também injusto no muito.” — Lu 16:10.
Manter essa ordem e as normas estabelecidas não reduziriam o usufruto da vida pelo homem, mas contribuiriam para ele. Conforme observa sobre a criação material o já mencionado artigo de enciclopédia sobre padrões, ou normas: “Apesar desta sobrepujante evidência de padrões, ninguém acusa a natureza de monotonia. Embora uma faixa estreita de comprimentos de ondas espectrais constitua o alicerce, as variações e as combinações de cores para deleitar os olhos do observador virtualmente não têm limites. De modo similar, toda arte da música chega aos ouvidos por meio de outro pequeno grupo de freqüências.” (Vol. 21, p. 307) Semelhantemente, os requisitos de Deus para o casal humano concediam a este toda a liberdade que o coração justo poderia desejar. Não havia necessidade de cercá-los com uma infinidade de leis e regulamentos. O exemplo amoroso dado a eles pelo seu Criador, e seu respeito e seu amor por Ele, os protegeriam para que não ultrapassassem os limites justos da sua liberdade. — Veja 1Ti 1:9, 10; Ro 6:15-18; 13:8-10; 2Co 3:17.
    Portanto, Jeová Deus, pela sua própria Pessoa, por seus modos de agir e por suas palavras, era, e ainda é, a Suprema Norma para todo o universo, sendo a definição e a essência de toda a bondade. Por este motivo, seu Filho, quando na terra, podia dizer a certo homem: “Por que me chamas de bom? Ninguém é bom, exceto um só, Deus.” — Mr 10:17, 18; também Mt 19:17; 5:48.
Nome a Ser Santificado e Vindicado. Todas as coisas relacionadas com a pessoa de Deus são santas; seu nome pessoal, Jeová, é santo, e, por isso, deve ser santificado. (Le 22:32) Santificar significa “tornar santo, pôr à parte ou ter como sagrado”, e, portanto, não deve ser usado como algo comum ou ordinário. (Is 6:1-3; Lu 1:49; Re 4:8; veja SANTIFICAÇÃO.) Por causa da Pessoa que representa, o nome de Jeová é “grande e atemorizante” (Sal 99:3, 5), “majestoso” e “inalcançavelmente elevado” (Sal 8:1; 148:13), digno de ser considerado com espanto reverente (Is 29:23).
    Profanação do nome. As evidências indicam que o nome divino era considerado assim até que os eventos no jardim do Éden resultaram na sua profanação. A rebelião de Satanás pôs em dúvida o nome e a reputação de Deus. A Eva, ele alegou falar por Deus ao dizer-lhe o que “Deus sabe”, ao mesmo tempo lançando dúvida sobre a ordem de Deus, expressa a Adão, a respeito da árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau. (Gên 3:1-5) Por ter sido divinamente comissionado e por ser o cabeça terrestre por meio de quem Deus comunicava instruções para a família humana, Adão era o representante de Jeová na terra. (Gên 1:26, 28; 2:15-17; 1Co 11:3) Diz-se daqueles que servem nesta qualidade que ‘ministram em nome de Jeová’ e ‘falam em seu nome’. (De 18:5, 18, 19; Tg 5:10) Assim, embora sua esposa Eva já tivesse profanado o nome de Jeová pela sua desobediência, Adão fazer isso era um ato especialmente repreensível de desrespeito para com o nome que ele representava. — Veja 1Sa 15:22, 23.
    A questão suprema é de moral. É evidente que o filho espiritual que se tornou Satanás conhecia a Jeová como Deus de normas de moral, não como pessoa inconstante, errática. Se tivesse conhecido Jeová como Deus de acessos incontroláveis e violentos, ele só poderia ter esperado o extermínio imediato, na hora, pelo proceder que adotou. A questão suscitada por Satanás no Éden, portanto, não era uma simples prova da capacidade ou do poder de Jeová de destruir. Antes, era uma questão de moral: a do direito moral de Deus exercer a soberania universal, e de exigir implícita obediência e devoção de todas as Suas criaturas, em todos os lugares. A maneira de Satanás abordar Eva revela isso. (Gên 3:1-6) Do mesmo modo, o livro de Jó relata como Jeová revelou, perante todos os seus filhos angélicos reunidos, o alcance da atitude adotada por seu Adversário. Satanás alegou que a lealdade de Jó (e, por extensão, de qualquer das criaturas inteligentes de Deus) a Jeová não era de todo o coração, que não se baseava em verdadeira devoção e genuíno amor. — Jó 1:6-22; 2:1-8.
    Assim, a questão da integridade por parte das criaturas inteligentes de Deus era secundária, ou subsidiária, surgindo da questão primária do direito de Deus à soberania universal. Estas questões levariam tempo para que se pudesse demonstrar a veracidade ou falsidade das acusações, provar a atitude de coração das criaturas de Deus, e, portanto, resolver esta questão além de qualquer dúvida. (Veja Jó 23:10; 31:5, 6; Ec 8:11-13; He 5:7-9; verifique INIQÜIDADE; INTEGRIDADE.) De modo que Jeová não executou imediatamente o rebelde casal humano, nem o filho espiritual que levantou a questão, e assim viriam à existência os dois preditos ‘descendentes [lit.: sementes]’, representando lados opostos da questão. — Gên 3:15.
Que esta questão ainda estava acesa quando Jesus Cristo estava na terra se vê do seu confronto com Satanás no ermo, após os 40 dias de jejum de Jesus. As táticas astuciosas empregadas pelo Adversário de Jeová no seu empenho de tentar o Filho de Deus seguiram o modelo visto no Éden, uns 4.000 anos antes, e a oferta de Satanás, do domínio sobre os reinos terrestres, tornava claro que a questão da soberania universal não havia mudado. (Mt 4:1-10) O livro de Revelação mostra a continuidade desta questão até o tempo em que Jeová Deus declarar o caso encerrado (veja Sal 74:10, 22, 23) e executar o julgamento justo em todos os opositores, por seu Reinado justo trazer a plena vindicação e santificação do Seu santo nome. — Re 11:17, 18; 12:17; 14:6, 7; 15:3, 4; 19:1-3, 11-21; 20:1-10, 14.
    Por que é a santificação do nome de Deus de importância primária?
O inteiro relato bíblico gira em torno desta questão e da sua solução, e manifesta o propósito primário de Jeová Deus: a santificação do seu próprio nome. Esta santificação exige limpar o nome de Deus de todo o vitupério e de todas as acusações falsas, isto é, a sua vindicação. No entanto, muito mais do que isso, exige que o nome seja honrado como sagrado por todas as criaturas inteligentes no céu e na terra. Isto, por sua vez, significa reconhecerem e respeitarem a posição soberana de Jeová, de modo voluntário, com o desejo de servi-lo, deleitando-se em fazer a vontade divina por amor a Ele. A oração de Davi a Jeová, no Salmo 40:5-10, expressa bem esta atitude e a verdadeira santificação do nome de Jeová. (Note a aplicação a Cristo Jesus que o apóstolo faz de trechos deste salmo em He 10:5-10.)
    Portanto, da santificação do nome de Jeová dependem a boa ordem, a paz e o bem-estar de todo o universo e seus habitantes. O Filho de Deus mostrou isto, ao mesmo tempo indicando o meio de Jeová realizar seu propósito, quando ensinou a seus discípulos que orassem a Deus: “Santificado seja o teu nome. Venha o teu reino. Realize-se a tua vontade, como no céu, assim também na terra.” (Mt 6:9, 10) Este propósito primário de Jeová fornece a chave para se entender o motivo por trás das ações de Deus e seus tratos com Suas criaturas, conforme delineados na Bíblia inteira.
Assim, verificamos que a nação de Israel, cuja história constitui grande parte do registro da Bíblia, foi escolhida para ser um ‘povo para o nome’ de Jeová. (De 28:9, 10; 2Cr 7:14; Is 43:1, 3, 6, 7) O pacto da Lei de Jeová, feito com eles, atribuía importância primária a que dessem devoção exclusiva a Jeová como Deus, e não tomassem seu Nome de modo fútil, “pois Jeová não deixará impune aquele que tomar seu nome dum modo fútil”. (Êx 20:1-7; compare isso com Le 19:12; 24:10-23.) Pela demonstração de seu poder de salvar, e de seu poder de destruir, ao libertar Israel do Egito, o nome de Jeová foi “declarado em toda a terra”, a sua fama precedendo Israel em sua marcha para a Terra da Promessa. (Êx 9:15, 16; 15:1-3, 11-17; 2Sa 7:23; Je 32:20, 21) Como o expressou o profeta Isaías: “Assim conduziste o teu povo, a fim de fazer para ti mesmo um belo nome.” (Is 63:11-14) Quando Israel mostrou uma atitude rebelde no ermo, Jeová lidou misericordiosamente com ele e não o abandonou. Outrossim, Ele revelou seu motivo básico, ao dizer: “Eu prossegui, agindo em prol do meu próprio nome, para que não fosse profanado perante os olhos das nações.” — Ez 20:8-10.
    Em toda a história daquela nação, Jeová a manteve cônscia da importância do Seu nome sagrado. A capital, Jerusalém, com seu monte Sião, era o lugar que Jeová escolheu “para nele colocar seu nome, para fazê-lo residir ali”. (De 12:5, 11; 14:24, 25; Is 18:7; Je 3:17) O templo construído naquela cidade era a ‘casa para o nome de Jeová’. (1Cr 29:13-16; 1Rs 8:15-21, 41-43) O que era feito naquele templo, ou naquela cidade, para o bem ou para o mal, inevitavelmente refletia no nome de Jeová, e merecia a Sua atenção. (1Rs 8:29; 9:3; 2Rs 21:4-7) A profanação do nome de Jeová ali resultaria na destruição certa da cidade e levaria à rejeição do próprio templo. (1Rs 9:6-8; Je 25:29; 7:8-15; compare isso com as ações e as palavras de Jesus em Mt 21:12, 13; 23:38.) Devido a estes fatos, as petições suplicantes de Jeremias e de Daniel, a favor do povo e da cidade deles, imploravam a Jeová que concedesse misericórdia e ajuda ‘por causa do Seu próprio nome’. — Je 14:9; Da 9:15-19.
    Ao predizer a restauração dos do povo que levava Seu nome a Judá, e a purificação deles, Jeová de novo lhes tornou claro qual era Sua principal preocupação, afirmando: “E eu me compadecerei do meu santo nome.” “‘Não é por vós que faço isso, ó casa de Israel, mas por meu santo nome que tendes profanado entre as nações nas quais entrastes.’ ‘E hei de santificar meu grande nome que tem sido profanado . . .; e as nações terão de saber que eu sou Jeová’, é a pronunciação do Soberano Senhor Jeová, ‘quando eu for santificado entre vós diante dos seus olhos’.” — Ez 36:20-27, 32.
