quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A bíblia resumida! Velho testamento 01/02 -Gênesis a Provérbios-

Olha! bem resumida se comparada com a bíblia inteira, mas sei que é bastante extenso. ideal para aqueles que a acham, um livro muito extenso e não tem disposição para le-la! no final resumo, bem resumido o que realmente importa agora, no nosso tempo. Bom Proveito!

Gênesis, Livro de
Primeiro livro do Pentateuco (palavra grega para “cinco rolos” ou “volume quíntuplo”). “Gênesis” (que significa “Origem; Nascimento”) é o nome dado pela Septuaginta grega ao primeiro destes livros, ao passo que seu título hebraico Bere’·shíth (No Princípio) é tirado da primeira palavra na sua sentença inicial.
Quando e Onde Foi Escrito. O livro de Gênesis, evidentemente, fazia parte do único escrito original (a Tora), e foi possivelmente terminado por Moisés no ermo de Sinai, no ano 1513 AEC. Depois de Gênesis 1:1, 2 (concernente à criação dos céus e da terra), o livro, evidentemente, abrange milhares de anos envolvidos na preparação da terra para ser habitada pelos humanos (veja CRIAÇÃO; DIA), e depois abrange o período desde a criação do homem até o ano 1657 AEC, em que José faleceu. — Veja CRONOLOGIA (Desde a Criação Humana Até o Presente).
Escritor. Hoje em dia, em geral, rejeita-se a objeção antigamente levantada por alguns cépticos, de que a escrita não era conhecida nos dias de Moisés. No seu livro New Discoveries in Babylonia About Genesis (Novas Descobertas em Babilônia Sobre Gênesis; 1949, p. 35), P. J. Wiseman salienta que a pesquisa arqueológica fornece ampla prova de que “a arte da escrita começou nos tempos mais primitivos da história conhecida do homem”. Virtualmente todos os peritos modernos reconhecem a existência da escrita muito antes do tempo de Moisés (no segundo milênio AEC). Expressões tais como a encontrada em Êxodo 17:14: “Escreve isto como recordação no livro”, corroboram que a escrita era comum nos dias de Moisés. Adão deve ter tido a capacidade de inventar uma forma de escrita, visto que Deus dera a ele, o homem perfeito, uma linguagem, com a habilidade de manejá-la perfeitamente, mesmo a ponto de compor poesia. — Gên 2:19, 23.
Donde obteve Moisés as informações que incluiu em Gênesis?
Todas as informações contidas no livro de Gênesis se relacionam com eventos que ocorreram antes do nascimento de Moisés. Podem ter sido recebidas diretamente por revelação divina. É óbvio que alguém, quer Moisés, quer outro antes dele, teve de obter desta forma as informações sobre os acontecimentos anteriores à criação do homem. (Gên 1:1-27; 2:7, 8) Estas informações, bem como os pormenores restantes, porém, podem ter sido transmitidas a Moisés por meio de tradição oral. Por causa da longevidade dos homens daquele período, as informações podem ter sido transmitidas por Adão a Moisés através de apenas cinco elos humanos, a saber, Metusalém, Sem, Isaque, Levi e Anrão. Uma terceira possibilidade é que Moisés obteve grande parte das informações relativas a Gênesis de escritos ou documentos já existentes. Já no século 18, o erudito holandês Campegius Vitringa sustentava este conceito baseando sua conclusão nas freqüentes ocorrências, em Gênesis (dez vezes), da expressão (em KJ; Tr) “estas são as gerações de”, e uma vez “este é o livro das gerações de”. (Gên 2:4; 5:1; 6:9; 10:1; 11:10, 27; 25:12, 19; 36:1, 9; 37:2) Nesta expressão, a palavra hebraica para “gerações” é toh·le·dhóhth, melhor traduzida por “histórias” ou “origens”. Por exemplo, “gerações dos céus e da terra” dificilmente se enquadraria aqui, ao passo que “história dos céus e da terra” tem sentido. (Gên 2:4) Em harmonia com isso, a versão alemã Elberfelder, a francesa Crampon e a espanhola Bover-Cantera são versões que usam o termo “história”, assim como faz a Tradução do Novo Mundo. Não há dúvida de que, assim como os homens estão hoje interessados num registro histórico exato, assim também estiveram desde o começo.
Por estes motivos, Vitringa e outros desde então têm entendido que cada uso de toh·le·dhóhth, em Gênesis, se refere a um documento histórico já existente, que Moisés tinha em seu poder e em que ele se baseava para obter a maior parte das informações registradas em Gênesis. Eles acreditam que as pessoas mencionadas em conexão direta com essas ‘histórias’ (Adão, Noé, os filhos de Noé, Sem, Tera, Ismael, Isaque, Esaú e Jacó) ou eram os escritores, ou eram os donos originais destes documentos escritos. Naturalmente, isto ainda deixa sem explicação como todos estes documentos vieram a estar no poder de Moisés. Também deixa sem explicação por que documentos obtidos de homens que não se distinguiram como adoradores fiéis de Jeová (tais como Ismael e Esaú) devessem ser a fonte de muitas das informações usadas. É inteiramente possível que a expressão: “Esta é a história de”, seja simplesmente uma frase introdutória que serve convenientemente para separar as diversas seções da longa história geral. Compare isso com o uso duma expressão similar por Mateus, na introdução do seu Evangelho.
Portanto, não se pode chegar a nenhuma conclusão definitiva sobre a fonte direta da qual Moisés obteve as informações que registrou. Antes, em vez de ter sido apenas por um dos métodos considerados, as informações podem ter sido recebidas por meio de todos os três, parte através de revelação direta, parte por transmissão oral e parte através de registros escritos. O ponto importante é que Jeová Deus guiou o profeta Moisés, de modo que este escreveu sob inspiração divina. — 2Pe 1:21.
A matéria destinava-se a servir de guia inspirado para gerações futuras. Devia ser lida freqüentemente para o povo (De 31:10-12; 2Rs 23:2, 3; Ne 8:2, 3, 18), e os reis de Israel deviam obter suas instruções dela. — De 17:18, 19.
A “Teoria Documentária” de Críticos. Uma teoria apresentada por alguns críticos da Bíblia é que Gênesis não é obra de um só escritor ou compilador, a saber, Moisés, mas, antes, representa a obra de diversos escritores, alguns dos quais viveram muito depois do tempo de Moisés. À base de supostas diferenças no estilo e no emprego de palavras, apresentaram a chamada teoria documentária. Segundo esta teoria, havia três fontes, as quais chamam de “J” (javista [jeovista]), “E” (eloísta) e “P” (Priest Codex [Código Sacerdotal]). Por causa da dupla menção de certos eventos ou por causa da similaridade de relatos em partes diferentes de Gênesis, alguns acrescentariam ainda outras fontes à lista, indo ao ponto de dissecar o livro de Gênesis, afirmando que havia até 14 fontes independentes. Sustentam que estas diversas fontes ou escritores tinham conceitos e teologias diferentes, mas que Gênesis, como produto amalgamado destas fontes, não obstante, constitui um todo. Eles recorrem a muitos absurdos em apoio das suas teorias, alguns dos quais se poderiam mencionar aqui.
A base original da teoria documentária era o uso de títulos diferentes para Deus; os críticos afirmam que isto indica escritores diferentes. A irracionalidade de tal conceito, porém, pode ser vista em que, em apenas uma pequena parte de Gênesis, encontramos os seguintes títulos: “Deus Altíssimo” (’El ‛El·yóhn, Gên 14:18); “Produtor do céu e da terra” (14:19); “Soberano Senhor” (’Adho·naí, 15:2); “Deus de vista” (16:13); “Deus Todo-poderoso” (’El Shad·daí, 17:1); “Deus” (’Elo·hím, 17:3); “verdadeiro Deus” (ha·’Elo·hím, 17:18); “o Juiz de toda a terra” (18:25). Tentar usar isso como base para atribuir cada uma destas seções a um escritor diferente produz insuperáveis dificuldades e se torna absurdo. Antes, a verdade é que os títulos diferentes aplicados a Deus, em Gênesis, são usados por causa do seu significado, revelando Jeová nos seus diferentes atributos, nas suas diversas obras e nos seus tratos com o seu povo.
Outros exemplos são: Por causa do uso da palavra ba·rá’, “criou”, diz-se que Gênesis 1:1 foi escrito pela fonte chamada “P”. No entanto, encontramos a mesma palavra em Gênesis 6:7, na fonte que supostamente é “J”. Diz-se que aparecer a expressão “terra de Canaã” em diversos textos (entre eles Gên 12:5; 13:12a; 16:3; 17:8) é peculiaridade do escritor conhecido como “P”, e, por isso, esses críticos sustentam que estas passagens foram escritas por “P”. Mas, nos capítulos 42, 44, 47 e 50, encontramos a mesma expressão nos escritos atribuídos pelos mesmos críticos a “J” e “E”. Assim, ao passo que os críticos afirmam que suas teorias são necessárias para explicar as supostas incoerências em Gênesis, um exame mostra que as próprias teorias estão cheias de incoerências.
Se a matéria atribuída a cada fonte teorética for retirada trecho por trecho, e sentença por sentença, do relato de Gênesis e depois reajuntada, o resultado será uma série de relatos ilógicos e incoerentes. Se fôssemos crer que estas diversas fontes foram usadas e depois ajuntadas por um compilador posterior, seríamos obrigados a aceitar que estes relatos incoerentes, antes de serem amalgamados, foram aceitos como históricos e usados por séculos pela nação de Israel. Mas, qual o escritor, especialmente um historiador, que chegaria a fazer tais narrativas desconexas, e se ele as fizesse, que nação as aceitaria como história do seu povo?
O que ilustra a irracionalidade dos que promovem a “teoria da documentação” é a seguinte declaração do egiptólogo K. A. Kitchen: “No criticismo do Pentateuco há muito tempo se tornou costumeiro dividir o total em documentos ou ‘mãos’ separadas. . . . Porém, a prática do criticismo do Antigo Testamento de atribuir essas características a diferentes ‘mãos’ ou documentos torna-se um manifesto absurdo quando aplicados a outros antigos escritos orientais que exibem fenômenos precisamente iguais.” Ele cita então o exemplo de uma biografia egípcia, a qual, usando-se os métodos teoréticos empregados pelos críticos de Gênesis, poderia ser atribuída a “mãos” diferentes, mas que a evidência mostra ser uma obra que “foi concebida, composta, escrita e inscrita dentro de meses, semanas, ou talvez até menos. Não pode haver ‘mãos’ por detrás de seu estilo, o qual meramente varia com os assuntos em foco e com a questão de um tratamento apropriado.” (O Novo Dicionário da Bíblia, editado por J. Douglas, 1966, p. 477, Edições Vida Nova) A fraqueza das teorias dos críticos realmente reforça a evidência de que apenas um homem, Moisés, registrou o relato interligado, coerente, encontrado em Gênesis conforme foi inspirado por Deus.
O Caráter Histórico de Gênesis.
Gênesis é a única fonte conhecida dos humanos que fornece uma história lógica e coerente de coisas que remontam ao começo. Sem a sua história factual sobre o primeiro homem e a primeira mulher, só nos restariam as histórias fantasiosas ou as explicações alegóricas sobre o início do homem, encontradas nos relatos de criação de nações pagãs. A comparação do livro de Gênesis com os relatos pagãos sobre a criação demonstra claramente a superioridade do relato bíblico.
Assim, o principal mito babilônico diz que o deus Marduque, o principal deus de Babilônia, matou a deusa Tiamat, depois tomou o corpo dela e “dividiu-a em duas partes, como um marisco: Metade dela ele afixou e colocou no teto como céu”. Assim vieram a existir a terra e o céu. Quanto à criação da vida humana, este mito declara que os deuses capturaram o deus Quingu e “impuseram-lhe sua culpa e seccionaram seus (vasos) de sangue. De seu sangue moldaram a humanidade”. (Ancient Near Eastern Texts [Textos Antigos do Oriente Próximo], editado por James Pritchard, 1974, pp. 67, 68) Os mitos egípcios sobre a criação também envolvem as atividades de diversos deuses, mas discordam quanto ao deus de que cidade (o de Mênfis ou o de Tebas) concebeu a criação. Um mito egípcio relata que o deus-sol Rá criou a humanidade das lágrimas dele. Os mitos gregos são comparáveis aos babilônicos. Antigos registros chineses são na maioria calendários e cálculos cronológicos, ou registros de mero interesse local ou temporário.
Nenhuma de tais fontes antigas nos fornece a história, a genealogia e a cronologia oferecidas pelo livro de Gênesis. Os escritos das nações antigas, em geral, mostram incerteza e confusão quanto a quem eram os fundadores da sua nação. A maneira específica e detalhada com que a primitiva história de Israel é apresentada é nitidamente diferente. Na realidade, não esperaríamos outra coisa, em vista do propósito de Deus para com o seu povo. A Bíblia nos diz que a nação de Israel foi governada diretamente por Deus, e que ele lidou com os antepassados dela, especialmente Abraão, Isaque e Jacó. Usou então Moisés de modo bem especial, dando a Israel por meio dele a Lei que os constituiu em nação. A história de Israel existe em forma registrada não apenas em benefício de Israel, mas também em proveito de todos os que querem aprender os modos e tratos do verdadeiro Deus, e servi-lo.
Em resposta aos que rejeitariam muitas partes de Gênesis como fábulas e folclore, Wilhelm Möller diz: “Não acho que se pode tornar plausível que, em qualquer raça, as fábulas e os mitos viessem, no decorrer do tempo, a serem aceitos cada vez mais como fatos reais, de modo que devêssemos agora, quiçá, estar dispostos a aceitar como fatos históricos as lendas do Poema dos Nibelungos ou do Chapeuzinho Vermelho. Mas isto, segundo os críticos, deve ter acontecido com Israel.” (The International Standard Bible Encyclopaedia [A Enciclopédia Bíblica Padrão Internacional], editada por J. Orr, 1960, Vol. II, p. 1209) Ele passa a indicar que os profetas aceitaram os relatos sobre a destruição de Sodoma e Gomorra como corretos (Is 1:9; Am 4:11) e que aceitaram Abraão, Isaque, Jacó e José como pessoas reais. (Is 29:22; Miq 7:20) Não somente isso, mas, nas Escrituras Gregas Cristãs, Abraão é mencionado em muitos lugares, até mesmo por Jesus Cristo, em Mateus 22:32, em conexão com o argumento sobre a ressurreição. Se Abraão, Isaque e Jacó não tivessem vivido realmente, Jesus teria usado outra ilustração. — Mt 22:31-33.
Valor do Livro. Gênesis nos diz como o universo veio a existir. De modo simples, descreve as maravilhas da criação, sem que ofusquem o objetivo principal do livro. É assim dessemelhante das histórias pagãs sobre a criação, que tornam estas maravilhas a coisa principal, e que recorrem a absurdos e a inverdades óbvias para enfatizá-las. Gênesis fala sobre a obra da criação, e mostra o propósito de Deus em criar o homem, a relação do homem com Deus e a relação do homem com os animais. Fornece-nos a razão da morte e das dificuldades sofridas pela humanidade, e a esperança de libertação. Salienta que todos os humanos descendem de um só homem, Adão, o qual pecou e perdeu a vida para a sua posteridade; habilita-nos assim a compreender como o sacrifício resgatador de um só homem, Jesus Cristo, pôde expiar os pecados da humanidade. Gênesis habilita-nos a entender como a questão da legitimidade da soberania de Deus foi suscitada pela serpente simbólica, Satanás, o Diabo. Oferece-nos a esperança segura da destruição de Satanás e do alívio para a humanidade. Narra a origem de Babilônia e assim de toda a religião falsa na terra pós-diluviana, ajudando deste modo a identificar Babilônia, a Grande, no livro de Revelação (Apocalipse).
Jesus disse que aquele que serve a Deus tem de adorá-Lo com espírito e verdade. (Jo 4:24) O relato de Gênesis apresenta a verdade dos primórdios do homem e dos tratos de Deus com ele. Visto que tudo o que está registrado em Gênesis é verdade, não mito, podemos saber a verdade sobre a história do homem. 