    Estes e outros textos mostram que Jeová não exagera a importância da humanidade. Sendo todos os homens pecadores, eles são, com justiça, dignos de morte, e é somente pela benignidade imerecida e pela misericórdia de Deus que alguns ganharão a vida. (Ro 5:12, 21; 1Jo 4:9, 10) Jeová nada deve à humanidade, e a vida eterna para os que a obtiverem será uma dádiva, e não algo que mereçam ganhar. (Ro 5:15; 6:23; Tit 3:4, 5) Na verdade, Ele tem demonstrado inigualável amor para com o gênero humano. (Jo 3:16; Ro 5:7, 8) Mas, é contrário aos fatos bíblicos e coloca os assuntos na perspectiva errada considerar a salvação humana como a questão mais importante ou o critério por meio do qual se possa medir a justiça, a retidão e a santidade de Deus. O salmista expressou a verdadeira perspectiva dos assuntos quando, de forma humilde e com admiração, exclamou: “Ó Jeová, nosso Senhor, quão majestoso é o teu nome em toda a terra, tu, cuja dignidade é narrada acima dos céus! . . . Quando vejo os teus céus, trabalhos dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste, que é o homem mortal para que te lembres dele, e o filho do homem terreno para que tomes conta dele?” (Sal 8:1, 3, 4; 144:3; compare isso com Is 45:9; 64:8.) A santificação do nome de Jeová Deus significa corretamente mais do que a vida de toda a humanidade. Assim, como mostrou o Filho de Deus, o homem deve amar seu semelhante como a si próprio, mas tem de amar a Deus de todo o coração, mente, alma e força. (Mr 12:29-31) Isto significa amar a Jeová Deus mais do que a parentes, amigos ou a própria vida. — De 13:6-10; Re 12:11; compare isso com a atitude dos três hebreus, em Da 3:16-18;

Este conceito bíblico dos assuntos não deve afugentar as pessoas, mas, antes, deve fazer com que apreciem ainda mais o verdadeiro Deus. Visto que Jeová poderia, com plena justiça, acabar com toda a humanidade pecadora, isto exalta ainda mais a grandeza de Sua misericórdia e benignidade imerecida em salvar alguns dentre a humanidade para a vida. (Jo 3:36) Ele não tem nenhum prazer na morte dos iníquos (Ez 18:23, 32; 33:11); todavia, tampouco permite que os iníquos escapem da execução de Seu julgamento. (Am 9:2-4; Ro 2:2-9) Ele é paciente e longânime, visando a salvação dos obedientes (2Pe 3:8-10), todavia, não tolerará para sempre uma situação que traz vitupério ao seu sublime nome. (Sal 74:10, 22, 23; Is 65:6, 7; 2Pe 2:3) Ele mostra compaixão e compreensão para com as fraquezas humanas, perdoando “amplamente” os arrependidos (Sal 103:10-14; 130:3, 4; Is 55:6, 7), mas não exime as pessoas das responsabilidades que legitimamente levam por causa das suas ações, e dos efeitos que tais ações exercem sobre elas mesmas e sua família. Ceifam aquilo que semeiam. (De 30:19, 20; Gál 6:5, 7, 8) Assim, Jeová demonstra um belo e perfeito equilíbrio entre a justiça e a misericórdia. Os que têm a perspectiva correta dos assuntos, segundo revelada na Sua Palavra (Is 55:8, 9; Ez 18:25, 29-31), não cometerão o grave erro de considerar frivolamente a Sua benignidade imerecida, ou de ‘desacertar Seu propósito’. — 2Co 6:1; He 10:26-31; 12:29.
    Imutável em Qualidades e Normas. Conforme Jeová disse ao povo de Israel: “Eu sou Jeová; não mudei.” (Mal 3:6) Isto aconteceu cerca de 3.500 anos depois de Deus ter criado a humanidade, e uns 1.500 anos desde que Deus celebrara o pacto abraâmico. Ao passo que alguns alegam que o Deus revelado nas Escrituras Hebraicas difere do Deus revelado por Jesus Cristo e pelos escritores das Escrituras Gregas Cristãs, um exame revela que esta alegação carece totalmente de base. Sobre Deus, o discípulo Tiago disse corretamente: “Com [ele] não há variação da virada da sombra.” (Tg 1:17) Não houve nenhum ‘abrandamento’ da personalidade de Jeová Deus com o passar dos séculos, pois não era necessário tal abrandamento. Sua severidade, conforme revelada nas Escrituras Gregas Cristãs, não é menor, nem é seu amor maior, do que o eram no início dos seus tratos com a humanidade no Éden.
As aparentes diferenças de personalidade são, em realidade, simples aspectos diferentes da mesma personalidade imutável. Resultam das diferentes circunstâncias e pessoas com que ele lidava, o que exigia diferentes atitudes ou relacionamentos. (Veja Is 59:1-4.) Não foi Jeová quem mudou, e sim Adão e Eva; eles se colocaram numa posição em que os justos padrões mutáveis de Jeová não mais permitiram lidar com eles como membros de Sua amada família universal. Sendo perfeitos, eram plenamente responsáveis por seu erro deliberado (Ro 5:14), e, assim sendo, estavam além dos limites da misericórdia divina, embora Jeová lhes mostrasse benignidade imerecida ao provê-los inicialmente de roupas e ao lhes permitir viver por séculos fora do santuário do Éden e ter descendentes, antes de finalmente morrerem devido aos efeitos de seu próprio proceder pecaminoso. (Gên 3:8-24) Depois de serem expulsos do Éden, pelo que parece, cessou toda comunicação divina com Adão e sua esposa.
Por que ele pode lidar com humanos imperfeitos. As normas justas de Jeová lhe permitiam lidar com a descendência de Adão e Eva duma forma diferente daquela com que lidou com estes pais dela. Por quê? Pelo motivo de que os descendentes de Adão herdaram o pecado, e, assim, iniciaram involuntariamente a vida como criaturas imperfeitas, com uma inerente inclinação para o erro. (Sal 51:5; Ro 5:12) Assim, havia base para que se tivesse misericórdia com eles. A primeira profecia de Jeová (Gên 3:15), feita na ocasião em que expressou o julgamento no Éden, mostrou que a rebelião de seus primeiros filhos humanos (bem como a de um de seus filhos espirituais) não amargurara a Jeová, nem fizera cessar seu amor. Esta profecia indicava, em termos simbólicos, o endireitamento da situação produzida pela rebelião, e uma restauração das condições à sua perfeição original, revelando-se seu pleno significado milênios depois. — Veja os simbolismos de “serpente”, “mulher”, e “descendente” ou “semente”, em Re 12:9, 17; Gál 3:16, 29; 4:26, 27.
Os descendentes de Adão têm tido permissão de continuar na terra por milhares de anos, embora imperfeitos e moribundos, jamais conseguindo libertar-se das garras mortíferas do pecado. O apóstolo cristão Paulo explicou o motivo de Jeová permitir isto, dizendo: “Porque a criação estava sujeita à futilidade, não de sua própria vontade, mas por intermédio daquele que a sujeitou [isto é, Jeová Deus], à base da esperança de que a própria criação também será liberta da escravização à corrupção e terá a liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Pois sabemos que toda a criação junta persiste em gemer e junta está em dores até agora.” (Ro 8:20-22)

Nada indica que Jeová tenha preferido utilizar seus poderes de discernimento para prever o desvio do casal original. No entanto, uma vez ocorrido, Jeová predeterminou os meios para corrigir esta situação errada. (Ef 1:9-11) Este segredo sagrado, originalmente encerrado na profecia simbólica no Éden, foi, por fim, plenamente revelado no Filho unigênito de Jeová, enviado à terra para que pudesse “dar testemunho da verdade”, e para que, “pela benignidade imerecida de Deus, provasse a morte por todo homem”. — Jo 18:37; He 2:9;
Por conseguinte, lidar Deus com certos descendentes do pecador Adão e abençoá-los não indicava nenhuma mudança nas normas de perfeita justiça de Jeová. Ele não estava com isso aprovando o estado pecaminoso deles. Uma vez que seus propósitos têm cumprimento absolutamente certo, Jeová “chama as coisas que não são como se fossem” (como chamar Abrão de “Abraão”, que significa “Pai Duma Multidão”, enquanto ele ainda não tinha filhos). (Ro 4:17) Sabendo que, no seu devido tempo (Gál 4:4), ele proveria um resgate, o meio legal para perdoar o pecado e remover a imperfeição (Is 53:11, 12; Mt 20:28; 1Pe 2:24), Jeová podia, de forma coerente, lidar com homens imperfeitos, herdeiros do pecado, e usá-los no Seu serviço. Isto se dava porque Ele possuía uma base justa para ‘contá-los’, ou considerá-los, como pessoas justas, devido à sua fé nas promessas de Jeová, e, por fim, no cumprimento destas promessas em Cristo Jesus como o perfeito sacrifício pelos pecados. (Tg 2:23; Ro 4:20-25) Assim, a provisão, feita por Jeová, do arranjo do resgate e de seus benefícios, fornece notável testemunho, não só do amor e da misericórdia de Jeová, mas também da sua fidelidade a suas elevadas normas de justiça, pois, por meio do arranjo do resgate, ele demonstra “sua própria justiça nesta época atual, para que fosse justo, mesmo ao declarar justo o homem [embora imperfeito] que tem fé em Jesus”. — Ro 3:21-26; compare isso com Is 42:21; veja DECLARAR JUSTO.
    Por que o ‘Deus de paz’ luta. A declaração de Jeová, no Éden, de que poria inimizade entre o descendente (ou semente) de seu Adversário e o descendente (ou semente) da “mulher” não fez com que deixasse de ser o ‘Deus de paz’. (Gên 3:15; Ro 16:20; 1Co 14:33) A situação, naquela época, era a mesma que nos dias da vida terrestre do seu Filho, Jesus Cristo, o qual, depois de referir-se à sua união com o seu Pai celeste, disse: “Não penseis que vim estabelecer paz na terra; vim estabelecer, não a paz, mas a espada.” (Mt 10:32-40) O ministério de Jesus trouxe divisões, até mesmo no seio das famílias (Lu 12:51-53), mas isto se dava por causa da sua aderência aos justos padrões e à verdade de Deus, bem como sua proclamação deles. As divisões resultaram porque muitos endureceram o coração contra essas verdades, ao passo que outros as aceitaram. (Jo 8:40, 44-47; 15:22-25; 17:14) Isto era inevitável, se os princípios divinos haviam de ser sustentados; mas a culpa recaía sobre os que rejeitavam o que era correto.
Assim, também, predisse-se que surgiria inimizade, porque as normas perfeitas de Deus não permitiriam nenhuma tolerância do proceder rebelde do “descendente [ou: semente]” de Satanás. A desaprovação de tais rebeldes, por parte de Deus, e Sua bênção sobre aqueles que se apegassem a um proceder justo, teria um efeito divisório (Jo 15:18-21; Tg 4:4), assim como se deu no caso de Caim e Abel. — Gên 4:2-8; He 11:4; 1Jo 3:12; Ju 10, 11; veja CAIM, I.