Podemos ver que, até o tempo do Dilúvio, os homens certamente sabiam a verdade a respeito do que o relato bíblico diz sobre o Éden, porque havia ali o jardim e os querubins com a espada chamejante à sua entrada. (Gên 3:24) Mas, aqueles que queriam seguir o caminho dos seus próprios desejos desconsideraram os fatos que havia diante deles. Noé, porém, serviu a Deus segundo o modo em que o homem fora originalmente criado para servi-lo, segundo a história verdadeira. Embora Ninrode, depois do Dilúvio, iniciasse uma rebelião contra Deus, na Torre de Babel, os patriarcas descendentes da linhagem de Sem continuaram a apegar-se ao verdadeiro modo de vida. Quando chegou o tempo de Deus para organizar Israel como nação e dar-lhe a Lei, isto não era para estes algo completamente desconhecido, como uma mudança revolucionária no seu modo de vida. Não, porque na sociedade patriarcal eles já haviam feito muitas das coisas encontradas na Lei. Conforme declara a Cyclopædia (Ciclopédia; 1881, Vol. III, p. 782) de M’Clintock e Strong: “Esta teocracia não pode ter penetrado na história sem eventos preparatórios. Os fatos que levaram à introdução da teocracia acham-se contidos nos relatos de Gênesis.”
Isto, por sua vez, preparou o caminho para o Messias e a introdução do cristianismo. Quando Jesus Cristo chegou, aqueles que haviam vivido segundo a Lei da melhor forma possível logo puderam identificá-lo. Ele não apareceu de forma súbita, anunciando-se como o grande salvador e líder, sem nenhuma base ou credenciais históricas. A base que havia sido fornecida de Gênesis em diante habilitou os sinceros a reconhecê-lo e a segui-lo. Portanto, era possível estabelecer uma forte organização de cristãos judeus como núcleo, preparada para levar uma convincente mensagem evangélica às nações. Os antepassados das nações pagãs as haviam desviado da verdade. Estavam ‘apartadas do estado de Israel e eram estranhas aos pactos da promessa, e não tinham esperança e estavam sem Deus no mundo’. (Ef 2:12) Por conseguinte, tinham de aprender os princípios de Deus desde o início, antes de poderem tornar-se cristãos.
Portanto, Gênesis fornece uma base valiosa para o entendimento de todos os outros livros da Bíblia e é essencial para o cristianismo. Delineia o tema da Bíblia, a saber, a vindicação da soberania de Jeová e o derradeiro cumprimento do seu propósito para com a terra, por meio do seu Reino sob o prometido Descendente, ou Semente. Gênesis, além da primeira profecia básica, em Gênesis 3:15, contém muitas outras profecias, das quais um grande número já se cumpriu desde que o relato foi redigido.

DESTAQUES DE GÊNESIS
  
Registro da criação e preparação da terra, por Deus, para ser habitada pelos humanos, do papel da humanidade no propósito de Deus e dos tratos de Deus com homens de fé, durante uns 2.300 anos dos primórdios da história humana.
  
Abrange o período desde o começo da criação física até a morte de José no Egito (1657 AEC).
Criação de céus e terra físicos, e a preparação da terra para ser habitada pelos humanos. (1:1-2:25)
Pecado e morte penetram no mundo; predito um “descendente [lit.: semente]” como libertador. (3:1-5:5)
  
Serpente engana mulher; esta e Adão comem do fruto proibido.
  
Sentenciados serpente, mulher e Adão; o descendente (semente) da mulher esmagará a serpente.
  
Caim, primogênito de Adão e Eva, assassina seu irmão Abel.
  
Em cumprimento do julgamento de Deus, Adão morre aos 930 anos de idade.
Anjos e homens iníquos arruínam a terra; Deus traz Dilúvio global. (5:6-11:9)
  
Noé nasce na linhagem de Sete, filho de Adão; nos seus dias, anjos desobedientes casam-se com mulheres e geram os nefilins, que se entregam à violência.
  
Jeová decreta a destruição por meio dum dilúvio, mas manda Noé construir uma arca para a preservação da sua família e de espécies básicas de animais.
  
As águas do Dilúvio predominam na terra inteira; todos os humanos, criaturas voadoras e animais terrestres fora da arca perecem.
  
Após o Dilúvio, Jeová proíbe o consumo de sangue, autoriza a pena de morte para o assassínio e estabelece o pacto do arco-íris, prometendo nunca mais trazer um dilúvio.
  
Durante a segunda geração nascida após o Dilúvio, pessoas começam a construir uma torre, desafiando o propósito de Deus, de que se espalhassem; Jeová confunde-lhes a língua, dispersando-as.
Os tratos de Jeová com Abraão. (11:10-25:26)
  
Abrão, descendente de Sem, parte de Ur em obediência à chamada de Deus.
  
Em Canaã, promete-se a Abrão que seu descendente, ou semente, receberá aquela terra.
  
Ló separa-se de seu tio Abrão, estabelece-se perto de Sodoma, é capturado e depois é liberto por Abrão; Melquisedeque abençoa Abrão.
  
Abrão toma Agar como concubina, e ela dá à luz Ismael.
  
Jeová muda o nome de Abrão para Abraão, e o de Sarai para Sara; estabelece-se o pacto da circuncisão.
  
O anjo de Jeová informa Abraão que Sara terá um filho — Isaque.
  
Informado sobre o julgamento de Sodoma, Abraão roga pelos justos.
  
Anjos instam com Ló e sua família a deixarem Sodoma; a esposa de Ló perece por desobediência.
  
Nasce Isaque; a caçoada de Ismael quando Isaque é desmamado resulta em Ismael ser mandado embora.
  
Em obediência a Jeová, Abraão tenta sacrificar Isaque; e recebe garantia a respeito das promessas do pacto.
  
Após a morte de Sara, Abraão providencia uma esposa para Isaque.
  
Rebeca, esposa de Isaque, dá à luz Esaú e Jacó.
Jacó (Israel) e seus 12 filhos; vão ao Egito para preservar a vida. (25:27-50:26)
  
Depois de Jacó comprar de Esaú o direito de primogenitura por uma refeição, e, mais tarde, às instâncias de Rebeca, procurar obter a bênção que Isaque pretendia dar a Esaú, ele parte para Padã-Arã, buscando esposa.
  
Labão, irmão de Rebeca, engana Jacó fazendo-o casar-se com Léia; daí, Jacó casa-se com Raquel; com Léia e Raquel, e as duas servas delas, Jacó tem 11 filhos e uma filha, Diná, antes de partir com a família de Padã-Arã.
  
Jacó luta com anjo, e tem deslocado a junta da coxa; agarra-se desesperadamente ao anjo, a fim de receber uma bênção, e seu nome é mudado para Israel.
  
Após um encontro pacífico com Esaú, Jacó mora em Sucote, e depois em Siquém, onde Diná é violentada.
  
Raquel morre ao dar à luz o 12.° filho de Jacó, Benjamim.
  
Odiando José, primogênito de Raquel, seus meios-irmãos o vendem; ele se torna escravo de Potifar, no Egito.
  
Encarcerado sob acusações falsas, José passa por situações que trazem à atenção de Faraó sua capacidade de interpretar sonhos.
  
José interpreta sonhos de Faraó a respeito duma fome e é constituído em segundo governante do Egito.
  
Fome em Canaã obriga filhos de Jacó a ir ao Egito em busca de alimentos; com o tempo, José se revela aos seus meios-irmãos.
  
Jacó e família mudam-se para o Egito; José cuida deles.
  
Jacó morre no Egito depois de proferir bênçãos proféticas sobre Efraim e Manassés, filhos de José, e sobre seus próprios 12 filhos.

Êxodo, Livro de
Segundo rolo do Pentateuco, também chamado de Segundo Livro de Moisés. Em hebraico, passou a ser conhecido como Shemóhth, “Nomes”, por causa da sua frase inicial, We’él·leh shemóhth: “Ora, estes são os nomes.” “Êxodo” é a forma latinizada do grego; significa “Saída; Partida”, isto é, dos israelitas do Egito.
Este livro obviamente é uma continuação de Gênesis, começando com a expressão “ora” (literalmente: “e”), e depois alista novamente os nomes dos filhos de Jacó, tirados do registro mais completo de Gênesis 46:8-27. Êxodo foi escrito em 1512 AEC, um ano depois de os israelitas partirem do Egito e acamparem no ermo de Sinai. O livro abrange um período de 145 anos, desde a morte de José, em 1657 AEC, até a construção do tabernáculo, em 1512 AEC.
Escritor. Que Moisés escreveu Êxodo nunca foi questionado pelos judeus. As expressões egípcias usadas indicam um escritor contemporâneo daqueles tempos, e não um judeu nascido mais tarde.
Exatidão, Veracidade. Com respeito ao escritor de Êxodo, “pode-se discernir uma íntima familiaridade com o Egito Antigo. A posição dos egípcios com respeito aos estrangeiros — sua separação deles, todavia, a permissão para que ficassem em seu país, seu ódio especial por pastores, a suspeita quanto a serem espiões os estrangeiros vindos da Palestina — seu governo interno, seu caráter firmado, o poder do Rei, a influência dos Sacerdotes, as grandes obras, a utilização de estrangeiros na construção delas, o uso de tijolos, . . . e de tijolos com palha, . . . os feitores, a embalsamação dos cadáveres, a conseqüente importação de especiarias, . . . os prantos violentos, . . . os combates com cavalos e carros . . . — estes são apenas alguns dentre os muitos pontos que podem ser observados como marcando íntimo conhecimento dos modos e costumes egípcios por parte do autor do Pentateuco.” — The Historical Evidences of the Truth of the Scripture Records (As Evidências Históricas da Verdade dos Registros das Escrituras), de George Rawlinson, 1892, pp. 290, 291.
Tem-se questionado o relato de a filha de Faraó banhar-se no Nilo (Êx 2:5), mas Heródoto (II, 35) diz (como também mostram monumentos antigos) que, no antigo Egito, as mulheres não sofriam nenhuma restrição. Também, os egípcios acreditavam que havia nas águas do Nilo uma virtude soberana. Às vezes, Faraó ia ao rio evidentemente com o fim de prestar adoração. Foi ali que ele pelo menos duas vezes foi contatado por Moisés, durante as Dez Pragas. — Êx 7:15; 8:20.
Quanto à ausência de evidência em monumentos egípcios, da permanência dos israelitas no Egito, isto não surpreende, visto que um estudo dos monumentos ali existentes revela que os egípcios não registravam assuntos desfavoráveis para eles. No entanto, um testemunho muito mais forte do que a evidência em monumentos de pedra é o monumento vivo da observância da Páscoa pelos judeus, os quais têm comemorado o Êxodo assim durante toda a sua história.
Há uma forte base para se aceitar a exatidão histórica e a narrativa geral apresentadas em Êxodo. Segundo Westcott e Hort, Jesus e os escritores das Escrituras Gregas Cristãs citam ou mencionam o Êxodo mais de 100 vezes. A integridade do escritor Moisés atesta a autenticidade do livro. Ele indica com a maior candura as suas próprias fraquezas, sua hesitação e seus erros, não atribuindo nada dos milagres, da liderança e da organização à sua própria perícia, embora fosse reconhecido pelos egípcios como alguém grande, e, em geral, fosse muito respeitado por Israel. — Êx 11:3; 3:10-12; 4:10-16.
A mão divina é revelada na permanência de Israel no Egito e no seu Êxodo. Dificilmente se poderia achar um lugar melhor para o rápido crescimento de Israel em se tornar uma poderosa nação. Se tivessem permanecido em Canaã, teriam ficado sujeitos a muitas guerras com os habitantes cananeus, enquanto que no território da primeira potência mundial, no tempo do seu apogeu, ficaram protegidos pelo poderio dela. Moravam na melhor parte do país, o que contribuiu para a sua saúde e a sua fertilidade, bem como até certo ponto para o seu desenvolvimento intelectual.
Mas, a sua situação no Egito não era ideal para o desenvolvimento moral e espiritual; tampouco era adequada para serem constituídos em nação sob domínio teocrático, com um sacerdócio para oferecer sacrifícios e para ensinar. Além disso, a promessa de Deus, de dar a terra de Canaã à semente de Abraão, tinha de ser cumprida, e chegara o tempo de Deus para isso. Israel devia ser constituído em uma grande nação, tendo a Jeová por seu Rei. O livro de Êxodo relata como Jeová realizou este propósito. — Êx 15:13-21.
Rolos do Mar Morto. Dentre os manuscritos encontrados junto ao mar Morto, 15 contêm fragmentos do livro de Êxodo. Um fragmento (4QExf) tem sido datado como de cerca de 250 AEC. Dois dos fragmentos, que se crê datem do segundo ou do terceiro século AEC, foram escritos em antigos caracteres hebraicos, usados antes do exílio babilônico.
  
DESTAQUES DE ÊXODO
Registro de como Jeová libertou Israel da opressiva escravidão no Egito e o organizou em nação teocrática.
  
Escrito por Moisés em 1512 AEC, cerca de um ano após Israel ter partido do Egito.
Israel sofre tirânica escravidão no Egito. (1:1-3:1)
  
Por decreto real, os israelitas são feitos escravos, sob tirania; decreta-se a morte de todos os bebês do sexo masculino ao nascerem.
  
Moisés é adotado pela filha de Faraó e assim é poupado da morte, mas é ensinado pela sua própria mãe.
  
Moisés mata um egípcio opressivo, foge para Midiã, torna-se ali pastor.
Jeová liberta Israel pela mão de Moisés. (3:2-15:21)
  
Moisés, junto ao arbusto ardente, é comissionado como libertador, para falar e agir em nome de Jeová.
  
Ele retorna ao Egito; comparece com Arão perante Faraó, dizendo-lhe que Jeová mandou que enviasse Israel para adorá-Lo no ermo; Faraó se recusa e aumenta a opressão.
  
Jeová renova a promessa de libertar os israelitas e dar-lhes a terra de Canaã, aumentando assim o apreço deles pelo Seu nome Jeová.
  
Dez Pragas, anunciadas por Moisés e Arão, sobrevêm ao Egito; após as primeiras três, somente os egípcios sofrem as pragas; durante a décima, morrem todos os primogênitos do sexo masculino, tanto dos egípcios como dos seus animais, ao passo que Israel celebra a Páscoa.
  
Usando uma coluna de nuvem de dia e uma coluna de fogo de noite, Jeová guia Israel para fora do Egito; abre o mar Vermelho para que atravessem em terra seca, depois afoga Faraó e seu exército, quando estes tentam cruzar o leito do mar em perseguição.
Jeová organiza Israel em nação teocrática. (15:22-40:38)
  
Fazem-se para Israel, no ermo, provisões de água potável, bem como de carne e maná; em conexão com a provisão do maná, institui-se o sábado.
  
À sugestão de Jetro, Moisés escolhe homens qualificados para servirem quais chefes, ajudando-o na obra de julgamento.
  
Junto ao monte Sinai, Jeová convida a nação a entrar numa relação pactuada com ele; ela concorda de bom grado; Jeová dá uma atemorizante demonstração da Sua glória.
  
Por meio de Moisés, dão-se os Dez Mandamentos e outras leis, especificando os requisitos de Jeová para Israel.
  
Faz-se o pacto da Lei sobre o sangue de animais sacrificados; o povo diz: “Tudo o que Jeová falou estamos dispostos a fazer e a ser obedientes.”
  
Deus dá instruções para a construção do tabernáculo e sua mobília, bem como sobre a confecção das vestimentas dos sacerdotes e a investidura do sacerdócio.
  
Enquanto Moisés está no monte Sinai, o povo passa a adorar um bezerro de ouro; Moisés destroça as tábuas de pedra que Deus lhe dera; os levitas se mostram leais; cerca de 3.000 idólatras são mortos.
  
Moisés vê a manifestação da glória de Jeová, ouve Deus declarar Seu nome.
  Constrói-se o tabernáculo e sua mobília com ofertas voluntárias de materiais; o tabernáculo é erigido em 1.° de nisã de 1512 AEC, e Jeová manifesta a sua aprovação.