O proceder rebelde escolhido por homens e por anjos iníquos constituía um desafio à legítima soberania de Jeová e à boa ordem de todo o universo. Aceitar tal desafio exigiu que Jeová se tornasse “pessoa varonil de guerra” (Êx 15:3-7), defendendo seu próprio bom nome e suas normas justas, lutando em favor daqueles que o amam e servem e executando o julgamento naqueles que merecem a destruição. (1Sa 17:45; 2Cr 14:11; Is 30:27-31; 42:13) Ele não hesita em usar sua onipotência, às vezes de forma devastadora, como no Dilúvio, na destruição de Sodoma e Gomorra, e na libertação de Israel do Egito. (De 7:9, 10) E ele não receia tornar conhecidos quaisquer pormenores da sua guerra justa; não oferece desculpas, pois não tem nada de que se envergonhar. (Jó 34:10-15; 36:22-24; 37:23, 24; 40:1-8; Ro 3:4) O respeito que tem por seu próprio nome, e pela justiça que este representa, bem como seu amor por aqueles que o amam, compelem-no a agir. — Is 48:11; 57:21; 59:15-19; Re 16:5-7.
    As Escrituras Gregas Cristãs apresentam o mesmo quadro. O apóstolo Paulo incentivou os concristãos, dizendo: “O Deus que dá paz . . . esmagará em breve a Satanás debaixo dos vossos pés.” (Ro 16:20; compare isso com Gên 3:15.) Ele também mostrou a justeza de Deus retribuir com tribulação aos que causam tribulação aos seus servos, trazendo a destruição eterna de tais opositores. (2Te 1:6-9) Isto estava em harmonia com os ensinos do Filho de Deus, que não deixou nenhuma margem de dúvida quanto à determinação intransigente de seu Pai de forçosamente acabar com toda a iniqüidade e com os que a praticam. (Mt 13:30, 38-42; 21:42-44; 23:33; Lu 17:26-30; 19:27) O livro de Revelação está repleto de descrições de divinamente autorizadas ações de guerra. Tudo isto, porém, pela sabedoria de Jeová, em última análise, produz o estabelecimento de uma paz duradoura e universal, solidamente alicerçada na retidão e na justiça. — Is 9:6, 7; 2Pe 3:13.
    Os tratos com o Israel carnal e o espiritual. De modo similar, grande parte das diferenças no conteúdo entre as Escrituras Hebraicas e as Escrituras Gregas Cristãs ocorre porque as primeiras lidam principalmente com os tratos de Jeová com o Israel carnal, ao passo que as últimas, em grande parte, levam à sua maneira de lidar com o Israel espiritual, a congregação cristã, e a retratam. Assim, por um lado, temos uma nação cujos milhões de membros o são exclusivamente em virtude da descendência carnal, um conglomerado de bons e de maus. Por outro lado, temos uma nação espiritual constituída por pessoas atraídas a Deus por meio de Jesus Cristo, pessoas que mostram amor à verdade e ao que é direito, e que pessoal e voluntariamente se dedicam a fazer a vontade de Jeová. É lógico que os tratos e as relações de Deus com estes dois grupos difeririam e que o primeiro grupo provocaria mais expressões da ira e da severidade de Jeová do que o segundo grupo.
No entanto, seria um grave erro não notar a edificante e confortadora percepção da personalidade de Deus provida pelos Seus tratos com o Israel carnal. Estes oferecem primorosos exemplos que provam que Jeová é o tipo de Pessoa que ele mesmo descreveu a Moisés: “Jeová, Jeová, Deus misericordioso e clemente, vagaroso em irar-se e abundante em benevolência e em verdade, preservando a benevolência para com milhares, perdoando o erro, e a transgressão, e o pecado, mas de modo algum isentará da punição, trazendo punição pelo erro dos pais sobre os filhos e sobre os netos, sobre a terceira geração e sobre a quarta geração.” — Êx 34:4-7; compare isso com Êx 20:5.
    Embora equilibradas pela justiça, as facetas notáveis da personalidade de Jeová são na realidade seu amor, sua paciência e sua longanimidade, conforme reveladas na história de Israel, povo altamente favorecido o qual, na maioria, mostrou ser notavelmente “de dura cerviz” e de “coração duro” para com o Criador. (Êx 34:8, 9; Ne 9:16, 17; Je 7:21-26; Ez 3:7) As repetidas fortes denúncias e condenações de Israel por parte de Jeová, por meio dos seus profetas, só serviram para enfatizar a grandiosidade da Sua misericórdia e da espantosa amplidão da Sua longanimidade. Depois de suportá-los por mais de 1.500 anos, e mesmo depois de Seu próprio Filho ter sido morto às instigações dos líderes religiosos da nação, Jeová continuou a favorecê-los por mais três anos e meio, misericordiosamente providenciando que a pregação das boas novas se restringisse a eles, dando-lhes assim uma oportunidade adicional de obter o privilégio de reinar com Seu Filho — oportunidade aceita por milhares de arrependidos. — At 2:1-5, 14-41; 10:24-28, 34-48.

   Jesus Cristo evidentemente se referiu à já citada declaração de Jeová, de ‘trazer punição aos descendentes posteriores dos ofensores’, quando disse aos escribas e fariseus hipócritas: “Dizeis: ‘Se nós estivéssemos nos dias de nossos antepassados, não seríamos parceiros deles no sangue dos profetas.’ Portanto dais testemunho contra vós mesmos de que sois filhos daqueles que assassinaram os profetas. Pois bem, enchei a medida de vossos antepassados.” (Mt 23:29-32) Apesar de suas pretensões, tais pessoas demonstravam pelo seu proceder que aprovavam as ações erradas de seus antepassados, e provavam que elas mesmas continuavam entre ‘os que odiavam a Jeová’. (Êx 20:5; Mt 23:33-36; Jo 15:23, 24) Assim, diferente dos judeus que se arrependeram e acataram as palavras do Filho de Deus, elas sofreram o efeito cumulativo do julgamento de Deus, anos depois, quando Jerusalém foi cercada e destruída, e a maior parte da sua população morreu. Poderiam ter escapado, mas preferiram não se valer da misericórdia de Jeová. — Lu 21:20-24; compare isso com Da 9:10, 13-15.
    Sua personalidade é refletida no seu Filho. Em todos os sentidos, Jesus Cristo era um reflexo fiel da belíssima personalidade de seu Pai, Jeová Deus, em nome de quem ele veio. (Jo 1:18; Mt 21:9; Jo 12:12, 13; compare isso com Sal 118:26.) Jesus disse: “O Filho não pode fazer nem uma única coisa de sua própria iniciativa, mas somente o que ele observa o Pai fazer. Porque as coisas que Este faz, estas o Filho faz também da mesma maneira.” (Jo 5:19) Segue-se, portanto, que a benignidade e a compaixão, a brandura e a cordialidade, bem como o forte amor à justiça e o ódio à iniqüidade que Jesus demonstrava (He 1:8, 9), são todas qualidades que o Filho observara no seu Pai, Jeová Deus. — Compare Mt 9:35, 36, com Sal 23:1-6 e Is 40:10, 11; Mt 11:27-30 com Is 40:28-31 e  57:15, 16; Lu 15:11-24 com Sal 103:8-14; Lu 19:41-44 com Ez 18:31, 32; 33:11.
Todo aquele que ama a justiça e que lê as Escrituras inspiradas, e que verdadeiramente chega a “conhecer” com entendimento o pleno significado do nome de Jeová (Sal 9:9, 10; 91:14; Je 16:21), tem todo motivo, portanto, para amar e bendizer este nome (Sal 72:18-20; 119:132; He 6:10), para louvá-lo e exaltá-lo (Sal 7:17; Is 25:1; He 13:15), para temê-lo e santificá-lo (Ne 1:11; Mal 2:4-6; 3:16-18; Mt 6:9), para confiar nele (Sal 33:21; Pr 18:10), dizendo, junto com o salmista: “Vou cantar a Jeová durante a minha vida; vou entoar melodias ao meu Deus enquanto eu existir. Seja prazenteira a minha reflexão sobre ele. Eu, da minha parte, me alegrarei em Jeová. Dar-se-á cabo dos pecadores de cima da terra; e quanto aos iníquos, não mais existirão. Bendize a Jeová, ó minha alma. Louvai a Jah!” — Sal 104:33-35.



Um deus desconhecido.

Parte de uma inscrição num altar, vista pelo apóstolo Paulo quando esteve em Atenas. Os atenienses expressavam seu medo das deidades por construírem muitos templos e altares. Foram até mesmo a ponto de deificarem o abstrato, erigindo altares à Fama, à Modéstia, à Energia, à Persuasão e à Piedade. Talvez temendo que pudessem esquecer algum deus, e, por conseguinte, incorrer no desfavor dele, os homens de Atenas haviam erigido um altar inscrito com as palavras: “A um Deus Desconhecido.” Na abertura do seu discurso aos estóicos, aos epicureus e a outros reunidos no Areópago (Colina de Marte), Paulo jeitosamente dirigiu a atenção deles para esse altar, dizendo-lhes que era a respeito desse Deus, até então desconhecido a eles, que lhes pregava. — At 17:18, 19, 22-34.
 

Que existiam na Grécia altares desta natureza é comprovado pelos escritores gregos Filostrato (170?-245 EC) e Pausânias (segundo século EC). Pausânias menciona altares de “deuses chamados Desconhecidos”. (Description of Greece [Descrição da Grécia], Ática I, 4) Filostrato, na sua obra Life of Apollonius of Tyana (Vida de Apolônio de Tiana; VI, III), escreve: “É prova muito maior de sabedoria e sobriedade falar bem de todos os deuses, especialmente em Atenas, onde se erguem altares em honra até mesmo de deuses desconhecidos.”



Deus da Boa Sorte, deus do Destino
Na época de Isaías, os judeus apóstatas estavam envolvidos na adoração do “deus da Boa Sorte” (hebr.: gadh) e do “deus do Destino” (hebr.: mení). Os adoradores destas deidades punham diante delas uma mesa de alimentos e bebidas. Jeová disse a tais adoradores que ele os destinaria à matança pela espada. — Is 65:11, 12.
Os assírios e os babilônios freqüentemente preparavam alimentos e bebidas para os seus deuses. O povo de Harã fazia votos e esperava ser aceito pelo “Senhor da Sorte”. Jerônimo, no seu comentário sobre Isaías 65:11, escreveu que “em todas as cidades, e especialmente no Egito e em Alexandria, havia um antigo costume idólatra, que no último dia do último mês do seu ano eles punham uma mesa coberta de diversas espécies de alimentos, e um copo duma mistura de vinho doce, para assegurar a boa sorte da fertilidade quer do ano que passou, quer do próximo”. — Corpus Christianorum, Series Latina, LXXIII A, S. Hieronymi presbyteri opera, Pars. 1, 2A, Tyrnholt, 1963, p. 754.


Deus
Qualquer coisa adorada pode ser chamada de deus, visto que o adorador atribui a ela poder maior do que o seu próprio e a venera. Alguém pode até mesmo fazer de seu ventre um deus. (Ro 16:18; Fil 3:18, 19) A Bíblia faz menção de muitos deuses (Sal 86:8; 1Co 8:5, 6), mas ela mostra que os deuses das nações são deuses que nada valem. — Sal 96:5; veja DEUSES E DEUSAS.
Termos Hebraicos. Entre as palavras hebraicas traduzidas por “Deus” está ’El, provavelmente significando “Poderoso; Forte”. (Gên 14:18) Ela é usada com referência a Jeová, a outros deuses e a homens. É também usada extensivamente na composição de nomes próprios, tais como Eliseu (que significa “Deus É Salvação”) e Miguel (“Quem É Semelhante a Deus?”). Em alguns lugares, ’El aparece com o artigo definido (ha·’Él, literalmente: “o Deus”), com referência a Jeová, diferenciando-o assim de outros deuses. — Gên 46:3; 2Sa 22:31; veja apêndice na NM, p. 1507.
Em Isaías 9:6, Jesus Cristo é profeticamente chamado de ’El Gib·bóhr, “Deus Poderoso” (não ’El Shad·daí [Deus Todo-poderoso], que é aplicado a Jeová em Gênesis 17:1).
A forma plural, ’e·lím, é usada com referência a outros deuses, tal como em Êxodo 15:11 (“deuses”). É também usada como plural de majestade e excelência, como no Salmo 89:6: “Quem entre os filhos de Deus [bi·venéh ’E·lím] pode assemelhar-se a Jeová?” Que se usa a forma plural para denotar aqui uma única pessoa, e em numerosos outros lugares, é apoiado pela tradução de ’E·lím pela forma singular The·ós na Septuaginta grega; igualmente por Deus na Vulgata latina.
A palavra hebraica ’elo·hím (deuses) parece derivar duma raiz que significa “ser forte”. ’Elo·hím é o plural de ’elóh·ah (deus). Este plural, às vezes, refere-se a diversos deuses (Gên 31:30, 32; 35:2), com mais freqüência, porém, é usado como plural de majestade, dignidade ou excelência. ’Elo·hím é usado nas Escrituras com referência ao próprio Jeová, a anjos, a deuses-ídolos (singular e plural) e a homens.
Quando aplicado a Jeová, ’Elo·hím é usado como plural de majestade, dignidade ou excelência. (Gên 1:1) Sobre isso escreveu Aaron Ember: “Que a linguagem do A[ntigo] T[estamento] renunciou inteiramente à idéia de pluralidade em . . . [’Elo·hím] (conforme aplicado ao Deus de Israel) evidencia-se especialmente no fato de que é quase invariavelmente construído com um predicado verbal no singular e tem atributo adjetival singular. . . . [’Elo·hím] deve ser antes explicado como plural intensivo, denotando grandiosidade e majestade, igual a O Grande Deus.” — The American Journal of Semitic Languages and Literatures (A Revista Americana de Línguas e Literaturas Semíticas), Vol. XXI, 1905, p. 208.
O título ’Elo·hím traz à atenção a força de Jeová como Criador. Aparece 35 vezes sozinho no relato da criação, e toda vez o verbo que descreve o que ele disse e fez está no singular. (Gên 1:1-2:4) Nele reside a essência de forças infinitas.
No Salmo 8:5, os anjos também são chamados de ’elo·hím, segundo é confirmado pela citação desta passagem por Paulo, em Hebreus 2:6-8. São chamados de benéh ha·’Elo·hím, “filhos de Deus” (Al); “filhos do verdadeiro Deus” (NM), em Gênesis 6:2, 4; Jó 1:6; 2:1. O Lexicon in Veteris Testamenti Libros (Léxico dos Livros do Velho Testamento), de Koehler e Baumgartner (1958), página 134, diz: “seres divinos, deuses (individuais)”. E a página 51 diz: “os singulares deuses”, e menciona Gênesis 6:2; Jó 1:6; 2:1; 38:7. Por isso, no Salmo 8:5, ’elo·hím é vertido por “anjos” (LXX); “semelhantes a Deus” (NM).
A palavra ’elo·hím é também usada com referência a deuses-ídolos. Às vezes, esta forma plural significa simplesmente “deuses”. (Êx 12:12; 20:23) Outras vezes é o plural de excelência, e a referência é a um único deus (ou deusa). Todavia, é claramente evidente que esses deuses não eram trindades. — 1Sa 5:7b (Dagom); 1Rs 11:5 (a “deusa” Astorete); Da 1:2b (Marduque).
No Salmo 82:1, 6, ’elo·hím é usado referente a homens, juízes humanos, em Israel. Jesus citou este Salmo em João 10:34, 35. Eram deuses na sua qualidade de representantes e porta-vozes de Jeová. De modo similar, disse-se a Moisés que ele devia servir de “Deus” para Arão e para Faraó. — Êx 4:16 n.;  7:1.
Em muitos lugares nas Escrituras, ’Elo·hím é também encontrado precedido pelo artigo definido ha. (Gên 5:22) A respeito do uso de ha·’Elo·hím, F. Zorell diz: “Nas Escrituras Sagradas, especialmente o único verdadeiro Deus, Jahve, é chamado por esta palavra; . . . ‘Jahve é o [único verdadeiro] Deus’ De 4:35; 4:39; Jos 22:34; 2Sa 7:28; 1Rs 8:60 etc.” — Lexicon Hebraicum Veteris Testamenti (Léxico Hebraico do Velho Testamento), Roma, 1984, p. 54; os colchetes são dele.
O Termo Grego. O costumeiro equivalente grego de ’El e ’Elo·hím na tradução Septuaginta, e a palavra para “Deus” ou “deus” nas Escrituras Gregas Cristãs, é the·ós.
O Verdadeiro Deus Jeová. O verdadeiro Deus não é Deus sem nome. Seu nome é Jeová. (De 6:4; Sal 83:18) Ele é Deus em razão da sua qualidade de Criador. (Gên 1:1; Re 4:11) O verdadeiro Deus é real (Jo 7:28), é uma pessoa (At 3:19; He 9:24) e não é uma lei natural sem vida operando sem um legislador vivo, nem é uma força cega operando por meio duma série de acasos para desenvolver uma ou outra coisa. A edição de 1956 de The Encyclopedia Americana (A Enciclopédia Americana; Vol. XII, p. 743) comentava sob o verbete “Deus”: “No sentido cristão, muçulmano e judeu, o Ser Supremo, a Causa Primária, e em sentido geral, conforme é considerado atualmente em todo o mundo civilizado, um ser espiritual, auto-existente, eterno, e absolutamente livre e todo-poderoso, distinto da matéria que ele criou em muitas formas e que ele conserva e controla. Não parece ter havido nenhum período na história em que a humanidade tivesse estado sem alguma crença num autor e governante sobrenatural do universo.”
Prova da existência do “Deus vivente”. A existência de Deus é provada pela ordem, pelo poder e pela complexidade da criação, macroscópica e microscópica, e pelos Seus tratos com o seu povo no decorrer da história. Os cientistas aprendem muito pelo exame do que se poderia chamar de Livro da Criação Divina. Pode-se aprender dum livro somente quando seu autor investiu nele pensamentos e preparação inteligentes.
Em contraste com os deuses inanimados das nações, Jeová é “o Deus vivente”. (Je 10:10; 2Co 6:16) Em toda a parte há testemunho da sua atividade e da sua grandeza. “Os céus declaram a glória de Deus; e a expansão está contando o trabalho das suas mãos.” (Sal 19:1) Os homens não têm nenhum motivo ou desculpa para negar a existência de Deus, porque “aquilo que se pode saber sobre Deus é manifesto entre eles, porque Deus lho manifestou. Pois as suas qualidades invisíveis são claramente vistas desde a criação do mundo em diante, porque são percebidas por meio das coisas feitas, mesmo seu sempiterno poder e Divindade, de modo que eles são inescusáveis.” — Ro 1:18-20.
Jeová Deus é descrito na Bíblia como vivendo de tempo indefinido a tempo indefinido, para sempre (Sal 90:2, 4; Re 10:6), e como Rei da eternidade, incorruptível, invisível, o único Deus verdadeiro. (1Ti 1:17) Nunca houve outro deus antes dele. — Is 43:10, 11.
Infinito, mas acessível. O verdadeiro Deus é infinito e está além de ser plenamente compreendido pela mente do homem. A criatura nunca poderia esperar tornar-se igual ao seu Criador ou compreender como funciona a Sua mente. (Ro 11:33-36) Mas Ele pode ser encontrado e é acessível, e supre aos seus adoradores todo o necessário para o bem-estar e a felicidade deles. (At 17:26, 27; Sal 145:16) Ele está sempre no apogeu da sua capacidade e disposição de dar boas dádivas e presentes às suas criaturas, conforme está escrito: “Toda boa dádiva e todo presente perfeito vem de cima, pois desce do Pai das luzes celestiais, com quem não há variação da virada da sombra.” (Tg 1:17) Jeová sempre age no âmbito dos seus próprios arranjos justos, fazendo tudo em base legal. (Ro 3:4, 23-26) Por este motivo, todas as suas criaturas podem ter plena confiança nele, sabendo que ele sempre se apega aos princípios que estabelece. Ele não muda (Mal 3:6), e não há “variação” nele na aplicação dos seus princípios. Não há parcialidade da parte dele (De 10:17, 18; Ro 2:11), e é impossível que ele minta. — Núm 23:16, 19; Tit 1:1, 2; He 6:17, 18.
Seus atributos. O verdadeiro Deus não é onipresente, porque se fala dele como tendo localização. (1Rs 8:49; Jo 16:28; He 9:24) Seu trono está no céu. (Is 66:1) Ele é onipotente, sendo o Deus Todo-poderoso. (Gên 17:1; Re 16:14) “Todas as coisas estão nuas e abertamente expostas aos olhos” dele, e ele é “Aquele que desde o princípio conta o final”. (He 4:13; Is 46:10, 11; 1Sa 2:3) Seu poder e seu conhecimento se estendem a toda a parte, atingindo todo canto do universo. — 2Cr 16:9; Sal 139:7-12; Am 9:2-4.
O verdadeiro Deus é espírito, não carne (Jo 4:24; 2Co 3:17), embora ele às vezes compare seus atributos de visão, poder, e assim por diante, a faculdades humanas. De modo que fala figuradamente de seu “braço” (Êx 6:6), de seus “olhos” e de seus “ouvidos” (Sal 34:15), e indica que, visto ser o Criador dos olhos e dos ouvidos humanos, certamente pode ver e ouvir. — Sal 94:9.