Levítico
Terceiro livro do Pentateuco, contendo as leis de Deus sobre sacrifícios, pureza e outros assuntos relacionados com a adoração de Jeová. O sacerdócio levítico, cumprindo as instruções recebidas, prestava serviço sagrado numa “representação típica e como sombra das coisas celestiais”. — He 8:3-5; 10:1.
Período Abrangido. Não mais de um mês é abrangido pelos eventos apresentados no livro. A maior parte de Levítico é dedicada a alistar as ordens de Jeová, em vez de narrar vários acontecimentos durante um período prolongado de tempo. Assim, a montagem do tabernáculo, no primeiro dia do primeiro mês do segundo ano da partida de Israel do Egito, é mencionada no capítulo final de Êxodo, o livro que precede Levítico. (Êx 40:17) Daí, o livro de Números (que vem logo depois do relato de Levítico), em seus primeiros versículos ( 1:1-3), começa com a ordem de Deus para realizar um recenseamento, dada a Moisés “no primeiro dia do segundo mês, no segundo ano da saída deles da terra do Egito”.
Quando e Onde Foi Escrito. A época lógica para a escrita do livro seria 1512 AEC, junto ao Sinai, no ermo. Atestando que Levítico foi deveras escrito no ermo, há nele referências que refletem a vida num acampamento. — Le 4:21; 10:4, 5; 14:8; 17:1-5.
Escritor. Toda a evidência precedente ajuda igualmente a identificar Moisés como o escritor. Ele obteve as informações de Jeová (Le 26:46), e as palavras finais do livro são: “Estes são os mandamentos que Jeová deu a Moisés como ordens para os filhos de Israel, no monte Sinai.” (27:34) Ademais, Levítico é parte do Pentateuco, sendo geralmente admitido que o escritor deste é Moisés. Não só o início de Levítico: “E . . .” indica sua relação com Êxodo, e, portanto, com o restante do Pentateuco, mas também o modo como Jesus Cristo e os escritores das Escrituras Cristãs se referem a ele mostra que sabiam ser um escrito de Moisés, e parte inquestionável do Pentateuco. Por exemplo, veja a referência de Cristo a Levítico 14:1-32 (Mt 8:2-4), a referência de Lucas a Levítico 12:2-4, 8 (Lu 2:22-24), e a paráfrase de Paulo de Levítico 18:5 (Ro 10:5).
Rolos do Mar Morto de Levítico. Entre os manuscritos encontrados junto ao mar Morto, nove deles contêm fragmentos do livro de Levítico. Quatro deles, que se crê serem de 125 a 75 AEC, foram escritos em antigos caracteres hebraicos que estavam em uso antes do exílio babilônico.
Valor do Livro. Deus prometeu a Israel que, se obedecessem à sua voz, tornar-se-iam para ele “um reino de sacerdotes e uma nação santa”. (Êx 19:6) O livro de Levítico contém um registro de como Deus instituiu um sacerdócio para sua nação e lhes deu estatutos que os habilitariam a manter a santidade aos Seus olhos. Embora Israel fosse apenas a “nação santa” típica de Deus, cujos sacerdotes ‘prestavam serviço sagrado numa representação típica e como sombra das coisas celestiais’ (He 8:4, 5), a Lei de Deus, caso obedecida, os teria mantido limpos e como candidatos para completarem o número do seu espiritual “sacerdócio real, nação santa”. (1Pe 2:9) Mas a desobediência da maioria privou Israel de preencher com exclusividade os lugares dos membros do Reino de Deus, conforme Jesus disse aos judeus. (Mt 21:43) Todavia, as leis delineadas no livro de Levítico eram de inestimável valor para os que as acatavam.
Mediante as leis sanitárias e dietéticas, bem como os regulamentos sobre a moral sexual, proveram-se-lhes salvaguardas contra a doença e a depravação. (Le, caps. 11-15, 18) Tais leis, porém, os beneficiavam principalmente em sentido espiritual, porque os habilitavam a familiarizar-se com os santos e justos modos de agir de Jeová, e ajudavam-nos a ajustar-se a tais. (11:44) Ademais, os regulamentos delineados nesta parte da Bíblia, como parte da Lei, serviam como tutor para conduzir os crentes a Jesus Cristo, o grande Sumo Sacerdote de Deus, e aquele prefigurado pelos incontáveis sacrifícios oferecidos em harmonia com a Lei. — Gál 3:19, 24; He 7:26-28; 9:11-14; 10:1-10.
O livro de Levítico continua a ser hoje de grande valor para todos os que desejam servir a Jeová de forma aceitável. Um estudo do cumprimento de suas várias modalidades em relação com Jesus Cristo, o sacrifício de resgate e a congregação cristã, deveras fortalece a fé. Ao passo que é verdade que os cristãos não estão sob o pacto da Lei (He 7:11, 12, 19; 8:13; 10:1), os regulamentos delineados no livro de Levítico lhes dão uma percepção profunda do ponto de vista de Deus sobre os assuntos. Portanto, o livro não é mera narração de pormenores secos, inaplicáveis, mas uma fonte viva de informações. Por obter conhecimento de como Deus encara vários assuntos, alguns dos quais não especificamente abrangidos nas Escrituras Gregas Cristãs, o cristão pode ser ajudado a evitar o que desagrada a Deus, e fazer o que O agrada.

DESTAQUES DE LEVÍTICO
  
As leis de Deus, em especial as relativas ao serviço dos sacerdotes em Israel, com destaque, para o bem da nação como um todo, na seriedade do pecado e na importância de ser santo porque Jeová é santo.
  
Escrito por Moisés em 1512 AEC, enquanto Israel estava acampado junto ao monte Sinai.
Sacerdócio arônico é investido e começa a funcionar.
  
Moisés executa os procedimentos de investidura de sete dias. (8:1-36)
  
No oitavo dia, o sacerdócio começa a funcionar; Jeová manifesta sua aprovação por demonstrar sua glória e consumir a oferta sobre o altar. (9:1-24)
  
Jeová golpeia Nadabe e Abiú por terem oferecido fogo ilegítimo; subseqüentemente, é proibido o uso de bebidas alcoólicas quando a pessoa serve no santuário. (10:1-11)
  
Delineiam-se os requisitos para os que servirão como sacerdotes; baixam-se regulamentos sobre comer o que é santo. (21:1-22:16)
O uso de sacrifícios para manter uma relação aprovada com Deus.
  
Dão-se leis a respeito de animais aceitáveis como ofertas queimadas e como devem ser preparados para a apresentação. (1:1-17; 6:8-13; 7:8)
Estipulam-se tipos de ofertas de cereais, e como devem ser apresentadas a Jeová. (2:1-16; 6:14-18; 7:9, 10)
  
Estabelecem-se os procedimentos relativos a sacrifícios de participação em comum; comer sangue e gordura é proibido. (3:1-17; 7:11-36)
  
Especificam-se animais para oferta pelo pecado no caso de um sacerdote, da assembléia de Israel, de um maioral, ou de um dos do povo; delineiam-se os procedimentos para cuidar desta oferta. (4:1-35; 6:24-30)
  
Dão-se leis sobre situações que exigem ofertas pela culpa. (5:1-6:7; 7:1-7)
  
Dão-se instruções sobre a oferta a ser feita no dia em que o sacerdote é ungido. (6:19-23)
  
Todas as ofertas têm de ser sadias; alistam-se os defeitos que tornam um animal impróprio para sacrifício. (22:17-33)
  
Delineiam-se os procedimentos do Dia da Expiação, envolvendo o sacrifício de um novilho e dois bodes — um bode para Jeová e o outro para Azazel. (16:2-34)
Regulamentos detalhados para salvaguardar contra a impureza e manter a santidade.
  
Certos animais são aceitáveis como puros para alimento e outros são proibidos como impuros; contato com cadáveres resulta em impureza. (11:1-47)
  
A mulher deve ser purificada de sua impureza após ter dado à luz. (12:1-8)
  
Detalham-se procedimentos para lidar com casos de lepra. (13:1-14:57)
  
Emissões dos órgãos sexuais resultam em impureza, e exige-se purificação. (15:1-33)
  
Deve-se manter a santidade por respeitar a santidade do sangue e evitar o incesto, a sodomia, a bestialidade, a calúnia, o espiritismo e outras práticas detestáveis. (17:1-20:27)
Sábados e festividades sazonais para Jeová.
  
Delineiam-se dias e anos sabáticos, bem como regulamentos e princípios pertinentes ao jubileu. (23:1-3; 25:1-55)
  
Dão-se detalhes sobre como comemorar a anual Festividade dos Pães Não-fermentados (depois da Páscoa) e a Festividade das Semanas (mais tarde chamada de Pentecostes). (23:4-21)
  
Delineia-se o procedimento para comemorar o Dia da Expiação e a Festividade das Barracas. (23:26-44)
Bênçãos pela obediência, maldições pela desobediência.
  
Bênçãos pela obediência incluirão colheitas fartas, paz e segurança. (26:3-13)
  
Maldições devido à desobediência incluirão doenças, derrota por inimigos, fome, destruição de cidades, desolação da terra, e exílio. (26:14-45)

Números, Livro de
O quarto livro do Pentateuco. Deriva seu nome dos dois censos dos filhos de Israel mencionados nele. Narra eventos que ocorreram na região do monte Sinai, durante as peregrinações de Israel no ermo e nas planícies de Moabe. A narrativa abrange principalmente um período de 38 anos e 9 meses, de 1512 a 1473 AEC. (Núm 1:1; De 1:3, 4) Os acontecimentos narrados em Números 7:1-88 e 9:1-15, embora tenham ocorrido antes dos eventos do contexto, fornecem informações de fundo que constituem uma parte essencial do livro.
Escritor. A escrita do livro de Números, desde tempos antigos, tem sido atribuída a Moisés. A ampla evidência fornecida pelo próprio livro confirma isso. Não há nenhum indício de outra vida levada por Israel do que a no Egito e depois no ermo. Ao comentar a época em que se construiu Hébron, o escritor usa a cidade egípcia de Zoã como ponto de referência. (Núm 13:22) A idade de Zoã, razoavelmente, seria de conhecimento geral de um homem como Moisés, que “foi instruído em toda a sabedoria dos egípcios”. — At 7:22.
Certas ordens registradas no livro de Números são exclusivas da situação de uma nação em movimento. Estas incluem os prescritos acampamentos tribais (Núm 1:52, 53), a ordem de marcha (2:9, 16, 17, 24, 31) e os sinais de trombeta para convocar a assembléia e para levantar acampamento (10:2-6). Também, a lei sobre a quarentena é fraseada para se ajustar à vida num acampamento. (5:2-4) Diversas outras ordens são declaradas dum modo que exige uma aplicação futura quando os israelitas morassem na Terra da Promessa. Entre estas estão: o uso de trombetas para convocar à guerra (10:9), a separação de 48 cidades para os levitas (35:2-8), a ação a ser tomada contra a idolatria e os habitantes de Canaã (33:50-56), a escolha de seis cidades de refúgio, instruções sobre como lidar com casos de pessoas que afirmassem ser homicidas acidentais (35:9-33), e leis que envolviam heranças e o casamento de herdeiras (27:8-11; 36:5-9).
Além disso, o registro dos acampamentos israelitas é definitivamente atribuído a Moisés (Núm 33:2), e as palavras concludentes do livro de Números também indicam ser ele o escritor do relato. — 36:13.
Autenticidade. A autenticidade deste livro é confirmada além de qualquer dúvida. Notável é a sua candura. Não se escondem condutas erradas e derrotas. (Núm 11:1-5, 10, 32-35; 14:2, 11, 45) Até mesmo as transgressões do próprio Moisés, de seu irmão Arão, de sua irmã Miriã, e de seus sobrinhos Nadabe e Abiú são expostas. (3:3, 4; 12:1-15; 20:2-13) Várias vezes, os acontecimentos registrados neste livro são repetidos nos Salmos (78:14-41; 95:7-11; 105:40, 41; 106:13-33; 135:10, 11; 136:16-20). Por suas alusões a grandes eventos e outros pormenores registrados em Números, Josué (4:12; 14:2), Jeremias (2Rs 18:4), Neemias (9:19-22), Davi (Sal 95:7-11), Isaías (48:21), Ezequiel (20:13-24), Oséias (9:10), Amós (5:25), Miquéias (6:5), o mártir cristão Estêvão (At 7:36), os apóstolos Paulo (1Co 10:1-11) e Pedro (2Pe 2:15, 16), o discípulo Judas (v 11) e o Filho de Deus (Jo 3:14; Re 2:14) mostraram que aceitavam este registro como parte da Palavra inspirada de Deus. Há também a profecia de Balaão a respeito da estrela que avançaria de Jacó, profecia que teve seu cumprimento inicial quando Davi se tornou rei e depois subjugou os moabitas e os edomitas. — Núm 24:15-19; 2Sa 8:2, 13, 14.
Valor. O livro de Números ilustra fortemente a importância da obediência a Jeová, do respeito por ele e seus servos, da necessidade de se ter fé e de se prevenir contra homens ímpios (Núm 13:25-14:38; 22:7, 8, 22; 26:9, 10; He 3:7-4:11; 2Pe 2:12-16; Ju 11; Re 2:14), de não se pôr Jeová à prova, por falta de fé (Núm 21:5, 6; 1Co 10:9), bem como de refrear-se de resmungar (Núm 14:2, 36, 37; 16:1-3, 41; 17:5, 10; 1Co 10:10, 11) e da imoralidade sexual (Núm 25:1-9; 31:16; 1Co 10:6, 8). Os tratos de Jeová com Israel evidenciam grande poder, misericórdia e benevolência, bem como ser ele vagaroso em irar-se, embora não se refreie de punir os que o merecem. (Núm 14:17-20) Além disso, a posição e o ministério de Moisés (Núm 12:7; He 3:2-6), a milagrosa provisão de água saída dum rochedo (Núm 20:7-11; 1Co 10:4), erguer-se a serpente de cobre (Núm 21:8, 9; Jo 3:14, 15) e da água de purificação (Núm 19:2-22; He 9:13, 14) forneceram quadros proféticos que se cumpriram em Cristo Jesus.
O relato fornece matéria de fundo que esclarece outros textos. Mostra em que base o Rei Ezequias, de Judá, pôde providenciar a Páscoa em 14 de zive (íiar), em vez de em 14 de nisã (abibe). (Núm 9:10, 11; 2Cr 30:15) A plena consideração do nazireado (Núm 6:2-21) explica por que Sansão e Samuel não deviam cortar o cabelo (Jz 13:4, 5; 1Sa 1:11), e por que João, o Batizador, não devia tomar bebida inebriante. (Lu 1:15) Para ver outros exemplos, compare Números 2:18-23 com Salmo 80:2; Números 15:38 com Mateus 23:5; Números 17:8-10 com Hebreus 9:4; Números 18:26 com Hebreus 7:5-9; Números 18:31 com 1 Coríntios 9:13, 14; Números 28:9, 10, com Mateus 12:5.

DESTAQUES DE NÚMEROS
  
Narrativa histórica que demonstra quão vital é ser obediente a Jeová em todas as circunstâncias e respeitar seus representantes.
  
Abrange os eventos durante a maior parte do tempo em que Israel esteve no ermo, em caminho para a 
 Terra da Promessa.
As tribos de Israel são registradas e organizadas.
  
Cerca de um ano após o Êxodo do Egito, todos os varões israelitas de 20 anos de idade para cima são registrados, exceto os levitas. (1:1-49)
  
A cada divisão de três tribos se designa um lugar para acampar e uma posição na ordem de marcha. (2:1-34)
  
Os levitas são postos à parte para ajudar os sacerdotes; todos os levitas de mais de um mês de idade são registrados; são tomados por Jeová em troca dos primogênitos das outras tribos. (3:1-51)
  
Os varões de Coate, Gérson e Merari, os três filhos de Levi, de 30 a 50 anos de idade, são contados e recebem designações de serviço. (4:1-49)
  
Outro censo dos israelitas é feito pouco antes da sua entrada na Terra da Promessa. (26:1-65)
Os israelitas recebem ordens divinas a respeito da sua adoração e dos seus tratos de uns com os outros.
  
Estabelecem-se requisitos para os nazireus. (6:1-21)
  
Celebra-se a Páscoa; fazem-se provisões para que todos os impuros ou em viagem distante possam celebrá-la um mês depois de 14 de nisã. (9:1-14)
  
Dão-se diversos regulamentos a respeito dos deveres e dos privilégios dos sacerdotes e levitas, inclusive para a preparação da água de purificação e seu uso. (18:1-19:22)
  
Alistam-se as ofertas que têm de ser apresentadas diariamente, todos os sábados, no início de cada mês, durante as festividades e durante o sétimo mês. (28:1-29:40)
  
Registram-se as ordens de Jeová referentes aos votos. (30:1-16)
  
Os culpados têm de confessar e compensar os prejudicados. (5:5-8)
  
Estabelece-se o procedimento para tratar de casos em que a esposa é suspeita de adultério secreto. (5:11-31)
  
Providenciam-se seis cidades de refúgio. (35:9-34)
Os israelitas mostram falta de apreço pelas provisões de Jeová e desobedecem às suas ordens.
  
O povo queixa-se do maná e almeja carne; quando Jeová provê codornizes, muitos agem com extrema gulodice e são punidos com a morte. (11:4-34)
  
Eles acreditam no relato mau dos dez espias temerosos e querem voltar ao Egito; Moisés tem de interceder por eles. (13:1-14:19)
  
Quando aquela geração rebelde é sentenciada a perambular e morrer no ermo, o povo tenta entrar na Terra da Promessa sem a bênção de Jeová e sofre uma derrota militar. (14:26-45)
Há falta de respeito para com os representantes visíveis de Jeová.
  
Miriã e Arão falam contra Moisés; Jeová golpeia Miriã com lepra. (12:1-15)
  
Corá, Datã, Abirão, Om e 250 maiorais se levantam contra Moisés e Arão; Jeová executa os rebeldes, e isto dá margem para mais resmungos; outros 14.700 morrem. (16:1-50)
  
Em Cades, os israelitas se queixam amargamente de Moisés e de Arão por causa da falta de água; quando Jeová fornece milagrosamente um suprimento de água, Moisés e Arão deixam de santificar o nome de Jeová e assim perdem o privilégio de entrar na Terra da Promessa. (20:1-13)
  
Os israelitas se cansam e falam contra Jeová e Moisés; sofrem uma praga de serpentes e muitos morrem; Moisés intercede pelo povo, e todo aquele que foi picado pode salvar-se por olhar para uma serpente de cobre. (21:4-9)
Jeová abençoa Israel, mas insiste na devoção exclusiva ao passo que a nação se prepara para entrar em Canaã.
  
 Jeová dá a Israel a vitória sobre o rei de Arade. (21:1-3)
  
Israel derrota Síon e Ogue, tomando posse da terra deles. (21:21-35)
Balaque contrata Balaão para amaldiçoar os israelitas; Jeová o obriga em vez disso a abençoar Israel. (22:2-24:25)
Mulheres moabitas engodam homens israelitas à idolatria e à fornicação; 24.000 morrem por assim caírem na apostasia; Jeová se abranda quando Finéias não tolera rivalidade para com Ele. (25:1-18)

Deuteronômio
O nome hebraico deste quinto livro do Pentateuco é Deva·rím (Palavras), tirado da frase inicial do texto hebraico. O nome “Deuteronômio” deriva do título grego na Septuaginta, Deu·te·ro·nó·mi·on, que significa literalmente “Segunda Lei; Repetição da Lei”. Vem da tradução grega duma frase hebraica em Deuteronômio 17:18, mish·néh hat·toh·ráh, corretamente traduzida por ‘cópia da lei’.
A autenticidade de Deuteronômio como livro do cânon da Bíblia e de Moisés ser o escritor dele acha-se bem alicerçada no fato de que Deuteronômio sempre foi reputado pelos judeus como parte da Lei de Moisés. A evidência da autenticidade de Deuteronômio, em geral, é a mesma que a dos outros quatro livros do Pentateuco. (Veja PENTATEUCO; também esses livros sob os seus respectivos nomes.) Jesus é a principal autoridade que atesta a autenticidade de Deuteronômio, citando-o três vezes ao repelir as tentações de Satanás, o Diabo. (Mt 4:1-11; De 6:13, 16; 8:3) Também, Jesus respondeu à pergunta quanto a qual era o maior e o primeiro mandamento por citar Deuteronômio 6:5. (Mr 12:30) E Paulo cita Deuteronômio 30:12-14; 32:35, 36. — Ro 10:6-8; He 10:30.
O tempo abrangido pelo livro de Deuteronômio é um pouco superior a dois meses, no ano de 1473 AEC. Foi escrito nas planícies de Moabe, e consiste em quatro discursos, um cântico e uma bênção, da parte de Moisés, enquanto Israel acampava nas fronteiras de Canaã, antes de entrar nessa terra. — De 1:3; Jos 1:11; 4:19.
Objetivo. Apesar do significado do nome Deuteronômio, este livro não é uma segunda lei, nem uma repetição da Lei inteira, mas é antes uma explicação dela, como diz Deuteronômio 1:5. Exorta Israel à fidelidade a Jeová, usando a geração que peregrinou por 40 anos como exemplo a ser evitado. Moisés explica e discorre sobre alguns dos pontos essenciais da Lei e os princípios nela contidos, tendo em vista as circunstâncias mudadas de Israel quando se fixasse de forma permanente naquela terra. Faz concordemente ajustes em algumas das leis, e provê outros regulamentos concernentes à administração do governo em sua condição de povo fixado na Terra da Promessa.
Ao exortá-los e convocá-los a entrar neste pacto renovado com Jeová, mediante Moisés, o livro de Deuteronômio destaca notavelmente o conhecimento, o ensino e a instrução. As palavras “ensinar”, “ensino” e “ensinado” ocorrem com muito mais freqüência em Deuteronômio do que em Êxodo, Levítico ou Números. Moisés explicou que Jeová estava ensinando Israel por alimentá-los com o maná. (De 8:3) Disse aos israelitas que colocassem a lei de Deus, figuradamente, como frontal entre os olhos, e nos umbrais de suas casas e nos seus portões. (6:8, 9) Mandou-os inculcar Sua Lei nos filhos deles. (6:6, 7) Foram dadas instruções para que a Lei fosse lida a cada sétimo ano, durante a época da (anual) Festividade das Barracas. (31:10-13) Instruções especiais foram dadas para o rei que Israel pudesse vir a ter no futuro. Ele devia escrever para si mesmo uma cópia da Lei, e devia ler nela todo dia. (17:18-20) Toda vez que Israel saísse em combate, os sacerdotes deviam admoestar o povo a ter fé e coragem, e assegurar-lhe a vitória, pois Jeová, seu Deus, marchava junto com ele. (20:1-4) Quando entrassem na Terra da Promessa, deviam dividir as tribos em dois grupos, um grupo no monte Ebal e o outro no monte Gerizim, e então fazer que a lei de Deus fosse lida para eles. — 27:11-26; compare isso com Jos 8:33-35.
Destacado o Amor. O amor, a benignidade e a consideração também são destacados em Deuteronômio. As próprias palavras “amor” e “amar” ocorrem cinco vezes mais em Deuteronômio do que em Êxodo, Levítico e Números juntos. É aqui também que temos o maior mandamento, ao qual Jesus se referiu (Mt 22:36, 37), declarado de forma ímpar: “Tens de amar a Jeová, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua força vital.” (De 6:5; veja também 10:12; 11:13.) Jeová repetidas vezes expressa seu amor por Israel. (7:7-9; 23:5; 33:3) A própria tônica de Deuteronômio destaca o amor de Jeová ao seu povo. “Se somente desenvolvessem este coração seu para me temerem e para guardarem sempre todos os meus mandamentos, para que lhes fosse bem a eles e a seus filhos, por tempo indefinido!” (5:29) Efetivamente, em Deuteronômio, vez após vez encontramos expressões tais como “para que te vá bem”, e ‘para ficares vivo’. — 4:40; 5:16; 6:3; 22:7; 30:19, 20.
Embora Israel se confrontasse com a guerra ao tomar aquela terra, Jeová não deixou de mostrar amorosa consideração. A vitória não era tão importante, nem tão urgente, que se devessem fazer exigências impiedosas. Um homem noivo ficava isento. (De 20:7) Isentava-se um homem recém-casado, de modo que pudesse tratar com carinho sua esposa e ela tivesse seu marido presente pelo menos por um ano inteiro. (24:5) Caso um homem tivesse plantado um vinhedo e ainda não tivesse comido o fruto dele, ou se tivesse construído uma casa e não a tivesse inaugurado, estava dispensado da guerra, para que pudesse usufruir os frutos de seus labores. — 20:5, 6.
Deram-se pormenores explícitos com respeito a travar guerra e tomar a terra de Canaã. Os temerosos deviam ser mandados para casa, a fim de que não enfraquecessem também o coração de seus irmãos. (De 20:8) As cidades das nações especificadas de Canaã, cuja iniqüidade se tornara plena, sem falta deviam ser devotadas à destruição, mas às cidades que não fossem destas nações especificadas se devia oferecer a alternativa da rendição ou da destruição. Se se rendessem, deviam ser postas a trabalhos forçados, mas a Lei exigia que até mesmo escravos fossem tratados com benignidade, e os mandamentos dela protegiam as mulheres contra serem molestadas mesmo nas cidades tomadas em guerra. Nos casos das cidades que se negassem a se render, todos os varões deviam ser mortos, sendo poupadas apenas as crianças e as mulheres que ainda não haviam tido relações sexuais com homens. (20:10-18; compare isso com Núm 31:17, 18.) Ao construir obras de sítio em torno duma cidade, os israelitas não tinham permissão de cortar árvores frutíferas. — De 20:19, 20.
Os animais também receberam consideração amorosa no livro de Deuteronômio. Proibia-se aos israelitas tirar uma ave pousada no ninho, porque era o instinto protetor para com os seus filhotes que a tornava vulnerável. Permitia-se-lhe escapar, mas os filhotes podiam ser tomados pelos israelitas. A mãe estava assim livre para criar outra ninhada. (De 22:6, 7) Não se permitia ao lavrador atrelar um jumento junto com um touro, para impedir dificuldades para o animal mais fraco. (22:10) Não se devia açaimar o touro enquanto debulhava grãos, a fim de que não fosse atormentado pela fome enquanto havia cereais tão perto e ele gastava sua energia em debulhá-los. — 25:4.
Mostrou-se consideração na vida familiar e social. Ao filho primogênito cabia uma porção dupla, sem considerar se era ou não filho da esposa favorita. (De 21:15-17) Pela primeira vez se declarou, como lei, o casamento de cunhado, e especificaram-se as penalidades para fazê-la vigorar. (25:5-10) Eram obrigatórios os pesos e as medidas honestos. (25:13-16) O valor da vida foi enfatizado pela ordem de construir um parapeito em volta de todo o terraço da casa. (22:8) A consideração até mesmo para com um transgressor, que devia ser espancado, foi demonstrada pela Lei que limitava os golpes a 40. (25:1-3) Todos esses regulamentos forneciam minúcias à Lei, ao passo que também mostravam grande consideração. Ao mesmo tempo, havia mais rigidez.
Avisos e Leis. Deuteronômio está repleto de avisos contra a adoração falsa e a infidelidade, bem como de instruções sobre a maneira de lidar com tais, de modo a preservar a adoração pura. Algo notável em Deuteronômio é a exortação à santidade. Admoestava-se os israelitas a não se casarem com pessoas das nações em sua volta, porque isto representaria uma ameaça para a adoração pura e a lealdade a Jeová. (De 7:3, 4) Foram avisados contra o materialismo e a autojustiça. (8:11-18; 9:4-6) Foram feitas fortes leis referentes à apostasia. Eles deviam cuidar-se bem, a fim de que não se desviassem para outros deuses. (11:16, 17) Foram avisados contra os falsos profetas. Foram dadas instruções, em dois lugares, sobre como identificar um falso profeta e como lidar com ele. (13:1-5; 18:20-22) Até mesmo se um membro da própria família se tornasse apóstata, a família não devia ter pena dele, mas devia tomar parte em apedrejá-lo até a morte. — 13:6-11.
As cidades de Israel que apostatassem deviam ser devotadas à destruição e nada delas devia ser preservado para benefício pessoal de alguém. Tal cidade nunca deveria ser reconstruída. (De 13:12-17) Os delinqüentes cujos pais não conseguissem controlá-los deviam ser apedrejados até morrerem. — 21:18-21.
A santidade e o isentar-se da culpa de sangue foram destacados pela lei relativa ao modo de se lidar com um caso de homicídio não solucionado. (De 21:1-9) Indicando o zelo pela adoração pura, Deuteronômio continha regulamentos sobre quem podia tornar-se membro da congregação de Jeová, e quando. Nenhum filho ilegítimo, até a décima geração, nem moabita ou amonita, por tempo indefinido, e nenhum eunuco podia ser admitido. Todavia, egípcios e edomitas da terceira geração podiam tornar-se membros da congregação. — 23:1-8.
Deuteronômio esquematiza o arranjo judicial para Israel, quando se fixasse na Terra da Promessa. Delineia as habilitações para juízes, e o arranjo de tribunais nos portões das cidades, sendo o santuário o supremo tribunal do país, cujos julgamentos deviam ser seguidos por todo o Israel. — De 16:18-17:13.
Deuteronômio ressalta a posição de Jeová como o único Deus (De 6:4), a posição de Israel como seu povo único (De 4:7, 8), e o estabelecimento dum único local central de adoração (12:4-7). Prediz aquele que seria suscitado como profeta semelhante a Moisés e que falaria em nome de Jeová, alguém a quem todos deveriam estar sujeitos. — 18:18, 19.

DESTAQUES DE DEUTERONÔMIO
  
Discursos explicando partes da Lei e exortando Israel a amar e a obedecer a Jeová na terra em que estavam para entrar.
  
Escrito por Moisés pouco antes de Israel entrar na Terra da Promessa, em 1473 AEC.
Exortação a se lembrar do que Jeová havia feito e a servir somente a ele. (1:1-4:49)
Moisés relembra o envio de espias, a reação sem fé e rebelde ao relatório deles, o juramento de Jeová, de que aquela geração morreria no ermo.
Israel não devia molestar os filhos de Esaú (descendentes do irmão de Jacó), nem Moabe e Amom (prole do sobrinho de Abraão, Ló); mas Jeová deu a Israel a terra ocupada pelos reis amorreus Síon e Ogue, ao L do Jordão.
  
Moisés roga a Jeová para permitir-lhe cruzar o Jordão; em vez disso, Jeová manda-lhe comissionar e fortalecer Josué para liderar a nação.
Moisés lembra à nação a ira ardente de Jeová com respeito a Baal de Peor; não deve esquecer-se do que testemunhou em Horebe, nunca fazendo uma imagem esculpida para adoração; Jeová, o único Deus verdadeiro, exige devoção exclusiva.
Admoestação a amar a Jeová e a obedecer a todos os seus mandamentos. (5:1-26:19)
  
Moisés recapitula como a Lei foi dada em Horebe, repete as Dez Palavras, insta com Israel a fazer exatamente o que Jeová ordenou.
  
Têm de amar a Jeová de todo o coração, alma e força vital; as ordens de Deus têm de estar constantemente diante deles; devem explicar aos filhos o motivo dos regulamentos de Jeová.
  
Sete nações a serem extirpadas do país, junto com seus altares e imagens; nenhuma aliança matrimonial com elas.
  
Não se devem esquecer de como Deus lidou com eles no ermo, a fim de que soubessem que o homem não vive só de pão, mas de toda expressão da boca de Jeová.
Devem lembrar-se de como provocaram a Jeová por fazer um bezerro fundido; agora devem temê-lo, servi-lo e apegar-se a ele; cumprir todo o mandamento.
  
Regulamentos a serem obedecidos na Terra da Promessa: Eliminar a religião falsa de Canaã; adorar no lugar que Jeová escolher; não comer sangue; matar os apóstatas; comer alimentos puros; dar o décimo dos produtos a Jeová; ter consideração com os pobres; guardar as festividades anuais; seguir a justiça; evitar o espiritismo; escutar o suscitado por Jeová como profeta; respeitar marcos divisórios; manter a terra livre de culpa de sangue; mostrar compaixão; manter-se livre da imoralidade sexual; dar as primícias da terra a Jeová; mostrar-se santo para com Jeová.
Bênçãos pela obediência a Jeová, maldições pela desobediência. (27:1-28:68)
  
Depois de a nação cruzar o Jordão, a Lei devia ser inscrita em grandes pedras.
  
Maldições pela desobediência devem ser proferidas no monte Ebal.
  
Bênçãos pela obediência a todas as ordens de Jeová devem ser proferidas no monte Gerizim.
Pacto feito nas planícies de Moabe (29:1-30:20)
  
Recapitula o cuidado de Jeová no Egito e durante os 40 anos de Israel no ermo; adverte contra a desobediência obstinada.
  
Prediz a misericórdia de Jeová para com os arrependidos.
  
Apresenta-lhes a escolha entre a vida e a morte; exorta-os a escolher a vida por amar a Jeová, escutar a Sua voz e apegar-se a ele.
Transferência da liderança para Josué e últimas bênçãos de Moisés. (31:1-34:12)
  
Josué é comissionado para liderar Israel.
  
Moisés ensina a Israel um cântico que será testemunho contra eles caso abandonem a Jeová.
  