Alguns dos atributos primários de Deus são amor (1Jo 4:8), sabedoria (Pr 2:6; Ro 11:33), justiça (De 32:4; Lu 18:7, 8) e poder (Jó 37:23; Lu 1:35). Ele é Deus de ordem e de paz. (1Co 14:33) É inteiramente santo, limpo e puro (Is 6:3; Hab 1:13; Re 4:8); feliz (1Ti 1:11) e misericordioso (Êx 34:6; Lu 6:36). As Escrituras descrevem muitas outras qualidades da sua personalidade.
Sua posição. Jeová é o Soberano Supremo do universo, o Rei eterno. (Sal 68:20; Da 4:25, 35; At 4:24; 1Ti 1:17) A posição de seu trono é de derradeira superioridade. (Ez 1:4-28; Da 4:9-14; Re 4:1-8) Ele é a Majestade (He 1:3; 8:1), o Deus Majestoso, o Majestoso. (1Sa 4:8; Is 33:21) Ele é a Fonte de toda a vida. — Jó 33:4; Sal 36:9; At 17:24, 25.
Sua justiça e glória. O verdadeiro Deus é Deus justo. (Sal 7:9) Ele é o Deus glorioso. (Sal 29:3; At 7:2) Sua eminência está acima de todos (De 33:26), estando ele revestido de alteza e de força (Sal 93:1; 68:34), e de dignidade e esplendor. (Sal 104:1; 1Cr 16:27; Jó 37:22; Sal 8:1) “Sua atuação é a própria dignidade e esplendor.” (Sal 111:3) Seu Reinado tem a glória do esplendor. — Sal 145:11, 12.
Seu propósito. Deus tem um propósito que ele executará e que não pode ser frustrado. (Is 46:10; 55:8-11) Seu propósito, conforme expresso em Efésios 1:9, 10, é “ajuntar novamente todas as coisas no Cristo, as coisas nos céus e as coisas na terra”. Por meio de Cristo, toda a criação inteligente será trazida à plena harmonia com Deus. (Veja Mt 6:9, 10.) Ninguém existiu antes de Jeová; portanto, ele precedeu a tudo. (Is 44:6) Sendo o Criador, existiu antes de quaisquer outros deuses, e ‘depois dele não haverá nenhum’, porque as nações nunca produzirão um deus real, vivo, capaz de profetizar. (Is 43:10; 46:9, 10) Sendo o Alfa e o Ômega (Re 22:13), ele é o único e exclusivo Deus Todo-poderoso; levará a um término bem-sucedido a questão da Divindade, sendo para sempre vindicado como único Deus Todo-poderoso. (Re 1:8; 21:5, 6) Ele nunca se esquece de seus propósitos ou pactos, nem os abandona, o que faz dele um Deus de confiança e lealdade. — Sal 105:8.
Um Deus comunicativo. Tendo grande amor às suas criaturas, Deus dá-lhes ampla oportunidade de conhecer a ele e seus propósitos. Sua própria voz foi ouvida em três ocasiões por homens na terra. (Mt 3:17; 17:5; Jo 12:28) Comunicou-se por meio de anjos (Lu 2:9-12; At 7:52, 53) e por meio de homens aos quais deu orientações e revelações, tais como Moisés, e especialmente por meio de seu Filho, Jesus Cristo. (He 1:1, 2; Re 1:1) Sua Palavra escrita é sua comunicação aos do seu povo, habilitando-os a estarem plenamente equipados como seus servos e ministros, e dirigindo-os no caminho da vida. — 2Pe 1:19-21; 2Ti 3:16, 17; Jo 17:3.
Contrastado com os deuses das nações. O verdadeiro Deus, o Criador dos gloriosos corpos celestes, tem glória e brilho além da capacidade de a vista humana suportar, porque “homem algum pode ver [a Deus] e continuar vivo”. (Êx 33:20) Somente os anjos, criaturas espirituais, têm visão capaz de observar a Sua face em sentido literal. (Mt 18:10; Lu 1:19) Não obstante, ele não expõe os homens a tal experiência. Em benevolência, habilita os homens a ver suas belas qualidades por meio da sua Palavra, inclusive a revelação de si mesmo por meio do seu Filho, Cristo Jesus. — Mt 11:27; Jo 1:18; 14:9.
Deus nos dá no livro de Revelação (Apocalipse) uma idéia do efeito da sua presença. O apóstolo João teve uma visão que era como que ver ele a Deus, no sentido de que ela revelou o efeito de se vê-lo no Seu trono. Deus não era como homem em aparência, porque nunca revelou alguma figura sua ao homem, conforme o próprio João disse mais tarde: “Nenhum homem jamais viu a Deus.” (Jo 1:18) Antes, mostrou-se que Deus era semelhante a gemas altamente polidas, preciosas, fulgurantes, belas, que atraem o olho e suscitam deleitada admiração. Era, “em aparência, semelhante à pedra de jaspe e a uma pedra preciosa de cor vermelha, e ao redor do trono [havia] um arco-íris, em aparência semelhante à esmeralda”. (Re 4:3) De modo que ele tem aparência linda e é agradável de se ver, causando enorme admiração. Em volta do seu trono há glória adicional e um ambiente de calma, serenidade; a aparência de um perfeito arco-íris de esmeralda indica isso, lembrando a agradável calma tranqüilizante após uma tormenta. — Veja Gên 9:12-16.
Portanto, quão diferente é o verdadeiro Deus dos deuses das nações, os quais freqüentemente são retratados como grotescos, irados, ferozes, implacáveis, impiedosos, excêntricos nos seus favores e desfavores, horrendos e perversos, e prontos para torturar criaturas terrestres em alguma espécie de inferno.
“Um Deus que exige devoção exclusiva.” “Embora haja os que se chamem ‘deuses’, quer no céu, quer na terra, assim como há muitos ‘deuses’ e muitos ‘senhores’, para nós há realmente um só Deus, o Pai.” (1Co 8:5, 6) Jeová é o Deus Todo-poderoso, o único Deus verdadeiro, e ele exige de direito devoção exclusiva. (Êx 20:5) Seus servos têm de manter fora ou excluir os outros do Seu devido lugar no coração e nas ações deles. Ele requer que seus adoradores o adorem com espírito e verdade. (Jo 4:24) Devem ter espanto reverente apenas diante dele. — Is 8:13; He 12:28, 29.
Na Bíblia, entre outros poderosos chamados de “deuses”, está Jesus Cristo, que é “o deus unigênito”. Mas ele mesmo disse claramente: “É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado.” (Jo 1:18; Lu 4:8; De 10:20) Os anjos são “os semelhantes a Deus”, mas um deles impediu que João o adorasse, dizendo: “Toma cuidado! Não faças isso! . . . Adora a Deus.” (Sal 8:5; He 2:7; Re 19:10) Homens poderosos entre os israelitas eram chamados de “deuses” (Sal 82:1-7); mas Deus não teve por propósito que algum homem fosse adorado. Quando Cornélio começou a prestar homenagem a Pedro, este apóstolo impediu-o com as palavras: “Levanta-te; eu mesmo também sou homem.” (At 10:25, 26) Decerto, os deuses falsos inventados e formados pelos homens no decorrer dos séculos, desde a rebelião no Éden, não devem ser adorados. A Lei mosaica adverte fortemente contra se desviar de Jeová para eles. (Êx 20:3-5) Jeová, o verdadeiro Deus, não tolerará para sempre a rivalidade de deuses falsos, sem valor. — Je 10:10, 11.
Depois do Reinado Milenar de Cristo, durante o qual ele reduzirá a nada toda autoridade e poder em oposição a Deus, ele entregará o Reino ao seu Deus e Pai, que se tornará então “todas as coisas para com todos”. (Ro 8:33; 1Co 15:23-28) Por fim, todos os viventes reconhecerão a soberania de Deus e louvarão seu nome continuamente. — Sal 150; Fil 2:9-11; Re 21:22-27;




Deuses e deusas
As deidades que têm sido e ainda são adoradas pelas nações são criações humanas, produtos de homens imperfeitos, “inanes”, que “transformaram a glória do Deus incorruptível em algo semelhante à imagem do homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de bichos rastejantes”. (Ro 1:21-23) Não surpreende, portanto, observarmos que tais deidades refletem as mesmas características e fraquezas de seus adoradores imperfeitos. Um termo hebraico usado para se referir a ídolos ou deuses falsos significa literalmente “coisas sem valor” ou “coisa inútil”. — Le 19:4; Is 2:20.
A Bíblia refere-se a Satanás, o Diabo, como “o deus deste sistema de coisas”. (2Co 4:4) Que Satanás é o “deus” mencionado aqui é claramente indicado mais adiante no versículo 4 , onde diz que este deus “tem cegado as mentes dos incrédulos”. Em Revelação (Apocalipse) 12:9, diz-se que ele “está desencaminhando toda a terra habitada”. O controle que Satanás exerce sobre o atual sistema de coisas, inclusive os governos deste, foi indicado quando ele ofereceu a Jesus “todos os reinos do mundo” em troca de “um ato de adoração”. — Mt 4:8, 9.
A adoração veneradora dos homens aos seus deuses-ídolos na realidade é dirigida “a demônios, e não a Deus”. (1Co 10:20; Sal 106:36, 37) Jeová Deus requer devoção exclusiva. (Is 42:8) Quem adora um deus-ídolo repudia o verdadeiro Deus e assim serve os interesses do principal Adversário de Jeová, Satanás, e seus demônios.
Embora a Bíblia mencione diversos deuses e deusas dos povos antigos, nem sempre é possível identificar especificamente tais deuses.
Origem de Deuses e Deusas. Dificilmente podem-se atribuir ao acaso as notáveis similaridades prontamente observáveis quando se comparam os deuses e as deusas dos povos antigos. Concernente a isto, J. Garnier escreveu: “Não apenas os egípcios, os caldeus, os fenícios, os gregos e os romanos, mas também os hindus, os budistas da China e do Tibete, os godos, os anglo-saxões, os druidas, os mexicanos e os peruanos, os aborígines da Austrália e até mesmo os selvagens das ilhas dos Mares do Sul, devem todos ter derivado suas idéias religiosas de uma fonte comum e de um centro comum. Em toda a parte deparamo-nos com as mais surpreendentes coincidências nos rituais, nas cerimônias, nos costumes, nas tradições, e nos nomes e nas relações de seus respectivos deuses e deusas.” — The Worship of the Dead (A Adoração dos Mortos), Londres, 1904, p. 3.