Moisés abençoa as tribos de Israel, depois morre no monte Nebo

Josué, Livro de
Este livro bíblico fornece um elo vital na história dos israelitas por mostrar como se cumpriram as promessas de Deus, feitas aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. Provavelmente abrangendo um período de mais de 20 anos (1473-c. 1450 AEC), ele conta a conquista de Canaã, seguida pela distribuição de terras aos israelitas; e conclui com os discursos de Josué, exortando à fidelidade a Jeová.
Conter o livro nomes antigos de cidades (Jos 14:15; 15:15) e instruções pormenorizadas, e depois relatar como estas foram executadas, indica que se trata dum registro contemporâneo. (Veja exemplos em Jos 1:11-18; 2:14-22; 3:2-4:24; 6:22, 23.) Na realidade, o escritor identifica-se como vivendo no tempo de Raabe, de Jericó, e, portanto, como testemunha ocular. —  6:25.
Autenticidade. Na avaliação de alguns, porém, o livro de Josué não é história verídica. Este conceito baseia-se primariamente na suposição de que, visto os milagres mencionados no livro não serem da atual experiência humana, eles não podem ter acontecido. Questiona, portanto, a capacidade de Deus de realizar milagres, se não também a existência dele, bem como a integridade do escritor. Embelezar o escritor o seu relato com ficção, ao mesmo tempo apresentando-se como testemunha ocular, o tornaria culpado de fraude deliberada. Certamente, não é lógico concluir que um livro que honra a Deus como Cumpridor da sua palavra (Jos 21:43-45), que exorta à fidelidade a Ele (23:6-16; 24:14, 15, 19, 20, 23) e que abertamente admite os fracassos de Israel tenha sido produzido por uma testemunha falsa. — 7:1-5; 18:3.
Ninguém pode negar que a nação israelita veio à existência e ocupou a terra descrita no livro de Josué. Do mesmo modo, não há nenhuma base válida para se questionar a veracidade do relato deste livro a respeito da maneira em que os israelitas obtiveram a posse de Canaã. Nem os salmistas (Sal 44:1-3; 78:54, 55; 105:42-45; 135:10-12; 136:17-22), nem Neemias (Ne 9:22-25), nem o primeiro mártir cristão, Estêvão (At 7:45), nem o discípulo Tiago (Tg 2:25), nem o erudito apóstolo Paulo (At 13:19; He 4:8; 11:30, 31) duvidaram da sua autenticidade. E 1 Reis 16:34 registra o cumprimento da maldição profética de Josué proferida uns 500 anos antes por ocasião da destruição de Jericó. — Jos 6:26.
Escritor. Alguns peritos, embora reconheçam que o livro tenha sido escrito no tempo de Josué, ou perto dele, rejeitam o conceito judaico tradicional de que o próprio Josué o escreveu. A objeção principal deles é que alguns dos eventos registrados no livro de Josué aparecem também no livro de Juízes, o qual começa com as palavras: “E aconteceu depois da morte de Josué.” (Jz 1:1) Não obstante, esta declaração inicial não necessariamente é indicador de tempo para todos os eventos encontrados no relato de Juízes. O livro não segue uma estrita ordem cronológica, porque menciona um evento que definitivamente ocorreu antes da morte de Josué. (Jz 2:6-9) Portanto, algumas coisas, tais como a captura de Hébron por Calebe (Jos 15:13, 14; Jz 1:9, 10), de Debir por Otniel (Jos 15:15-19; Jz 1:11-15), e de Lesem, ou Laís (Dã), pelos danitas (Jos 19:47, 48; Jz 18:27-29), podem igualmente ter ocorrido antes da morte de Josué. Até mesmo a ação dos danitas, de erigir uma imagem idólatra em Laís, razoavelmente poderia enquadrar-se no tempo de Josué. (Jz 18:30, 31) Na sua exortação concludente, Josué disse aos israelitas: “Removei os deuses a que vossos antepassados serviram do outro lado do Rio e no Egito, e servi a Jeová.” (Jos 24:14) Se não tivesse havido idolatria, esta declaração teria pouco sentido.
Logicamente, pois, com exceção da parte concludente que relata a morte de Josué, o livro pode ser atribuído a ele. Assim como Moisés registrara os acontecimentos durante a sua vida, assim teria sido bem apropriado Josué fazer o mesmo. O próprio livro relata: “Então escreveu Josué estas palavras no livro da lei de Deus.” — Jos 24:26.
Não Contraditório. Alguns acharam que o livro é contraditório por dar a entender que o país foi totalmente subjugado por Josué, quando ao mesmo tempo relata que grande parte dele ainda restava para ser tomada. (Veja Jos 11:16, 17, 23; 13:1.) Mas, estas aparentes discrepâncias são facilmente resolvidas quando se leva em conta que havia dois aspectos distintos na conquista. Primeiro, a guerra nacional, sob a liderança de Josué, quebrantou o poder dos cananeus. A seguir, exigiu ação individual e tribal para tomar plenamente posse do país. (17:14-18; 18:3) É provável que, enquanto Israel guerreava em outra parte, os cananeus se estabeleceram novamente em cidades tais como Debir e Hébron, de modo que estas tiveram de ser tomadas de novo por esforços individuais ou tribais. — Compare Jos 11:21-23 com Jos 14:6, 12; 15:13-17.

DESTAQUES DE JOSUÉ
  
Registro de como Jeová deu a terra de Canaã a Israel, em cumprimento do Seu juramento aos antepassados deles.
  
Eventos de aproximadamente os primeiros 20 anos após a morte de Moisés, ao fim da peregrinação de 
 Israel no ermo.
Josué prepara Israel para entrar em Canaã, envia espias. (1:1-2:24)
  
Jeová comissiona Josué para levar os israelitas para aquela terra.
  
Josué ordena que Israel seja instruído a fim de se aprontar para cruzar o Jordão.
  
Ele envia espias para investigar o país e a cidade de Jericó.
  
Enquanto em Jericó, estes são escondidos por Raabe, a quem se promete que ela e todos os da sua casa que obedecerem às instruções dadas serão poupados na vindoura destruição de Jericó.
Israel cruza o Jordão a pé enxuto. (3:1-5:12)
  
O povo santifica-se em preparação para a travessia do Jordão.
  
Os sacerdotes que carregam a arca são os primeiros a entrar no rio; o rio é milagrosamente represado a certa distância rio acima, e os israelitas o atravessam a pé enxuto.
  
Para comemorar a travessia,  pedras são tiradas do rio e erigidas em Gilgal; outras  pedras são erigidas onde os sacerdotes haviam ficado em pé no leito do rio.
  
Os varões israelitas nascidos no ermo são circuncidados; celebra-se uma Páscoa; cessa a provisão do maná, e Israel passa a comer dos produtos da terra.
A conquista de Jericó é seguida pela derrota em Ai. (5:13-8:35)
  
O angélico príncipe do exército de Jeová aparece a Josué; Jeová diz a Josué como lutar contra Jericó.
  
Durante seis dias sucessivos, os israelitas marcham diariamente uma vez em volta da cidade; no sétimo dia, marcham sete vezes em volta dela; após a volta final, dão um alto grito, as muralhas de Jericó caem e a cidade é devotada à destruição.
  
Acã tira para si algo do que havia sido devotado à destruição.
  
Por causa do pecado dele, Jeová retira sua ajuda e Israel sofre uma derrota em Ai; descobre-se o pecado de Acã, e ele e os da sua casa são apedrejados.
  
O segundo ataque a Ai é bem-sucedido com a bênção de Jeová.
  
Josué constrói um altar no monte Ebal e lê a Lei para o povo.
Os gibeonitas solicitam paz, ao passo que outros são destruídos. (9:1-12:24)
  
Os habitantes de Gibeão, sabendo dos êxitos de Israel, com astúcia enganam Josué a fazer um pacto com eles.
  
Cinco reis se unem para atacar os gibeonitas, mas Israel vem em ajuda de Gibeão; Jeová lança grandes pedras de saraiva e milagrosamente estende as horas da luz do dia, causando a derrota total dos atacantes.
  
Os israelitas, sob Josué, capturam cidades no SO e no S.
  
Obtêm a vitória sobre uma coalizão de reis no N.
A terra é repartida entre as tribos de Israel. (13:1-22:34)
  
Rubem, Gade e a meia tribo de Manassés têm território ao L do Jordão.
  
Calebe recebe Hébron; as tribos de Judá, Efraim e a outra meia tribo de Manassés recebem uma herança de terra por sortes.
  
Ergue-se o tabernáculo em Silo, e lançam-se sortes ali sobre determinadas heranças de terra para as tribos remanescentes.
  
Os levitas recebem  cidades, das quais são cidades sacerdotais; reservam-se cidades de refúgio.
  
Homens de Rubem, Gade e da meia tribo de Manassés constroem um altar junto ao Jordão; seu objetivo é entendido mal, até explicarem que deve servir de memorial de fidelidade a Jeová.
Josué exorta Israel a servir fielmente a Jeová. (23:1-24:33)
  
Josué, em idade avançada, convoca uma assembléia dos líderes de Israel e exorta-os a permanecerem fiéis a Jeová.
  
Numa assembléia em Siquém, ele recapitula os tratos de Deus e incentiva Israel a temer a Jeová e a servir somente a Ele; eles expressam sua determinação de fazer isso e confirmam suas obrigações pactuadas.
  
Josué morre.


Juízes, Livro de
Livro bíblico que basicamente abrange um período de uns 330 anos, entre a conquista de Canaã por Israel e o começo da monarquia. Anteriormente, os israelitas haviam sido avisados de que não expulsarem eles os habitantes da terra, conforme divinamente ordenados, levaria a adotarem as práticas religiosas degradadas dos cananeus. Por fim, isto resultaria no desfavor de Jeová e em eles serem abandonados aos inimigos. (Êx 23:32, 33; 34:11-17; Núm 33:55; De 7:2-5) O registro histórico encontrado no livro de Juízes mostra como o aviso se transformou em realidade. Todavia, em vez de o livro lidar extensamente com a infidelidade de Israel e a resultante opressão por estrangeiros, ele narra primariamente as façanhas dos juízes e as maravilhosas libertações que Jeová realizou por meio deles. Assim se destacam a capacidade de Jeová salvar, e sua longanimidade, misericórdia, benignidade imerecida e justiça. Os próprios juízes se destacam como exemplos primorosos de fé. — He 11:32-34, 39, 40.
Disposição. O livro de Juízes está ligado ao livro bíblico precedente pelas palavras iniciais: “E aconteceu depois da morte de Josué.” No entanto, alguns dos acontecimentos narrados nele evidentemente ocorreram antes de Josué morrer. Por exemplo, Juízes 2:6 reza: “Quando Josué mandou o povo embora, então os filhos de Israel seguiram seu caminho, cada um para a sua herança, para tomar posse do país.” De modo que, pelo visto, Juízes 1:1-3:6 serve de introdução, recorrendo o escritor a eventos que aconteceram antes e depois da morte de Josué, a fim de fornecer o fundo histórico para o relato que segue. A seção desde o capítulo 3, versículo 7, até o fim do capítulo 16, basicamente se encontra em ordem cronológica e relata as atividades de 12 juízes (não se incluindo Débora), começando com Otniel e terminando com Sansão. A última parte do livro poderia ser chamada de apêndice e se ajusta a um período bem anterior ao juizado de Sansão. A captura de Laís pelos danitas razoavelmente poderia ter ocorrido antes da morte de Josué. (Veja Jos 19:47; Jz 18:27-29.) O crime sexual em massa dos homens de Gibeá e os eventos subseqüentes, que resultaram quase no extermínio da tribo de Benjamim, provavelmente ocorreram poucos anos depois da morte de Josué. (Jz 19:1-21:25; Jos 24:31) Isto concederia tempo suficiente para os benjamitas terem aumentado de cerca de 600 homens (Jz 20:47) para quase 60.000 guerreiros no tempo do reinado de Davi. — 1Cr 7:6-12.
Escritor e Tempo da Composição. A evidência interna fornece uma base para se calcular quando o livro de Juízes foi escrito. Foi compilado quando havia um rei governando Israel. Senão, o escritor, referindo-se ao passado, não teria dito: “Naqueles dias não havia rei em Israel.” (Jz 17:6; 18:1; 19:1; 21:25) Todavia, era uma época em que os jebuseus ainda moravam em Jerusalém. (Jz 1:21) Visto que Davi, em 1070 AEC, arrebatou dos jebuseus “a fortaleza de Sião” (parte de Jerusalém) e transferiu para lá a sua capital (2Sa 5:6-9), o livro de Juízes deve ter sido escrito antes daquela data, provavelmente durante o reinado de Saul. Naquela época, Samuel era o principal defensor da verdadeira adoração, e, como profeta de Jeová, era a pessoa lógica para registrar este livro.
Autenticidade. Não se pode pôr em dúvida que o livro de Juízes ocupa legitimamente um lugar no cânon bíblico. É franco e honesto, e não oculta os graves pecados de Israel. Todo o livro dá glória e honra, não a juízes humanos, mas a Jeová Deus, como verdadeiro Libertador de Israel. Mostra que era o espírito de Deus que habilitava os juízes (Jz 3:9, 10; 6:34; 11:29; 13:24, 25; 14:6, 19; 15:14, 18; 16:20, 28-30) e estes, por sua vez, reconheciam a Jeová como Juiz (11:27) e Rei (8:23). Outros livros bíblicos inspirados citam eventos registrados nele. — 1Sa 12:9-11; 2Sa 11:21; Sal 83:9-12; Is 9:4; 10:26; He 11:32-34.

DESTAQUES DE JUÍZES
  
Narrativa vigorosa de libertações realizadas repetidas vezes por Jeová a favor de Israel por meio dos juízes, sempre que Israel abandonava práticas idólatras e buscava seriamente a sua ajuda.
  
O livro, provavelmente escrito por Samuel, abrange uns 330 anos entre a conquista de Canaã e o começo da monarquia.
Fundo histórico das condições prevalecentes durante o tempo dos juízes. (1:1-3:6)
  
Após a morte de Josué, as tribos de Israel deixam de expulsar do país os habitantes remanescentes de Canaã.
  
Em vez disso, casam-se com esses pagãos e são enlaçados pela religião falsa deles.
  
Jeová os abandona aos adversários; mas, de tempos em tempos, suscita juízes para libertá-los.
Libertações da opressão sempre que Israel abandonava a adoração falsa e clamava a Jeová por ajuda. (3:7-16:31)
  
Por meio de Otniel, Israel é liberto da subjugação de oito anos ao rei mesopotâmico Cusã-Risataim.
  
Os 18 anos de domínio do rei moabita Eglom terminam quando ele é morto por Eúde, o qual reúne então um exército israelita e subjuga os moabitas.
  
Sangar, sozinho, golpeia 600 filisteus, salvando assim Israel.
  
Baraque, incentivado pela profetisa Débora, derrota Jabim, acabando assim com os 20 anos de opressão de Israel por ele; Sísera, chefe do exército de Jabim, é morto por Jael, esposa de Héber, o queneu; Débora e Baraque comemoram esta vitória com um cântico.
  
Gideão é comissionado para libertar Israel dos sete anos de hostilização dos midianitas; Jeová concede a vitória, depois de reduzir o exército de Gideão a somente 300 homens; Gideão, a seguir, recusa a realeza.
  
Tola julga Israel por 23 anos, e Jair julga por 22 anos.
  
Israel sofre às mãos dos amonitas; Jeová provê libertação por meio de Jefté, o qual depois cumpre seu voto de entregar sua filha única ao serviço de Jeová.
  
Ibsã, Elom e Abdom julgam Israel num total de uns 25 anos.
Jeová dá a Sansão uma enorme força e o usa para livrar Israel dum domínio de 40 anos por parte dos filisteus; seu noivado com uma mulher filistéia de Timná lhe oferece oportunidades de agir contra eles; ser ele traído por Dalila, por fim, resulta numa situação em que ele, na morte, mata mais filisteus do que durante a sua vida.
Outras situações indesejáveis que surgiram durante o tempo dos juízes. (17:1-21:25)
  
Em Efraim, Micá erige no seu lar uma imagem e emprega um jovem levita como sacerdote.
  
Certos danitas vêm à casa de Micá e mais tarde furtam os objetos idólatras dele; levam também consigo o levita, para servir-lhes de sacerdote.
  
Homens da cidade benjamita de Gibeá são culpados dum crime sexual em massa contra a concubina dum levita; não serem os culpados entregues para punição resulta em as outras tribos empreenderem uma guerra punitiva contra Benjamim; esta tribo é quase que aniquilada.


Rute, Livro de
Este livro da Bíblia deriva seu nome de um dos seus personagens principais, Rute, a moabita. A narrativa mostra como Rute se tornou uma ancestral de Davi por meio do casamento de cunhado com Boaz, em favor de sua sogra, Noemi. O apreço, a lealdade e a confiança em Jeová que Boaz, Noemi e Rute demonstraram permeiam o relato. — Ru 1:8, 9, 16, 17; 2:4, 10-13, 19, 20; 3:9-13; 4:10.
Excetuando-se a lista genealógica (Ru 4:18-22), os eventos relatados no livro de Rute abrangem um período de cerca de 11 anos no tempo dos juízes, embora não se declare exatamente quando é que ocorreram durante esse período. — Ru 1:1, 4, 22; 2:23; 4:13.
A tradição judaica atribui a Samuel a escrita deste livro, e isto não discordaria da evidência interna. O fato de que o relato conclui com a genealogia de Davi sugere que o escritor estava a par do propósito de Deus com respeito a Davi. Isto se ajustaria a Samuel, pois foi ele quem ungiu a Davi para ser rei. Por isso, teria sido também apropriado que Samuel fizesse um registro dos ancestrais de Davi. — 1Sa 16:1, 13.
Autenticidade e Valor. Que o livro de Rute é histórico fica confirmado pela genealogia de Jesus Cristo, apresentada por Mateus, a qual alista Boaz, Rute e Obede na linhagem de ascendentes. (Mt 1:5; compare com Ru 4:18-22; 1Cr 2:5, 9-15.) Ademais, é inconcebível que um escritor hebreu tivesse inventado deliberadamente um ancestral materno estrangeiro para Davi, o primeiro rei da linhagem real de Judá.
O registro histórico fornece matéria de fundo que ilustra e esclarece outras partes da Bíblia. Apresenta-se de forma vívida a aplicação das leis referentes à respiga (Le 19:9, 10; De 24:19-22; Ru 2:1, 3, 7, 15-17, 23) e ao casamento de cunhado. (De 25:5-10; Ru 3:7-13; 4:1-13) Há evidência da orientação de Jeová na preservação da linhagem que levava ao Messias, bem como na escolha dos indivíduos para essa linhagem. Às mulheres israelitas casadas com um homem da tribo de Judá apresentava-se a possível perspectiva de contribuir para a linhagem terrestre do Messias. (Gên 49:10) O fato de Rute, uma moabita, ter sido assim favorecida ilustra o princípio declarado pelo apóstolo Paulo: “Depende, . . . não daquele que deseja, nem daquele que corre, mas de Deus, que tem misericórdia.” (Ro 9:16) Rute escolhera a Jeová como seu Deus e a Israel como seu povo, e Jeová, em sua grande misericórdia, concedeu-lhe um “salário perfeito”, ao permitir que ela se tornasse um elo na mais importante linhagem. — Ru 2:12; 4:13-17.