A evidência das Escrituras aponta para a terra de Sinear como o berço pós-diluviano dos conceitos religiosos falsos. Sem dúvida sob a direção de Ninrode, “poderoso caçador em oposição a Jeová”, começou a construção da cidade de Babel e da sua torre, provavelmente um zigurate a ser usado na adoração falsa. Empreendeu-se este projeto de construção, não para dar honra a Jeová Deus, mas para a autoglorificação dos construtores, que desejavam fazer para si mesmos um “nome célebre”. Também, era diametralmente oposto ao propósito de Deus, de que a humanidade se espalhasse sobre a terra. O Todo-poderoso frustrou os planos desses construtores por confundir a língua deles. Não mais podendo entender-se, gradualmente desistiram de construir a cidade e se dispersaram. (Gên 10:8-10; 11:2-9) No entanto, Ninrode aparentemente ficou em Babel e expandiu o seu domínio, fundando o primeiro Império Babilônico. — Gên 10:11, 12.
Quanto aos povos dispersos, para onde quer que tenham ido levaram junto a sua religião falsa, que seria praticada sob novos termos, na nova língua deles e em novos lugares. O povo foi disperso nos dias de Pelegue, que nasceu cerca de um século após o Dilúvio e morreu à idade de 239 anos. Visto que tanto Noé como seu filho Sem sobreviveram a Pelegue, a dispersão ocorreu numa época em que eram conhecidos os fatos a respeito de acontecimentos anteriores, tais como o Dilúvio. (Gên 9:28; 10:25; 11:10-19) Este conhecimento, sem dúvida, perdurava em alguma forma na memória do povo disperso. Isto é indicado pelo fato de que as mitologias dos antigos refletem várias partes do registro bíblico, porém, de forma distorcida e politeísta. As lendas descrevem certos deuses como matadores de serpentes; também, as religiões de muitos povos antigos incluíam a adoração de um deus colocado no papel de benfeitor, que sofre morte violenta na terra e é então trazido de volta à vida. Isto talvez sugira que tal deus era, na realidade, um humano deificado, erroneamente considerado como o ‘descendente [semente] prometido’. (Veja Gên 3:15.) Os mitos falam a respeito de casos amorosos entre deuses e mulheres terrenas, e dos feitos heróicos de sua descendência híbrida. (Veja Gên 6:1, 2, 4; Ju 6.) Dificilmente existe uma nação na terra que não tenha uma lenda a respeito dum dilúvio global, e, nas lendas da humanidade, são também encontrados vestígios do relato da construção da torre.
Deidades Babilônicas. Após a morte de Ninrode, os babilônios sem dúvida estavam propensos a tê-lo em alta estima qual fundador, construtor e primeiro rei da sua cidade, e como organizador do Império Babilônico original. Segundo a tradição, Ninrode sofreu morte violenta. Visto que o deus Marduque (Merodaque) era considerado como fundador de Babilônia, alguns têm sugerido que Marduque representa o deificado Ninrode. Todavia, as opiniões dos peritos divergem muito quanto à identificação de deidades com humanos específicos.
Com o passar do tempo, os deuses do primeiro Império Babilônico começaram a se multiplicar. O panteão veio a ter numerosas tríades de deuses, ou deidades. Uma de tais tríades era composta de Anu (o deus do céu), Enlil (o deus da terra, do ar e da tempestade) e Ea (o deus que presidia as águas). Outra tríade era composta do deus-lua, Sin, do deus-sol, Xamaxe, e da deusa de fertilidade, Istar, amante ou consorte de Tamuz.  Os babilônios tinham até mesmo tríades de demônios, tais como a tríade de Labartu, Labasu e Akhkhazu. A adoração de corpos celestiais tornou-se proeminente (Is 47:13), e diversos planetas vieram a ser associados a certas deidades. O planeta Júpiter foi identificado com o deus principal de Babilônia, Marduque; Vênus com Istar, deusa do amor e da fertilidade; Saturno com Ninurta, deus da guerra e da caça, e padroeiro da agricultura; Mercúrio com Nebo, deus da sabedoria e da agricultura; Marte com Nergal, deus da guerra e da pestilência, e senhor do além.
As cidades da antiga Babilônia passaram a ter as suas próprias divindades guardiãs especiais, algo parecido a “santos padroeiros”. Em Ur, era Sin; em Eridu, Ea; em Nipur, Enlil; em Cuta, Nergal; em Borsipa, Nebo, e na cidade de Babilônia, Marduque (Merodaque). Na época em que Hamurábi tornou Babilônia a capital do império babilônico, aumentou, naturalmente, a importância do deus favorito da cidade, Marduque. Por fim, Marduque recebeu os atributos de anteriores deuses e substituiu estes nos mitos babilônicos. Em períodos posteriores, seu nome próprio, “Marduque”, foi substituído pelo título “Belu” (“Dono”), de modo que finalmente passou a ser chamado de Bel. A esposa dele chamava-se Belit (“Senhora”, por excelência).
O quadro de deuses e deusas apresentado em antigos textos babilônicos apenas reflete o pecaminoso homem mortal. Estes relatos dizem que as divindades nasciam, amavam, geravam filhos, lutavam e até morriam, assim como Tamuz. Diz-se que elas, aterrorizadas pelo Dilúvio, ‘agacharam-se como cães’. As deidades são também retratadas como cobiçosas, freqüentemente comendo como glutões e bebendo a ponto de ficar embriagadas. Tinham gênio furioso, e eram vingativas e suspeitosas umas das outras. Havia entre elas ódios amargos. Para ilustrar isso: Tiamat, decidida a destruir os outros deuses, foi vencida por Marduque, que a partiu ao meio, formando com uma metade o céu e usando a outra metade com relação ao estabelecimento da terra. Eresquigal, deusa do além, mandou que Namtar, deus da pestilência, encarcerasse a irmã dela, Istar, e a afligisse com 60 misérias.
O acima fornece algumas indicações sobre o ambiente que o fiel Abraão deixou para trás quando partiu da cidade caldéia de Ur, que então estava mergulhada na idolatria babilônica. (Gên 11:31; 12:1; Jos 24:2, 14, 15) Séculos mais tarde, foi para Babilônia, “uma terra de imagens entalhadas” e de imundos “ídolos sórdidos”, que milhares de cativos judeus foram mandados. — Je 50:1, 2, 38; 2Rs cap. 25.
Deidades Assírias. Falando-se de modo geral, os deuses e as deusas assírios são idênticos às deidades babilônicas. No entanto, uma deidade, Assur, o deus principal, parece ter sido exclusivo do panteão assírio. Visto que a Assíria derivou seu nome de Assur, tem-se sugerido que este deus, na realidade, seja o filho de Sem, chamado Assur, deificado por praticantes da adoração falsa. — Gên 10:21, 22.
Dessemelhante do Marduque babilônico, que também era adorado na Assíria, mas cuja sede de adoração sempre permaneceu na cidade de Babilônia, a sede da adoração de Assur mudava conforme os reis da Assíria passavam a fixar residência oficial em outras cidades. Também, construíram-se santuários de Assur em diversos lugares da Assíria. Um estandarte militar era símbolo primário de Assur, e era levado para o grosso da batalha. O círculo ou disco alado, do qual freqüentemente emerge um homem barbudo, representava o deus Assur. Às vezes mostra-se a figura humana segurando um arco, ou no ato de atirar uma flecha. Outra representação de Assur sugere o conceito duma tríade. Além da figura central emergindo do círculo, mostram-se duas cabeças humanas por cima das asas, uma de cada lado da figura central.
Era entre tais assírios que exilados do reino setentrional das dez tribos se encontravam após a queda de Samaria em 740 AEC. (2Rs 17:1-6) Mais tarde, o profeta Naum predisse a queda de Nínive (capital da Assíria) e de seus deuses, destruição que ocorreu em 632 AEC. — Na 1:1, 14.
Deidades Egípcias. Os deuses e deusas adorados pelos egípcios evidenciam uma herança basicamente babilônica. Havia tríades de deidades e até mesmo tríades triplas, ou “enéades”. Uma das tríades populares consistia em Osíris, sua consorte Ísis e o filho deles, Hórus.
Osíris era o mais popular dos deuses egípcios e era considerado filho do deus-terra, Geb, e da deusa-céu, Nut. Dizia-se que Osíris tornou-se marido de Ísis e reinou sobre o Egito. Os relatos mitológicos contam que Osíris foi assassinado pelo seu irmão, Set, e então trazido à vida, tornando-se o juiz e o rei dos mortos. O relacionamento entre Osíris e Ísis, e as respectivas características deles, correspondem notavelmente ao relacionamento e às características dos babilônios Tamuz e Istar. Assim, muitos peritos acham que eles são os mesmos.
A adoração de mãe e filho era também muito popular no Egito. Ísis é muitas vezes retratada com o menino Hórus no colo. Esta figura é tão parecida com a da Madona (“Nossa Senhora”) e o filho, que certas pessoas na cristandade às vezes a têm venerado em ignorância. Com respeito ao deus Hórus, existe evidência da distorção da promessa edênica concernente ao descendente, ou semente, que havia de machucar a cabeça da serpente. (Gên 3:15) Hórus, às vezes, é retratado pisoteando crocodilos, e agarrando cobras e escorpiões. Segundo certo relato, quando Hórus passou a vingar a morte de seu pai Osíris, Set, que assassinara Osíris, transformou-se numa serpente.
Em esculturas e pinturas egípcias, o símbolo sagrado, a cruz ansada, aparece muitas vezes. Este chamado símbolo da vida assemelha-se à letra “T”, com uma asa oval na parte superior, e provavelmente representava os órgãos de reprodução masculino e feminino combinados. Muitas vezes as deidades egípcias são representadas segurando a cruz ansada.
Muitas eram as criaturas veneradas como sagradas pelos egípcios. Incluíam o abutre, o carneiro, o chacal, o crocodilo, o escaravelho, o escorpião, o falcão, o gato, o hipopótamo, o íbis, o leão, o lobo, a rã, a serpente, o touro e a vaca. Todavia, algumas delas eram sagradas em uma parte do Egito, mas não em outra, resultando isto, às vezes, até em irrompimento de guerras civis. Os animais não só eram sagrados para certos deuses, mas alguns deles eram até mesmo considerados como encarnação de um deus ou uma deusa. Por exemplo, o touro Ápis era considerado como a própria encarnação do deus Osíris, e também uma emanação do deus Ptá.
Segundo Heródoto (II, 65-67), quem matasse deliberadamente um animal sagrado era morto; se o animal fosse morto acidentalmente, os sacerdotes estipulavam uma multa. No entanto, quem matasse um íbis ou um gavião, quer intencionalmente quer não, era morto, usualmente às mãos duma turba enfurecida. Quando morria um gato, todos os da casa rapavam as sobrancelhas, ao passo que por ocasião da morte dum cão, rapavam o corpo inteiro. Animais sagrados eram mumificados e recebiam sepultamento suntuoso. Entre os animais mumificados foram encontrados o crocodilo, o falcão, o gato e o touro, para se mencionarem apenas alguns.