DESTAQUES DE RUTE
  
Narrativa que mostra como Rute, moabita que temia a Jeová Deus, foi abençoada por Ele, tornando-se parte da ininterrupta linhagem messiânica que conduzia ao Rei Davi.
Transcorre nos dias dos juízes; a escrita foi terminada provavelmente por volta de 1090 AEC.
Rute decide permanecer com Noemi e seu Deus, Jeová. (1:1-22)
  
Sem filhos e viúvas, Rute e Orpa acompanham Noemi, sua sogra, viúva de Elimeleque, quando esta parte de Moabe para retornar a Judá.
  
Dissuadida pelas palavras de Noemi sobre as desalentadoras perspectivas de um novo casamento, Orpa volta.
  
Rute é resoluta; declara que o povo de Noemi será seu povo e que o Deus de Noemi será seu Deus.
  
Por fim, Rute e Noemi chegam a Belém.
Rute respiga no campo de Boaz. (2:1-3:18)
  
Por acaso, Rute passa a respigar no campo de Boaz, parente de Elimeleque, e granjeia sua atenção favorável.
  
Rute continua a respigar no campo de Boaz até o fim das colheitas de cevada e de trigo.
  
Daí, acatando as instruções de Noemi, Rute solicita a Boaz que aja como resgatador; Boaz está disposto, mas há um homem de parentesco mais próximo a Noemi do que ele.
Boaz, como resgatador, casa-se com Rute. (4:1-22)
  
Perante dez anciãos de Belém, Boaz oferece ao parente mais próximo a oportunidade de resgatar o campo de Elimeleque e suscitar descendência para o falecido, realizando com Rute o casamento de cunhado.
  
Diante da recusa do parente, Boaz age como resgatador.
  
A união de Boaz e Rute é abençoada com o nascimento dum filho, Obede, avô do Rei Davi.

Samuel, Livros de
Dois livros das Escrituras Hebraicas que aparentemente não estavam separados no cânon hebraico original. Isto é indicado por uma nota na Massorá, que mostra que as palavras em Primeiro Samuel, capítulo 28 (um dos capítulos finais de Primeiro Samuel) encontravam-se no meio do livro.
Escritores e Tempo Abrangido. A antiga tradição judaica atribui a Samuel a escrita da primeira parte do livro, e a Natã e Gade a da parte restante. Que estes três profetas realmente escreveram é confirmado em 1 Crônicas 29:29. O próprio livro relata: “Samuel falou então ao povo sobre a prerrogativa legítima do reinado, e escreveu-a num livro e depositou-o perante Jeová.” (1Sa 10:25) Todavia, à base de 1 Samuel 27:6, onde se faz menção dos “reis de Judá”, diversos peritos situam a compilação final dos livros de Samuel algum tempo depois de ter vindo à existência o reino de dez tribos de Israel. Se a expressão “reis de Judá” indica apenas os reis de Judá, do reino de duas tribos, isto mostra que os escritos de Samuel, Natã e Gade devem ter sido colocados na forma final por outra pessoa. Por outro lado, se “reis de Judá” simplesmente significa reis da tribo de Judá, essas palavras podem ter sido registradas por Natã, visto que ele viveu sob o domínio de dois reis de Judá, Davi e Salomão. — 1Rs 1:32-34; 2Cr 9:29.
Terem Ana e um “homem de Deus”, cujo nome não se menciona, usado as expressões “rei” e “ungido” anos antes mesmo de um rei governar Israel não dá apoio ao argumento de alguns, de que estas passagens datam dum período posterior ao indicado no livro. (1Sa 2:10, 35) A idéia de no futuro haver um rei de modo algum era alheia aos hebreus. A promessa de Deus referente a Sara, antepassada dos israelitas, fora de que “reis de povos” procederiam dela. (Gên 17:16) Também, a profecia no leito de morte feita por Jacó (Gên 49:10), as palavras proféticas de Balaão (Núm 24:17) e a Lei mosaica (De 17:14-18) indicavam um tempo em que os israelitas teriam um rei.
A narrativa histórica nos dois livros de Samuel começa na época do sumo sacerdote Eli e termina com eventos do reinado de Davi. Portanto, abrange um período de aproximadamente 140 anos (c. 1180-c. 1040 AEC). Visto que o registro não menciona a morte de Davi, o relato (com a possível exceção de acréscimos editoriais) foi provavelmente completado por volta de 1040 AEC.
Autenticidade. A autenticidade do relato nos livros de Samuel é bem confirmada. O próprio Cristo Jesus, ao refutar uma objeção levantada pelos fariseus, citou o incidente registrado em 1 Samuel 21:3-6, de Davi receber do sacerdote Aimeleque pães da apresentação. (Mt 12:1-4) Na sinagoga de Antioquia da Pisídia, o apóstolo Paulo citou 1 Samuel 13:14, ao recapitular brevemente eventos da história de Israel. (At 13:20-22) Este apóstolo, na sua carta aos romanos, usou palavras do salmo de Davi, trecho encontrado tanto em 2 Samuel 22:50 como no Salmo 18:49, para provar que o ministério de Cristo para os judeus confirmava as promessas de Deus e fornecia uma base para não-judeus ‘glorificarem a Deus pela sua misericórdia’. (Ro 15:8, 9) As palavras de Jeová, dirigidas a Davi, em 2 Samuel 7:14, são citadas e aplicadas a Cristo Jesus em Hebreus 1:5, mostrando assim que Davi servia como tipo profético do Messias.
Notável também é a candura do registro. Expõe os erros da casa sacerdotal de Eli (1Sa 2:12-17, 22-25), a corrupção dos filhos de Samuel (1Sa 8:1-3), e os pecados e dificuldades familiares do Rei Davi (2Sa 11:2-15; 13:1-22; 15:13, 14; 24:10).
Outra evidência da autenticidade do relato é o cumprimento de profecias. Estas relacionam-se com o pedido de Israel de ter um rei (De 17:14; 1Sa 8:5), a rejeição da casa de Eli por Jeová (1Sa 2:31; 3:12-14; 1Rs 2:27) e a continuação do reinado na linhagem de Davi (2Sa 7:16; Je 33:17; Ez 21:25-27; Mt 1:1; Lu 1:32, 33).
O registro está em completa harmonia com o restante das Escrituras. Isto é especialmente notável ao se examinar os salmos, muitos deles sendo esclarecidos pelo conteúdo dos livros de Samuel. Enviar o Rei Saul mensageiros para vigiar a casa de Davi, a fim de matá-lo, fornece o fundo para o Salmo 59. (1Sa 19:11) O que se deu com Davi em Gate, onde ele disfarçou sua sanidade para escapar da morte, recebe alusão nos Salmos 34 e 56. (1Sa 21:10-15; evidentemente, o nome Abimeleque que ocorre no cabeçalho do Salmo 34 deve ser encarado como título do Rei Aquis.) O Salmo 142 talvez reflita os pensamentos de Davi enquanto se escondia de Saul na caverna de Adulão (1Sa 22:1) ou na caverna no ermo de En-Gedi. (1Sa 24:1, 3) Este talvez seja também o caso com o Salmo 57. No entanto, uma comparação do Salmo 57:6 com 1 Samuel 24:2-4 parece favorecer a caverna no ermo de En-Gedi, porque ali Saul como que caiu no fojo que escavara para Davi. O Salmo 52 refere-se a Doegue informar Saul sobre o tratos de Davi com Aimeleque. (1Sa 22:9, 10) A ação dos zifitas em revelarem o esconderijo de Davi ao Rei Saul fornece a base para o Salmo 54. (1Sa 23:19) O Salmo 2 parece aludir às tentativas dos filisteus de destronar Davi, depois de ele ter capturado a fortaleza de Sião. (2Sa 5:17-25) As dificuldades com os edomitas durante a guerra com Hadadezer são o fundo para o Salmo 60. (2Sa 8:3, 13, 14) O Salmo 51 é uma oração de Davi, implorando perdão pelo seu pecado com Bate-Seba. (2Sa 11:2-15; 12:1-14) A fuga de Davi diante de Absalão fornece a base para o Salmo 3. (2Sa 15:12-17, 30) É possível que o Salmo 7 tenha seu fundo histórico nas maldições que Simei lançou contra Davi. (2Sa 16:5-8) O Salmo 30 talvez aluda a eventos relacionados com a construção dum altar por Davi, na eira de Araúna. O Salmo 18 equipara-se a 2 Samuel 22 e trata de Jeová libertar Davi de Saul e de outros inimigos.
Trechos Que Faltam na “Septuaginta” Grega. Primeiro Samuel 17:12-31; 55-18:6a não consta na Septuaginta grega conforme o Manuscrito Vaticano N.° 1209. Por isso, diversos peritos têm concluído que essas partes omitidas são acréscimos posteriores ao texto hebraico. Ao argumentar contra este conceito, C. F. Keil e F. Delitzsch comentam: “A idéia de que as partes em questão sejam interpolações introduzidas no texto não pode ser sustentada à base da mera autoridade da versão Septuaginta, visto que a maneira arbitrária em que os tradutores desta versão fizeram omissões e acréscimos à vontade é óbvia para qualquer pessoa.” — Commentary on the Old Testament (Comentário Sobre o Velho Testamento), 1973, Vol. II, 1 Samuel, p. 177 n.
Se pudesse ser definitivamente confirmado que existem realmente discrepâncias entre as partes omitidas e o restante do livro, haveria uma razoável dúvida sobre a autenticidade de 1 Samuel 17:12-31; 55-18:6a. Uma comparação de 1 Samuel 16:18-23 com 1 Samuel 17:55-58 revela o que parece ser uma contradição, pois, nesta última passagem, Saul é retratado como perguntando sobre a identidade do seu próprio músico da corte e escudeiro, Davi. No entanto, deve-se notar que, ser Davi descrito anteriormente como “homem poderoso, valente, e homem de guerra” pode ter-se baseado nos seus atos corajosos de sozinho matar um leão e um urso para salvar as ovelhas de seu pai. (1Sa 16:18; 17:34-36) As Escrituras tampouco declaram que Davi realmente servisse em batalhas como escudeiro de Saul antes de matar Golias. Saul solicitara a Jessé: “Por favor, deixa Davi assistir diante de mim, pois achou favor aos meus olhos.” (1Sa 16:22) Esta solicitação não exclui a possibilidade de Saul mais tarde ter permitido que Davi retornasse a Belém, de modo que, quando irrompeu a guerra com os filisteus, Davi estava então pastoreando o rebanho de seu pai.
A respeito da pergunta de Saul: “Filho de quem é o rapaz, Abner?” o já citado comentário observa (p. 178 n): “Mesmo que Abner não se tivesse preocupado em saber da linhagem do harpista de Saul, o próprio Saul não pode ter-se esquecido de que Davi era filho do belemita Jessé. Mas a pergunta de Saul implicava em muito mais. Ele não queria saber apenas o nome do pai de Davi, mas que espécie de homem realmente era o pai dum jovem que tinha a coragem de realizar tal façanha heróica, maravilhosa; e a pergunta não foi feita somente para que ele lhe concedesse a eximição da sua casa de impostos, em recompensa prometida por vencer Golias (ver. 25), mas também com toda a probabilidade para que ligasse tal homem à sua corte, visto que inferia da coragem e bravura do filho a existência de qualidades similares no pai. É verdade que Davi apenas respondeu: ‘O filho do teu servo Jessé, de Belém’; mas é bem evidente da expressão no cap.  xviii. 1, ‘assim que acabou de falar a Saul’, que Saul conversou mais com ele sobre os seus assuntos de família, visto que as próprias palavras dão a entender que houve uma longa conversa.” (Para ver outros exemplos em que “quem” envolve mais do que apenas saber o nome de alguém, veja Êx 5:2; 1Sa 25:10.)
De modo que há sólidos motivos para se considerar 1 Samuel 17:12-31; 55-18:6a como parte do texto original.

DESTAQUES DE PRIMEIRO SAMUEL
  
Registro dos primórdios do reinado em Israel, salientando a obediência a Jeová.
  
Escrito por Samuel, Natã e Gade; Primeiro Samuel abrange o tempo desde o nascimento de Samuel até a morte do primeiro rei de Israel, Saul.
Jeová suscita Samuel como profeta em Israel. ( 1:1-7:17)
  
Samuel nasce em resposta à oração de sua mãe Ana; depois de desmamado, ele é apresentado para o serviço no santuário, em cumprimento do voto de Ana.
Jeová fala a Samuel, proferindo julgamento contra a casa de Eli, porque os filhos deste, Hofni e Finéias, agem iniquamente e Eli não os censura.
  
À medida que Samuel cresce, ele é reconhecido como profeta de Jeová.
  
A palavra de Jeová contra Eli passa a cumprir-se; os filisteus capturam a Arca e matam os filhos de Eli; Eli morre ao ouvir a notícia.
  
Anos mais tarde, Samuel exorta os israelitas a abandonarem a idolatria e a servirem somente a Jeová; Jeová lhes dá a vitória sobre os filisteus.
Saul torna-se o primeiro rei de Israel. (8:1-15:35)
  
Os anciãos de Israel se chegam ao idoso Samuel, pedindo um rei humano; Jeová lhe manda escutar a voz deles.
  
Jeová manda Samuel ungir como rei a Saul, um benjaminita.
  
Samuel apresenta Saul a uma assembléia de israelitas em Mispá; nem todos o aceitam.
  
Saul derrota os amonitas; seu reinado é reconfirmado em Gilgal; Samuel admoesta o povo a permanecer obediente a Jeová.
  
Confrontado com uma agressão dos filisteus, Saul deixa de obedecer a Jeová e de esperar pela chegada de Samuel, oferecendo ele mesmo sacrifícios; Samuel lhe diz que, por causa disso, seu reino não durará.
  
Saul derrota os amalequitas, mas em desobediência preserva vivo o Rei Agague e os melhores animais; Samuel diz a Saul que Jeová o rejeita como rei e que a obediência é mais importante do que um sacrifício.
Davi obtém destaque, e isto ira a Saul. (16:1-20:42)
Samuel unge Davi, e o espírito de Jeová abandona Saul; Davi torna-se harpista de Saul para acalmá-lo quando perturbado.
  
Davi mata o campeão filisteu Golias, e desenvolve-se uma profunda amizade entre Davi e Jonatã, filho de Saul.
  
Encarregado dos guerreiros de Saul, Davi obtém repetidas vitórias e é celebrado em cântico mais do que Saul; Saul fica com ciúme.
Duas tentativas de Saul, de matar Davi, fracassam, assim como também sua trama de fazer Davi morrer às mãos dos filisteus ao procurar obter o preço de noiva pela filha de Saul, Mical.
  
Apesar da promessa que Saul fez a Jonatã, ele tenta pela terceira vez matar Davi, e este foge para Samuel, em Ramá.
  
Jonatã não é bem-sucedido ao interceder por Davi perante seu pai; ele avisa Davi, e faz com Davi um pacto.
A vida de Davi como fugitivo. (21:1-27:12)
  
Em Nobe, o sumo sacerdote Aimeleque dá a Davi comida e a espada de Golias; Davi foge então para Gate, onde escapa de dano por se fingir de louco.
  
Refugia-se na caverna de Adulão e depois na floresta de Herete; Saul manda matar Aimeleque e todos os outros em Nobe; Abiatar, filho de Aimeleque, sobrevive e se chega a Davi.
  
Davi salva Queila diante dos filisteus, mas depois deixa a cidade para evitar ser entregue a Saul.
  
Os homens de Zife revelam o paradeiro de Davi; ele mal escapa de ser capturado.
  
Davi tem a oportunidade de matar Saul, mas poupa-lhe a vida.
  
Samuel morre.
  
A intervenção sábia de Abigail impede que Davi derrame sangue num acesso de ira.
  
Davi poupa a vida de Saul pela segunda vez e se refugia em território filisteu.
O fim do reinado de Saul. (28:1-31:13)
  
Saul reúne um exército contra invasores filisteus.
  
Jeová não responde às indagações de Saul por causa da desobediência deste, de modo que Saul consulta uma médium espírita em En-Dor.
  
Na batalha contra os filisteus, Saul é gravemente ferido e se suicida; seus filhos Jonatã, Abinadabe e Malquisua são mortos.

DESTAQUES DE SEGUNDO SAMUEL
  
Registro do reinado de Davi — as bênçãos que este obteve, bem como a disciplina que recebeu ao pecar.
  
Era originalmente parte dum único rolo junto com Primeiro Samuel; a parte de Segundo Samuel foi completada por Gade e Natã por volta do fim da vida de Davi, aproximadamente em 1040 AEC.
Davi torna-se rei e governa em Hébron. ( 1:1-4:12)
  
Davi lamenta a morte de Saul e de Jonatã; passa a morar em Hébron e é ungido rei pelos homens de Judá.
  