As narrativas mitológicas retratam as deidades egípcias com fraquezas e imperfeições humanas. Dizia-se delas que sentiam angústia e medo, e que repetidas vezes se viam em perigo. O deus Osíris foi morto. Hórus, na infância, supostamente sofria de dores internas, dores de cabeça e disenteria, e morreu duma picada de escorpião, mas diz-se que depois foi trazido de volta à vida. Cria-se que Ísis sofria dum abscesso no seio. Ensinava-se que, com o passar dos anos, a força do deus-sol Rá diminuía e que escorria saliva da sua boca. A própria vida dele estava em perigo depois de ter sido picado por uma serpente mágica, formada por Ísis, embora se restabelecesse em resultado de palavras mágicas de Ísis. Secmet, deusa que representava o poder destrutivo do sol, era representada como sanguinária. Ela se agradava tanto em matar homens, que se diz que Rá temia pelo futuro da raça humana. Para salvar a humanidade do extermínio, Rá distribuiu 7.000 jarros duma mistura de cerveja com romã sobre o campo de batalha. Pensando tratar-se de sangue humano, Secmet bebeu-a avidamente, até ficar embriagada demais para continuar com sua matança. Diz-se que Néftis embriagou seu irmão Osíris, marido da sua irmã Ísis, e depois teve relações sexuais com ele. Os deuses-sol Tem e Hórus eram retratados como masturbadores.
É interessante que, quando Faraó constituiu José em segundo governante da terra do Egito, José foi com isso elevado acima dos adoradores dos deuses falsos do Egito. — Gên 41:37-44.
As Dez Pragas. Por meio das pragas com as quais afligiu os egípcios, Jeová humilhou e executou julgamento nos deuses deles. (Êx 12:12; Núm 33:4 

A primeira praga, a transformação do Nilo e de todas as águas do Egito em sangue, causou desonra ao deus-Nilo, Hápi. A morte dos peixes no Nilo foi também um golpe contra a religião do Egito, pois certas espécies de peixes eram realmente veneradas e até mesmo mumificadas. (Êx 7:19-21) A rã, tida como símbolo da fertilidade e do conceito egípcio da ressurreição, era considerada sagrada para a deusa-rã, Heqt. Assim, a praga das rãs trouxe desonra a esta deusa. (Êx 8:5-14) A terceira praga resultou em os sacerdotes-magos reconhecerem a derrota, quando se viram incapazes de transformar o pó em borrachudos, por meio de suas artes secretas. (Êx 8:16-19) Atribuía-se ao deus Tot a invenção da magia ou das artes secretas, mas nem mesmo este deus pôde ajudar os sacerdotes-magos a imitar a terceira praga.
A linha de demarcação entre os egípcios e os adoradores do verdadeiro Deus veio a ficar nitidamente traçada da quarta praga em diante. Enquanto enxames de moscões invadiam os lares dos egípcios, os israelitas na terra de Gósen não foram atingidos. (Êx 8:23;  24) A praga seguinte, a pestilência no gado, humilhou deidades tais como a deusa-vaca, Hator, Ápis e a deusa-céu, Nut, imaginada como uma vaca, com as estrelas afixadas na sua barriga. (Êx 9:1-6) A praga dos furúnculos causou desonra aos deuses e às deusas considerados como possuindo habilidades curativas, tais como Tot, Ísis e Ptá. (Êx 9:8-11) A forte saraivada envergonhou os deuses considerados como tendo controle sobre os elementos naturais; por exemplo, Reshpu, o qual, pelo que parece, cria-se que controlava os raios, e Tot, do qual se dizia ter poder sobre a chuva e os trovões. (Êx 9:22-26) A praga dos gafanhotos significava uma derrota dos deuses que, segundo se pensava, garantiam abundante colheita, um destes sendo o deus da fertilidade, Min, o qual era encarado como protetor das colheitas. (Êx 10:12-15) Dentre as deidades desonradas pela praga da escuridão achavam-se os deuses-sol, tais como Rá e Hórus, e também Tot, o deus da lua, tido como o sistematizador do sol, da lua e das estrelas. — Êx 10:21-23.
A morte dos primogênitos resultou na maior humilhação para os deuses e as deusas egípcios. (Êx 12:12) Os governantes do Egito realmente chamavam a si mesmos de deuses, filhos de Rá ou Amom-Rá. Afirmava-se que Rá, ou Amom-Rá, tinha relações sexuais com a rainha. O filho nascido era, portanto, considerado como um deus encarnado e era dedicado a Rá, ou Amom-Rá, no seu templo. Assim, com efeito, a morte do primogênito de Faraó realmente significava a morte de um deus. (Êx 12:29) Isto já por si só teria sido um duro golpe na religião do Egito, e a completa incapacidade de todas as deidades se evidenciou em serem incapazes de salvar da morte os primogênitos dos egípcios.
Deidades Cananéias. Fontes extrabíblicas indicam que o deus El era considerado o criador e soberano. Embora El parece ter ficado um tanto afastado dos assuntos terrestres, ele é repetidas vezes mostrado como contatado por outras divindades com solicitações. El é retratado como filho rebelde que destronou e castrou seu próprio pai, e também como tirano sanguinário, assassino e adúltero. Nos textos de Ras Xamra, El é mencionado como “pai touro” e é representado com cabelo e barba grisalhos. Sua consorte era Axerá, mencionada como progenitora dos deuses, ao passo que El é colocado no papel de progenitor dos deuses.
O mais proeminente dos deuses cananeus, porém, era Baal, o deus da fertilidade, deidade do céu, da chuva e da tempestade. (Jz 2:12, 13) Nos textos de Ras Xamra, Baal muitas vezes é chamado de filho de Dagom, embora se fale também de El como seu pai. Anate, irmã de Baal, aparece como referindo-se a El como seu pai, e este, por sua vez, chama-a de sua filha. Assim, provavelmente, Baal era considerado filho de El, embora pudesse também ter sido encarado como neto de El. Nos relatos mitológicos, descreve-se a Baal como atacando e vencendo a Iam, deus que presidia às águas e que parece ter sido o filho favorito ou amado de El. Mas, Baal é morto na sua luta com Mot, encarado como um filho de El e deus da morte e da aridez. De modo que Canaã, tal qual Babilônia, tinha seu deus que sofrera morte violenta e fora depois trazido de volta à vida.

 Anate, Axerá e Astorete são as principais deusas mencionadas nos textos de Ras Xamra. Todavia, parece ter havido considerável coincidência nas funções dessas deusas. Na Síria, onde os textos de Ras Xamra foram achados, Anate talvez fosse considerada esposa de Baal, visto que ela, embora repetidas vezes mencionada como “donzela”, é apresentada como tendo relações sexuais com Baal. Em conexão com Baal, porém, o registro das Escrituras menciona apenas Astorete e o poste sagrado, ou Axerá. Assim, às vezes, Axerá, ou então Astorete, talvez fossem consideradas esposas de Baal. — Jz 2:13; 3:7; 10:6; 1Sa 7:4; 12:10; 1Rs 18:19;
As referências a Anate, nos textos de Ras Xamra, fornecem alguns indícios do conceito degenerado sobre as divindades que os cananeus, sem dúvida, compartilhavam com os sírios. Anate é descrita como a mais bonita das irmãs de Baal, mas como tendo um gênio extremamente violento. Ela é retratada como ameaçando esmagar o crânio de seu pai, El, fazer o cabelo grisalho dele jorrar sangue e sua barba grisalha ficar com sangue coagulante, se ele não acedesse aos desejos dela. Em outra ocasião, mostra-se Anate numa orgia de matança. Ela prendia cabeças nas suas costas, e mãos no seu cinto, e mergulhava até os joelhos em sangue e até os quadris em sangue coagulante dos valentes. Seu prazer em tal derramamento de sangue é refletido nas palavras: “O fígado dela incha de riso, o coração dela enche-se de alegria.” — Ancient Near Eastern Texts (Textos Antigos do Oriente Próximo), editado por J. Pritchard, 1974, pp. 136, 137, 142, 152.
A natureza extremamente torpe e degradada da adoração cananéia destaca a justeza de Deus executar um decreto de destruição nos habitantes daquela terra. (Le 18; De 9:3, 4) Todavia, visto que os israelitas deixaram de executar completamente esse decreto divino, foram por fim enlaçados pelas práticas degeneradas associadas com a adoração dos deuses cananeus. — Sal 106:34-43.

Deidades da Medo-Pérsia. Há indícios de que os reis do Império Medo-Persa eram zoroastristas. Embora não se possa provar nem refutar que Ciro, o Grande, tenha aderido aos ensinamentos de Zoroastro, desde a época de Dario I as inscrições dos monarcas repetidas vezes referem-se a Auramazda (Ahura Mazda), a principal deidade do zoroastrismo. Dario I referiu-se a Auramazda como criador do céu, da terra e do homem, e considerava este deus como aquele que lhe conferira sabedoria, destreza física e o reino.
Um aspecto característico do zoroastrismo é o dualismo, isto é, a crença em dois seres divinos independentes, um bom e o outro mau. Auramazda era considerado criador de todas as coisas boas, ao passo que Angra-Mainyu era considerado o criador de tudo o que é mau. Pensava-se que este último pudesse provocar terremotos, tempestades, doença e morte, bem como instigar tumultos e a guerra. Acreditava-se que espíritos inferiores ajudavam a esses dois deuses a se desincumbirem de suas funções.
O símbolo do deus Auramazda era bem parecido à representação do assírio Assur, a saber, um círculo alado, do qual, às vezes, emergia um homem barbudo com o rabo vertical duma ave.
Auramazda talvez figurasse numa tríade. Isto é sugerido pelo fato de que Artaxerxes Mnemon invocou a proteção de Auramazda, Anaíta (deusa da água e da fertilidade) e Mitra (deus da luz), e que atribuiu a reconstrução da Sala das Colunas em Susa à graça dessas três deidades.
Diversos peritos relacionam Anaíta com a Istar babilônica. E. O. James observa no seu livro The Cult of the Mother-Goddess (O Culto da Deusa-Mãe; 1959, p. 94): “Ela era adorada como ‘a Grande Deusa cujo nome é Dama’, a ‘todo-poderosa imaculada’, purificando ‘o sêmen dos machos, e o ventre e o leite das fêmeas’. . . . Ela era, de fato, o equivalente iraniano da Anate síria, da Nana-Istar babilônica, da deusa hitita de Comana, e da Afrodite grega.”