Abner constitui Is-Bosete, filho de Saul, rei sobre o restante de Israel; irrompe luta entre os reinos rivais.
  
Abner bandeia-se para Davi, mas é morto por Joabe.
  
Is-Bosete é assassinado; Davi ordena a execução dos assassinos.
Davi reina sobre todas as tribos de Israel. (5:1-10:19)
  
Davi é ungido rei sobre todo o Israel; ele captura a fortaleza de Sião e torna Jerusalém sua capital.
  
Os filisteus fazem duas invasões, mas são derrotados ambas as vezes.
  
Davi tenta levar a Arca a Jerusalém; a tentativa é abandonada quando Uzá morre ao procurar impedir que a Arca caia.
  
Sua segunda tentativa é bem-sucedida quando a Arca é transportada de modo correto.
  
Davi expressa a Natã seu desejo de construir um templo para Jeová; Jeová conclui com ele um pacto para um reino.
Davi peca com Bate-Seba; sobrevém-lhe calamidade da sua própria casa. (11:1-20:26)
  
Os israelitas travam guerra contra Amom; Davi comete adultério com Bate-Seba, cujo marido Urias serve no exército; quando os esforços de ocultar seu pecado falham, Davi providencia que Urias morra em batalha, e então se casa com a enviuvada Bate-Seba.
  
Com o hábil uso duma ilustração, Natã repreende Davi pelo seu pecado e anuncia o julgamento de Jeová: Da sua própria casa sairá calamidade, suas próprias esposas serão violentadas, seu filho com Bate-Seba morrerá.
  
O filho morre; Bate-Seba, novamente grávida, dá à luz Salomão.
  
Amnom, filho de Davi, estupra sua meia-irmã Tamar; Absalão, filho de Davi, irmão germano de Tamar, vinga-a por mandar matar Amnom; depois foge para Gesur.
  
Depois de ter obtido o pleno perdão de Davi, Absalão começa a tramar contra seu pai; por fim, ele se faz proclamar rei em Hébron.
  
Davi e seus apoiadores fogem de Jerusalém para escapar de Absalão e seus partidários; em Jerusalém, Absalão tem relações sexuais com dez concubinas de Davi; as forças de Absalão perseguem Davi e sofrem derrota. O próprio Absalão é morto, contrário a ordens específicas de Davi.
  
Davi é restabelecido como rei; o benjaminita Seba revolta-se, e Davi entrega o comando do exército a Amasa, para sufocar a rebelião; Joabe mata Amasa e assume o controle; Seba é morto.
Os últimos eventos do reinado de Davi. (21:1-24:25)
  
Davi entrega sete filhos de Saul aos gibeonitas para serem executados, a fim de que se possa vingar a culpa de sangue da casa de Saul.
  
Davi compõe cânticos de louvor a Jeová, reconhecendo-o como fonte de inspiração.
  
Davi peca ao ordenar um censo, o que resulta na morte de cerca de 70.000 por uma pestilência.
  
Davi compra a eira de Araúna, o jebuseu, como lugar para um altar para Jeová.

Reis, Livros dos
Livros das Escrituras Sagradas que narram a história de Israel, desde os últimos dias do Rei Davi até a libertação do Rei Joaquim da prisão em Babilônia.
Os dois livros dos Reis constituíam originalmente um só rolo, chamado “Reis” (hebr.: Mela·khím), e, na Bíblia em hebraico da atualidade, ainda são contados como um só livro, o quarto na seção conhecida como Profetas Anteriores. Na Septuaginta grega, os Livros dos Reis foram chamados de Terceiro e Quarto Reinos, tendo os Livros de Samuel sido chamados de Primeiro e Segundo Reinos. Na Vulgata latina, estes livros eram juntos conhecidos como os quatro livros dos Reis, porque Jerônimo preferiu o nome Regum (Reis), em harmonia com o título hebraico, à tradução literal do título da Septuaginta, Regnorum (Reinos). A divisão em dois livros, na Septuaginta, tornou-se prática porque a tradução para o grego, com vogais, exigia quase que o dobro do espaço do hebraico, em que não se empregavam vogais até a segunda metade do primeiro milênio da Era Comum. A divisão entre Segundo Samuel e Primeiro Reis nem sempre tem sido feita no mesmo lugar nas versões gregas. Luciano, de sua parte, em sua recensão da Septuaginta, fez essa divisão de modo que Primeiro Reis começasse com o que é 1 Reis 2:12 em nossas Bíblias atuais.
A Escrita dos Livros. Embora o nome do escritor dos livros dos Reis não seja fornecido nos dois relatos, indícios bíblicos e a tradição judaica apontam para Jeremias. Muitas palavras e expressões hebraicas encontradas nesses dois livros só aparecem depois, na Bíblia, na profecia de Jeremias. Os livros dos Reis e o livro de Jeremias se complementam; eventos, tais como um governo, são mencionados apenas brevemente num deles, se são descritos de forma plena no outro. A ausência de qualquer menção de Jeremias nos livros dos Reis, embora ele fosse um profeta de grande destaque, já era de esperar caso Jeremias fosse o escritor, porque suas atividades foram pormenorizadas no livro que leva seu nome. Os livros dos Reis contam as condições existentes em Jerusalém após o início do exílio, indicando que o escritor, assim como se deu com Jeremias, não fora levado para Babilônia. — Je 40:5, 6.
Alguns peritos vêem nos livros dos Reis o que consideram ser evidência do trabalho de mais de um escritor ou compilador. No entanto, excetuando-se as variações devido às fontes empregadas, deve-se observar que a linguagem, o estilo, o vocabulário e a gramática são uniformes do princípio ao fim.
Primeiro Reis abrange um período de cerca de 129 anos, a contar dos dias finais do Rei Davi, cerca de 1040 AEC, e indo até a morte do Rei Jeosafá, de Judá, por volta de 911 AEC. (1Rs 22:50) Segundo Reis começa com o reinado de Acazias (cerca de 920 AEC), e prossegue até o fim do 37.° ano do exílio de Joaquim, 580 AEC, um período de cerca de 340 anos. (2Rs 1:1, 2; 25:27-30) Por isso, os relatos conjugados dos livros dos Reis abrangem cerca de quatro séculos e meio da história dos hebreus. Visto que os eventos neles registrados incluem os que chegam até 580 AEC, tais livros não poderiam ter sido concluídos antes dessa data, e, visto não haver menção do término do exílio babilônico, tais livros, como um só rolo, sem dúvida foram concluídos antes desse evento.
O lugar da escrita de ambos os livros parece ter sido, na maior parte, Judá, porque a maioria das fontes de matéria estaria disponível ali. No entanto, Segundo Reis foi logicamente concluído no Egito, para onde Jeremias foi levado depois do assassínio de Gedalias, em Mispá. — Je 41:1-3; 43:5-8.
Os livros dos Reis sempre fizeram parte do cânon judaico, e são aceitos como canônicos. Há boas razões para isso, porque esses livros dão prosseguimento ao desenvolvimento do principal tema da Bíblia, a vindicação da soberania de Jeová e o derradeiro cumprimento do seu propósito para com a terra, por meio de seu Reino sob Cristo, a Semente prometida. Ademais, três importantes profetas, Elias, Eliseu e Isaías, recebem destaque, e mostra-se que as profecias deles tiveram infalível cumprimento. Os eventos registrados nos livros dos Reis são mencionados e elucidados em outras partes das Escrituras. Jesus se refere três vezes a coisas escritas nestes livros — menciona Salomão (Mt 6:29), a rainha do sul (Mt 12:42; compare isso com 1Rs 10:1-9), a viúva de Sarefá e Naamã (Lu 4:25-27; compare isso com 1Rs 17:8-10; 2Rs 5:8-14). Paulo menciona o relato sobre Elias e os 7.000 homens que não dobraram o joelho diante de Baal. (Ro 11:2-4; compare isso com 1Rs 19:14, 18.) Tiago fala das orações de Elias, pedindo seca e chuva. (Tg 5:17, 18; compare com 1Rs 17:1; 18:45.) Tais referências às ações de pessoas descritas nos livros dos Reis atestam a canonicidade desses escritos.
Os livros dos Reis foram em grande parte compilados à base de fontes escritas, e o escritor indica claramente que consultou tais fontes externas para obter algumas informações. Refere-se ao “livro dos assuntos de Salomão” (1Rs 11:41), ao “livro dos assuntos dos dias dos reis de Judá” (1Rs 15:7, 23), e ao “livro dos assuntos dos dias dos reis de Israel” (1Rs 14:19; 16:14).
Um dos mais antigos manuscritos hebraicos ainda existentes que contém os livros dos Reis na íntegra data de 1008 EC. O Manuscrito Vaticano N.° 1209 e o Manuscrito Alexandrino contêm os livros dos Reis (em grego), mas o Manuscrito Sinaítico não os contém. Fragmentos dos livros dos Reis, datando evidentemente do período AEC, foram encontrados nas cavernas de Qumran.
A estrutura desses livros indica que o escritor ou compilador forneceu fatos pertinentes a cada rei para fins cronológicos e para revelar a avaliação de Deus, favorável ou desfavorável, de cada rei. A relação do reinado deles com a adoração de Jeová sobressai como o fator mais importante. Depois de considerar o reinado de Salomão, há, com algumas exceções, um padrão geral estabelecido para descrever cada reinado, ao passo que duas linhas históricas paralelas se entrelaçam. No caso dos reis de Judá, fornece-se em geral primeiro um sincronismo introdutório com o contemporâneo rei de Israel, daí a idade do rei, a duração do seu reinado, o local do governo, e o nome e o lugar de origem de sua mãe, sendo este último item de interesse e importância porque pelo menos alguns dos reis de Judá eram polígamos. Ao concluir a narrativa sobre cada rei, cita-se a fonte das informações, o sepultamento do rei e o nome de seu sucessor. Alguns dos mesmos pormenores são fornecidos para cada rei de Israel, mas a idade do rei por ocasião de sua ascensão, e o nome e o local de origem de sua mãe não são fornecidos. As informações fornecidas em Primeiro e Segundo Reis têm sido muito úteis no estudo da cronologia bíblica. — Veja post CRONOLOGIA.
Os livros dos Reis são mais do que simples anais ou uma narração de eventos, como acontece numa crônica. Relatam fatos históricos com uma explicação de seu significado. Pelo visto, foi eliminado do relato tudo o que não tinha que ver diretamente com o desenrolar do propósito de Deus, e o que não ilustrava os princípios pelos quais Jeová lida com seu povo. As falhas de Salomão e de outros reis de Judá e de Israel não são ocultadas, mas são relatadas com a máxima candura.
Evidência Arqueológica. A descoberta de numerosos artefatos supriu certa confirmação de que os livros dos Reis são histórica e geograficamente exatos. A arqueologia, bem como as provas vivas da atualidade, confirmam a existência das florestas de cedro no Líbano, das quais Salomão obteve madeira para suas construções em Jerusalém. (1Rs 5:6; 7:2) Evidência de atividade industrial tem sido encontrada na bacia do Jordão, ao N do Jaboque, onde certa vez se erguiam Sucote e Zaretã. — 1Rs 7:45, 46.
A invasão de Judá por parte de Sisaque, nos dias de Roboão, (1Rs 14:25, 26) é confirmada pelo próprio registro do Faraó, constante das paredes do templo de Carnac, no Egito. Um obelisco de calcário negro, do Rei Salmaneser III, da Assíria, encontrado em Nimrud, em 1846, retrata talvez um emissário de Jeú curvando-se perante Salmaneser, um incidente que, embora não seja citado nos livros dos Reis, se soma ao testemunho da historicidade do Rei Jeú, de Israel. As extensivas obras de construção de Acabe, incluindo “a casa de marfim que construiu” (1Rs 22:39), são bem atestadas pelas ruínas encontradas em Samaria.
A Pedra Moabita narra alguns dos eventos envolvidos na revolta do Rei Mesa contra Israel, fornecendo a versão do monarca moabita sobre o ocorrido. (2Rs 3:4, 5) Esta inscrição alfabética também contém o Tetragrama.
O nome Peca é encontrado num texto analístico atribuído a Tiglate-Pileser III. (2Rs 15:27) A campanha de Tiglate-Pileser III contra Israel é mencionada em seus anais reais e numa inscrição dum prédio assírio. (2Rs 15:29) O nome Oséias também foi decifrado à base de inscrições da campanha de Tiglate-Pileser. — 2Rs 15:30; Ancient Near Eastern Texts (Textos Antigos do Oriente Próximo), editado por J. Pritchard, 1974, pp. 282-284.
Ao passo que algumas das campanhas do Rei Senaqueribe, da Assíria, são mencionadas em seus anais, a destruição angélica de seu exército de 185.000 homens, ao ameaçar Jerusalém, não é mencionada (2Rs 19:35), nem esperaríamos encontrar nos seus jactanciosos registros um relato deste tremendo revés. Encontrou-se notável confirmação arqueológica da última declaração dos livros dos Reis em tábuas cuneiformes escavadas em Babilônia. Estas indicam que Ja’ukinu (Joaquim) estava preso em Babilônia, e mencionam que lhe eram fornecidas provisões tiradas do tesouro real. — 2Rs 25:30; Ancient Near Eastern Texts, p. 308.
Cumprimentos de Profecias. Os livros dos Reis contêm várias profecias e apontam para notáveis cumprimentos. Por exemplo, 1 Reis 2:27 mostra o cumprimento da palavra de Jeová contra a casa de Eli. (1Sa 2:31-36; 3:11-14) Profecias sobre Acabe e sua casa foram cumpridas. (Compare 1Rs 21:19-21 com 1Rs 22:38 e 2Rs 10:17.) O que foi predito a respeito de Jezabel e de seus restos mortais provou-se verídico. (Compare 1Rs 21:23 com 2Rs 9:30-36.) E os fatos históricos confirmam a veracidade da profetizada destruição de Jerusalém. — 2Rs 21:13.
Entre os muitos pontos ressaltados nos livros dos Reis acha-se a importância de apegar-se aos requisitos de Jeová, e as nefastas conseqüências de se desconsiderar Suas leis justas. Os dois livros dos Reis comprovam vigorosamente as conseqüências preditas tanto da obediência como da desobediência a Jeová Deus.

DESTAQUES DE PRIMEIRO REIS
  
Resumo conciso da história tanto do reino de Judá como do reino de Israel, desde os últimos dias de Davi até a morte de Jeosafá.
  
Originalmente, o primeiro livro dos Reis fazia parte de um só rolo junto com Segundo Reis.
Salomão é conhecido pela notável sabedoria no início de seu governo, mas acaba apostatando.
  
Natã, numa ação decisiva, frustra a tentativa de Adonias de se tornar rei de Israel; Salomão é entronizado. ( 1:5-2:12)
  
Quando Jeová lhe pergunta o que deseja, Salomão pede sabedoria; concede-se-lhe adicionalmente riquezas e glória. (3:5-15)
  
A sabedoria divinamente concedida se evidencia na maneira em que Salomão lida com o caso de duas prostitutas, ambas afirmando ser a mãe dum mesmo bebê do sexo masculino. (3:16-28)
  
O Rei Salomão e Israel sob seu governo prosperam; a sabedoria sem paralelo do rei fica mundialmente famosa. (4:1-34; 10:14-29)
  
Salomão constrói o templo de Jeová, e, mais tarde, um conjunto palacial; depois todos os anciãos de Israel se reúnem para a inauguração. (5:1-8:66)
  
Jeová santifica o templo, assegura Salomão da permanência da linhagem real, mas adverte contra a infidelidade. (9:1-9)
  
A rainha de Sabá vem ver pessoalmente a sabedoria e a prosperidade de Salomão. (10:1-13)
  
Na velhice, Salomão é influenciado por suas muitas esposas estrangeiras e vai atrás de deuses estrangeiros. (11:1-8)
A nação se divide em dois; institui-se a adoração de bezerros para impedir que os habitantes do reino setentrional subam a Jerusalém.
  
Devido à apostasia de Salomão, Jeová prediz a divisão da nação. (11:11-13)
  
Após a morte de Salomão, seu filho Roboão ameaça impor um jugo mais pesado ao povo; dez tribos se revoltam e fazem de Jeroboão rei. (12:1-20)
  
Jeroboão estabelece a adoração de bezerros de ouro no reino setentrional para impedir seus súditos de ir a Jerusalém para adorar e assim talvez passarem a desejar a reunificação do reino. (12:26-33)
O reino meridional, Judá, tem reis tanto bons como maus.
Roboão e Abijão, depois dele, permitem a detestável adoração falsa. (14:21-24; 15:1-3)
Asa, filho de Abijão, e seu filho Jeosafá, promovem ativamente a adoração verdadeira. (15:9-15; 22:41-43)
O reino setentrional, Israel, é maculado por lutas pelo poder, assassinatos e idolatria.
Nadabe, filho de Jeroboão, torna-se rei; Baasa o assassina e apodera-se do trono. (15:25-30)
  
Elá, filho de Baasa, sucede ao trono e é assassinado por Zinri; Zinri comete suicídio ao ver-se derrotado por Onri. (16:6-20)
  
A vitória de Onri leva a guerra civil; Onri finalmente triunfa, torna-se rei, e mais tarde constrói Samaria; seus pecados são ainda piores do que os de reis anteriores. (16:21-28)
  
Acabe torna-se rei e se casa com a filha de Etbaal, rei dos sidônios; ele introduz a adoração de Baal em Israel. (16:29-33)
Guerras entre Judá e Israel terminam em aliança.
  