Segundo o historiador grego Heródoto (I, 131), os persas adoravam também os elementos naturais e os corpos celestes. Ele escreve: “Quanto aos usos dos persas, sei dos seguintes. Não costumam construir e erguer estátuas, nem templos, nem altares, mas consideram insensatos os que os constroem, e isso, suponho, porque nunca acreditaram, como os gregos acreditam, terem os deuses forma humana; mas chamam todo o círculo dos céus de Zeus, e a ele oferecem sacrifícios nos picos mais altos das montanhas; fazem também sacrifícios ao sol, e à lua, e à terra, e ao fogo, e à água, e aos ventos. Estes são os únicos deuses aos quais têm oferecido sacrifícios desde o começo; aprenderam mais tarde, dos assírios e dos árabes, oferecer sacrifícios à Afrodite ‘celestial’. Ela é chamada pelos assírios de Milita, pelos árabes, de Alilat, pelos persas, de Mitra.”
O Zendavesta, escritos zoroastristas sagrados, realmente contém orações ao fogo, à água e aos planetas, bem como à luz do sol, da lua e das estrelas. O fogo até mesmo é chamado de filho de Auramazda.
Embora talvez fosse zoroastrista, o Rei Ciro foi citado por nome na profecia bíblica como o designado por Jeová para derrubar Babilônia e efetuar a soltura dos cativos judeus. (Is 44:26-45:7; compare isso com Pr 21:1.) Após a destruição de Babilônia, em 539 AEC, os israelitas passaram a estar sob o controle de zoroastristas medo-persas.
Deidades Gregas. Um exame dos deuses e das deusas da antiga Grécia revela os traços da influência babilônica. O professor George Rawlinson, da Universidade de Oxford, comentou: “A notável semelhança entre o sistema caldeu e o da Mitologia Clássica parece merecer atenção especial. Esta semelhança é geral demais, e demasiado similar em alguns aspectos, para permitir a suposição de que a coincidência foi produzida por mero acaso. Nos Panteões da Grécia e de Roma, e no da Caldéia, pode-se reconhecer o mesmo agrupamento geral; não é incomum verificar-se a mesma sucessão genealógica; e, em alguns casos, até mesmo os nomes e títulos conhecidos das deidades clássicas admitem a mais curiosa ilustração e explicação de fontes caldéias. Dificilmente podemos duvidar de que, de um modo ou de outro, houve uma comunicação de crenças — uma transmissão em tempos bem primitivos, desde as margens do golfo Pérsico até as terras banhadas pelo Mediterrâneo, de noções e de idéias mitológicas.” — The Seven Great Monarchies of the Ancient Eastern World (As Sete Grandes Monarquias do Antigo Mundo Oriental), 1885, Vol. I, pp. 71, 72.
Uma distorção da declaração de Deus a respeito da semente, ou descendente, da promessa talvez possa ser percebida nos contos mitológicos que falam de o deus Apolo matar a serpente Píton, e de o infante Hércules (filho de Zeus e de uma mulher terrena, Alcmena) esganar duas serpentes. Novamente nos confrontamos com o conhecido tema de um deus que morre e em seguida é trazido de volta à vida. Anualmente era comemorada a morte violenta de Adônis e o retorno dele à vida; eram principalmente mulheres que choravam sua morte e que conduziam imagens do seu corpo como numa procissão fúnebre, e mais tarde as atiravam no mar ou em fontes de água. Outra deidade, cuja morte violenta e retorno à vida costumavam ser celebrados pelos gregos, era Dioniso, ou Baco; ele, como Adônis, tem sido identificado com o babilônico Tamuz.
Os relatos mitológicos fazem os deuses e deusas gregos parecer bem semelhantes a homens e mulheres. Embora se imaginasse os deuses de tamanho muito maior, e como ultrapassando os homens em beleza e força, seus corpos eram retratados como corpos humanos. Visto que nas suas veias supostamente fluía “icor”, em vez de sangue, achava-se que os corpos das deidades eram incorruptíveis. Não obstante, cria-se que homens, por meio das suas armas, podiam realmente infligir feridas dolorosas aos deuses. Todavia, dizia-se que as feridas sempre saravam e que os deuses permaneciam jovens.
Na maior parte, as deidades dos gregos eram retratadas como muito imorais e tendo fraquezas humanas. Brigavam entre si, lutavam entre si, e até mesmo conspiravam umas contra as outras. Diz-se que Zeus, deus supremo dos gregos, destronou seu próprio pai, Cronos. Antes disso, o próprio Cronos depusera e até mesmo castrara seu pai Urano. Tanto Urano como Cronos são retratados como pais cruéis. Urano imediatamente escondia na terra a prole que lhe nascia de sua esposa Géia, nem permitindo que vissem a luz. Cronos, por outro lado, engoliu os filhos que lhe nasceram de Réia. Entre as práticas detestáveis atribuídas a certas deidades estão adultério, fornicação, incesto, estupro, mentira, roubalheira, embriaguez e assassinato. Aqueles que incorriam no desfavor de um deus ou deusa são retratados como punidos na maneira mais cruel. Por exemplo, o sátiro Mársias, que desafiou o deus Apolo num concurso musical, foi preso por este ao tronco duma árvore e esfolado vivo. Diz-se que a deusa Ártemis transformou o caçador Acteão num cervo e então fez com que os próprios cães dele o devorassem, porque ele havia visto a nudez dela.
Naturalmente, alguns afirmam que estas narrativas mitológicas eram apenas imaginações de poetas. Mas, sobre isto escreveu Agostinho, do quarto século EC: “Embora se diga em defesa deles que esses contos sobre os seus deuses não eram verdadeiros, mas apenas invenções poéticas, e ficções falsas, ora, isso o torna ainda mais abominável, se respeitares a pureza da tua religião: e se observares a malícia do diabo, acaso pode haver mais astúcia ou mais malícia enganosa? Pois, quando se calunia o governante honesto e digno dum país, não é a calúnia tanto mais iníqua e imperdoável, visto que a vida desta pessoa caluniada é mais clara e isenta do toque de quaisquer dessas coisas?” (The City of God [A Cidade de Deus], Livro II, cap. IX) No entanto, a popularidade das narrativas poéticas, conforme encenadas nos palcos gregos, indica que a maioria não as considerava como calúnia, mas estava em harmonia com eles. A imoralidade dos deuses servia para justificar os delitos do homem, e o povo estava a favor disso. O ministério do apóstolo Paulo o trouxe em contato com adoradores dos deuses gregos Zeus e Hermes. (At 14:12, 13) Os atenienses expressavam seu temor das deidades por construir muitos templos e altares. (At 17:22-29) A crassa imoralidade sexual, que fazia parte da adoração grega, até mesmo afetou a congregação cristã em Corinto, achando o apóstolo Paulo necessário censurar esta congregação. — 1Co cap. 5.
Deidades Romanas. A religião dos romanos foi grandemente influenciada pelos etruscos, um povo que em geral se pensa ter vindo da Ásia Menor. A prática da adivinhação liga definitivamente a religião dos etruscos à dos babilônios. Por exemplo, os modelos de fígados de barro usados para adivinhação, encontrados na Mesopotâmia, são parecidos ao modelo de um fígado de bronze encontrado em Piacenza, na província de Emília-Romagna, Itália. De modo que, quando os romanos adotaram as deidades etruscas, eles estavam, na realidade, recebendo uma herança babilônica.

A tríade romana de Júpiter (o deus supremo, deus do céu e da luz), Juno (a consorte de Júpiter, considerada como presidindo aos assuntos de interesse especial para as mulheres) e Minerva (deusa que presidia a todas as artes e ofícios), corresponde aos etruscos Tínia, Uni e Menrva.
Com o passar do tempo, os principais deuses gregos introduziram-se no panteão romano, embora conhecidos por outros nomes. Também, deidades de ainda outros países foram adotadas pelos romanos, incluindo a persa Mitra (cujo aniversário era celebrado em 25 de dezembro), a deusa frígia da fertilidade, Cibele, e a egípcia Ísis, as duas últimas sendo identificadas com a babilônica Istar. Também, os próprios imperadores romanos eram deificados.
Saturno era adorado por ter dado a Roma uma era áurea. As saturnais, originalmente uma festa de um dia em sua honra, foram mais tarde prolongadas para uma celebração de sete dias, na última parte de dezembro. O evento era marcado por uma grande orgia. Eram trocados presentes, tais como frutas de cera e velas, e as crianças, em especial, eram presenteadas com bonecas de barro. Durante a festividade, nenhuma punição era aplicada. As escolas e os tribunais tinham feriado; até mesmo as operações de guerra eram suspensas. Os escravos trocavam de lugar com os seus amos e lhes era permitido falar o que quisessem, sem necessidade de temerem castigo.
Os primitivos cristãos negaram-se a participar na adoração romana, especialmente na adoração do imperador, o que os tornou alvo de intensa perseguição. Não transigiam na sua posição “de obedecer a Deus como governante antes que aos homens”, negando-se a prestar aos governantes romanos a adoração que legitimamente pertencia a Deus. — At 5:29; Mr 12:17;
Deuses de Nações Contrastados com Jeová. Atualmente, muitos dos deuses mencionados na Bíblia não são nada mais do que um nome. Embora seus adoradores às vezes até mesmo sacrificassem seus próprios filhos a eles, os deuses falsos eram incapazes de salvar os que recorriam a eles em busca de ajuda, em seus momentos de maior necessidade. (2Rs 17:31) Assim, por causa de seus sucessos militares, o rei da Assíria, por meio de seu porta-voz, Rabsaqué, jactou-se: “Livraram deveras os deuses das nações cada um a sua própria terra da mão do rei da Assíria? Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade? Onde estão os deuses de Sefarvaim, de Hena e de Iva? Livraram eles a Samaria da minha mão? Quais dentre todos os deuses dos países livraram a sua terra da minha mão, de modo que Jeová livre Jerusalém da minha mão?” (2Rs 18:28, 31-35) Mas Jeová não desapontou seu povo, como fizeram aqueles deuses falsos. Numa só noite, o anjo de Jeová matou 185.000 no acampamento dos assírios. Humilhado, o orgulhoso monarca assírio, Senaqueribe, voltou a Nínive, onde mais tarde foi assassinado por dois de seus filhos, no templo de seu deus, Nisroque. (2Rs 19:17-19, 35-37) Na verdade, “todos os deuses dos povos são deuses que nada valem; mas, quanto a Jeová, ele fez os próprios céus”. — Sal 96:5.
Os deuses falsos não só têm as características dos seus criadores, mas as pessoas também se tornam muito semelhantes aos deuses que adoram. Para ilustrar: O Rei Manassés, de Judá, era devoto de deuses falsos, mesmo a ponto de fazer seu filho passar pelo fogo. O zeloso empenho de Manassés na adoração falsa, porém, não fez dele um rei melhor. Antes, por derramar sangue inocente em quantidade muito grande, mostrou ser semelhante às deidades sedentas de sangue que adorava. (2Rs 21:1-6, 16) Em nítido contraste com isso, os adoradores do verdadeiro Deus diligenciam ser imitadores do seu Criador perfeito, exibindo os frutos do Seu espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, brandura e autodomínio. — Ef 5:1; Gál 5:22, 23.

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