Jeroboão trava guerras tanto contra Roboão como contra Abijão; Baasa luta contra Asa. (15:6, 7, 16-22)
  
Jeosafá faz aliança com Acabe. (22:1-4, 44)
  
Jeosafá e Acabe batalham juntos contra Ramote-Gileade; Acabe é morto. (22:29-40)
Atividade profética em Israel e Judá.
  
Aijá prediz que dez tribos serão tiradas da casa de Davi; mais tarde, ele proclama o julgamento de Jeová contra Jeroboão. (11:29-39; 14:7-16)
  
Semaías transmite a palavra de Jeová de que Roboão e seus súditos não devem lutar contra as dez tribos que se rebelaram. (12:22-24)
  
Um homem de Deus anuncia o julgamento de Jeová contra o altar para a adoração do bezerro em Betel. (13:1-3)
  
Jeú, filho de Hanani, pronuncia o julgamento de Jeová contra Baasa. (16:1-4)
  
Elias prediz uma longa seca em Israel; durante a seca, ele aumenta milagrosamente o suprimento de alimentos duma viúva e ressuscita o filho dela. (17:1-24)
  
Elias propõe uma prova no monte Carmelo para determinar quem é o Deus verdadeiro; quando Jeová é provado verdadeiro, os profetas de Baal são mortos; Elias foge para não ser morto por Jezabel, esposa de Acabe, mas Jeová envia Elias para ungir Hazael, Jeú e Eliseu. (18:17-19:21)
  Micaías prediz a derrota de Acabe em batalha. (22:13-28)

DESTAQUES DE SEGUNDO REIS
  
Continuação da história de Judá e de Israel iniciada em Primeiro Reis; vai até a destruição de Samaria e depois a de Jerusalém, devido à infidelidade.
  
A escrita foi provavelmente concluída no Egito uns 27 anos após a destruição de Jerusalém por Babilônia.
Depois de Elias, Eliseu serve qual profeta de Jeová.
  
Elias prediz a morte de Acazias; também invoca fogo dos céus sobre dois chefes militares desrespeitosos junto com suas companhias de 50 homens, enviados para buscar o profeta. ( 1:2-17)
  
Elias é arrebatado num vendaval; Eliseu recebe seu manto oficial. (2:1-13)
  
Eliseu divide as águas do Jordão e cura a água de Jericó; seu conselho inspirado salva os exércitos aliados de Israel, Judá e Edom de perecerem por falta de água, e resulta na derrota dos moabitas; ele faz aumentar o suprimento de óleo duma viúva, ressuscita o filho duma sunamita, torna inofensivo um cozido venenoso, multiplica uma dádiva de pão e cereal, cura a lepra de Naamã, anuncia que a lepra de Naamã sobrevirá ao ganancioso Geazi e a seus descendentes, e faz flutuar o ferro dum machado emprestado. (2:14-6:7)
  
Eliseu avisa de antemão o rei de Israel sobre ataques de surpresa por parte dos sírios; uma força síria chega para apoderar-se dele, mas é acometida de cegueira mental temporária; os sírios sitiam Samaria, e Eliseu é culpado pela fome resultante; ele prediz o fim da fome. (6:8-7:2)
  
A comissão dada a Elias é completada quando Eliseu diz a Hazael que este se tornará rei da Síria, e envia um mensageiro para ungir Jeú como rei sobre Israel. (8:7-13; 9:1-13)
  
Jeú age contra a casa de Acabe, erradicando de Israel a adoração de Baal. (9:14-10:28)
  
Eliseu, em seu leito de morte, é visitado por Jeoás, neto de Jeú; ele prediz três vitórias sobre a Síria. (13:14-19)
O desrespeito de Israel para com Jeová leva ao exílio na Assíria.
  
A adoração de bezerros iniciada por Jeroboão prossegue durante os reinados de Jeú e seus descendentes — Jeoacaz, Jeoás, Jeroboão II e Zacarias. (10:29, 31; 13:6, 10, 11; 14:23, 24; 15:8, 9)
  
Nos dias finais de Israel, o Rei Zacarias é assassinado por Salum, Salum por Menaém, o filho de Menaém, Pecaías, por Peca, e Peca por Oséias. (15:8-30)
Durante o reinado de Peca, Tiglate-Pileser III, rei da Assíria, leva muitos israelitas para o exílio; no nono ano de Oséias, Samaria é destruída e Israel é levado para o exílio por ter desrespeitado a Jeová; o território de Israel é povoado por outros povos. (15:29; 17:1-41)
Reformas religiosas em Judá não produzem nenhuma mudança duradoura; Babilônia destrói Jerusalém e leva o povo de Deus para o exílio.
  
Jeorão, de Judá, casa-se com Atalia, filha de Acabe e Jezabel; Jeorão apostata, bem como seu filho Acazias depois dele. (8:16-27)
Quando Acazias morre, Atalia tenta exterminar a descendência de Davi, para que ela mesma possa reinar; Jeoás, filho de Acazias, é salvo pela tia e por fim é feito rei; Atalia é morta. (11:1-16)
Enquanto o sumo sacerdote Jeoiada está vivo e o aconselha, Jeoás restabelece a adoração verdadeira, mas os ‘sacrifícios nos altos’ persistem durante seu reinado e o de seus sucessores — Amazias, Azarias (Uzias) e Jotão. (12:1-16; 14:1-4; 15:1-4, 32-35)
  
Acaz, filho de Jotão, pratica idolatria; Ezequias, filho de Acaz, realiza boas reformas, mas estas são desfeitas pelos subseqüentes maus reinados de Manassés e Amom. (16:1-4; 18:1-6; 21:1-22)
  
Josias, filho de Amom, toma medidas firmes para livrar o país da idolatria; ele é morto numa batalha contra o Faraó Neco. (22:1-23:30)
  
Os últimos quatro reis de Judá são infiéis: Jeoacaz, filho de Josias, morre cativo no Egito; Jeoiaquim, irmão de Jeoacaz, reina depois dele; Joaquim, filho e sucessor de Jeoiaquim, é levado para o exílio babilônico; Zedequias, irmão de Jeoiaquim, reina até Jerusalém ser conquistada pelos babilônios, e a maioria dos sobreviventes da conquista é levada para o exílio. (23:31-25:21)

Crônicas, Os livros das
Dois livros inspirados das Escrituras Hebraicas, os quais, pelo visto, constituíam um único volume no original cânon hebraico. Os massoretas os consideravam uma única obra, e são considerados como um só livro nas relações que consideram as Escrituras Hebraicas como compostas de 22 ou 24 livros, e como dois livros na relação que considera o número total de livros como 39. A divisão em dois livros parece ter-se originado com os tradutores da Septuaginta grega. Nos manuscritos hebraicos, a divisão em dois começou no século 15. No texto hebraico, Crônicas aparece no fim da seção chamada de Escritos. O nome hebraico, Div·réh Hai·ya·mím, significa “Os Assuntos dos Dias”. Jerônimo sugeriu o nome de Chronicon, do qual deriva Crônicas, na Bíblia em português. Uma crônica é um registro de acontecimentos na ordem em que ocorreram. O título grego (na Septuaginta) é Pa·ra·lei·po·mé·non, que significa “Coisas Passadas por Alto (Não Ditas; Omitidas)”, isto é, dos livros de Samuel e dos Reis. No entanto, deve-se notar que as Crônicas de modo algum são mero suplemento destes livros.
Escritor, Tempo, e Período Abrangido. Por várias razões, considera-se o sacerdote judeu Esdras como o escritor. A tradição judaica há muito tem sustentado este conceito. É também apoiado pela notável semelhança entre o estilo de escrita de Crônicas e o estilo do livro de Esdras. Há uma repetição no fim de Segundo Crônicas e no começo de Esdras, virtualmente palavra por palavra. Além disso, a declaração do decreto de Ciro encontrada no fim de Segundo Crônicas é apresentada na íntegra no livro de Esdras, indicando que o escritor encerrou o livro de Crônicas com a intenção de escrever outro livro (Esdras), que trataria mais plenamente do decreto e da sua execução. Crônicas foi concluído por volta de 460 AEC. Evidentemente, apenas dois livros do cânon hebraico foram terminados depois de 460 AEC, a saber, Neemias e Malaquias.
Além das listas genealógicas, que começam com Adão, as Crônicas abrangem o período desde a morte do Rei Saul até os exilados serem levados para Babilônia, falando a conclusão do decreto de Ciro, no fim do exílio de 70 anos.
Fontes. Esdras presumiu que seus leitores estivessem a par dos livros de Reis, e, portanto, não tentou abranger os mesmos assuntos. A matéria que usou, que em alguns casos reza exatamente ou quase que igual a partes de Reis, está incluída apenas para reter aquilo que, pela sua relação com o assunto, dá sentido às informações adicionais em Crônicas. Esdras talvez usasse como fontes os livros de Samuel e Reis, bem como outras partes da Bíblia, mas parece que, na maioria dos casos, se não em todos, ele teve acesso a escritos cuja existência se desconhece agora. Alguns destes talvez fossem documentos de estado, tanto de Israel como de Judá, registros genealógicos, e obras históricas escritas por profetas, bem como documentos de posse de chefes tribais ou familiares. Parte das fontes usadas, sem dúvida, era obra de cronistas profissionais. — 1Rs 4:3.
Esdras cita ou descreve algumas das fontes que usou, do seguinte modo:
(1) O Livro dos Reis de Judá e de Israel (2Cr 16:11; 25:26).
(2) O Livro dos Reis de Israel e de Judá (2Cr 27:7; 35:27).
(3) O Livro dos Reis de Israel (2Cr 20:34). (As fontes supracitadas talvez fossem a mesma coleção de documentos estatais, com formas variadas de se indicar o título, ou poderiam referir-se aos livros dos Reis na Bíblia.)
(4) O Livro dos Reis de Israel (evidentemente uma obra genealógica) (1Cr 9:1).
(5) A explanação do Livro dos Reis (2Cr 24:27) (para informações sobre Jeoás, de Judá).
(6) Os assuntos dos reis de Israel (2Cr 33:18) (para informações sobre Manassés).
(7) As palavras de Samuel, o vidente, e de Natã, o profeta, e de Gade, o visionário (1Cr 29:29) (para informações sobre Davi). (Esta talvez fosse uma só obra, ou duas ou três; ou talvez se referisse a Juízes e aos livros de Samuel.)
(8) As palavras de Natã, o profeta (2Cr 9:29) (para informações sobre Salomão).
(9) A profecia de Aijá, o silonita (2Cr 9:29) (sobre Salomão).
(10) “Semaías . . . assentou . . . por escrito” (1Cr 24:6) (sobre Davi), e as palavras de Semaías, o profeta, e de Ido, o visionário, segundo o registro genealógico (2Cr 12:15) (sobre Roboão) (talvez duas ou três fontes).
(11) As palavras de Jeú, filho de Hanani, que foram incluídas no Livro dos Reis de Israel (2Cr 20:34) (sobre Jeosafá).
(12) O resto dos assuntos de Uzias, por Isaías, filho de Amoz, o profeta (2Cr 26:22).
(13) As palavras dos visionários (de Manassés) (2Cr 33:19).
(14) Endechas (de Jeremias e possivelmente de cantores) (2Cr 35:25) (sobre Josias).
(15) A explanação do profeta Ido (2Cr 13:22) (sobre Abias).
(16) A narração dos assuntos dos dias do Rei Davi (1Cr 27:24).
(17) O mandamento de Davi e de Gade, e de Natã, o profeta (2Cr 29:25) (conforme feito vigorar por Ezequias).
(18) O que foi escrito por Davi e por Salomão, seu filho (2Cr 35:4) (conforme mencionado por Josias).
(19) O mandamento de Davi, e de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, visionário do rei (2Cr 35:15) (mencionado em conexão com os atos de Josias).
(20) O escrito de Elias ao Rei Jeorão, de Judá (2Cr 21:12-15).
(Em Crônicas, há também referências a escritos, especialmente genealogias, que talvez indiquem outras fontes usadas por Esdras.)
É evidente que Esdras era extremamente cuidadoso, fazendo pesquisa meticulosa, repassando todas as fontes documentárias a que tinha acesso, evidentemente investigando todo documento que lançasse luz sobre o assunto. Ele documenta seus escritos não apenas como prova de exatidão quanto ao que escreveu, mas também para indicar ao leitor daquela época outras fontes para obter mais pormenores. A extrema meticulosidade de Esdras devia recomendar as Crônicas como dignas de nossa máxima confiança na sua exatidão e autenticidade histórica. Mas, acima de tudo, saber que Esdras escreveu sob inspiração (2Ti 3:16) e o fato de que as Crônicas estão incluídas no cânon hebraico, plenamente aceito por Jesus e os apóstolos (Lu 24:27, 44), asseguram a sua fidedignidade. Além disso, as Crônicas constituem parte da completa Palavra escrita de Deus, cuja pureza ele protegeu para os seguidores do seu Filho, Jesus Cristo. Estes fatos recomendam altamente Crônicas como fonte de fé.
Objetivo. A obra de Esdras não visava meramente preencher o que fora omitido nos livros de Samuel e dos Reis; antes, ele discerniu entre os exilados que voltaram a necessidade de tal sumário da sua história nacional. A obra, sem dúvida, foi preparada para os recém-retornados do exílio, visto que lhes faltava grande parte do conhecimento da sua história e costumes sagrados. Precisavam saber da adoração no templo e dos deveres dos levitas, e Esdras proveu estas informações. E para os exilados retornados, poucas coisas poderiam ser de maior interesse do que suas genealogias ancestrais, às quais Esdras devotou muita atenção. Israel funcionava novamente como nação, na sua terra, com templo, sacerdócio e governador, embora não tivesse rei. Continuaria como nação até a vinda do Messias. Precisavam das informações que Crônicas lhes fornecia, a bem da unidade e da verdadeira adoração.
Tanto Samuel como Jeremias eram historiadores, mas eram também levitas. Jeremias era profeta e sacerdote. Esdras era sacerdote. Mas é um engano dizer que Jeremias estaria especialmente interessado no cumprimento de profecias e não tanto nos assuntos da adoração no templo, e que Esdras estaria especialmente interessado no serviço dos levitas e não tanto nas profecias. Ambos eram servos de Deus e preocupavam-se com as palavras dele, seus tratos com seu povo e todo aspecto da sua adoração. O fato é que Esdras foi inspirado por Jeová para produzir os livros de Crônicas e de Esdras com um objetivo especial.
Os judeus que retornaram de Babilônia em 537 AEC não fizeram isso para estabelecer independência política, mas para restabelecer a verdadeira adoração, seu primeiro trabalho sendo erigir o altar e então reconstruir o templo. Portanto, era apropriado que Esdras falasse muito sobre a adoração, e os serviços do sacerdócio e dos levitas. As genealogias também eram importantes. Esdras 2:59-63 mostra que alguns, inclusive certos filhos de sacerdotes, não conseguiram encontrar seu registro para confirmar publicamente sua genealogia. Lá em Babilônia, essas genealogias talvez não fossem tão importantes, mas agora eram o meio de recuperar os bens de herança de seus antepassados. Este é um dos motivos das listas de genealogia compiladas por Esdras, que também são hoje de grande valor para os estudantes da Bíblia.
Vemos assim que Esdras, ao escrever Crônicas, queria fortalecer seus contemporâneos na fidelidade a Jeová. Incentivou-os a cumprir com seus deveres pactuados por enfocar a história passada de Israel, e, especialmente pelo uso de exemplos históricos reais ele salientou, por um lado, o resultado da aderência fiel à verdadeira adoração, e, por outro lado, a calamidade de se abandonar a adoração de Jeová Deus.
Valor dos Livros. É muito bom para a nossa fé e o nosso entendimento da Bíblia que os livros de Crônicas foram escritos. Esdras acrescentou muito a respeito da adoração no templo e os arranjos dos sacerdotes, levitas, porteiros, cantores e músicos. Ele nos forneceu muitos pormenores que têm que ver com a verdadeira adoração: ser a Arca levada por Davi a Jerusalém (1Cr caps. 15, 16); os preparativos de Davi para o templo e o serviço nele (1Cr caps. 22-29); permanecerem os sacerdotes com Roboão na época da secessão das dez tribos (2Cr 11:13-17); a guerra entre Abias e Jeroboão (2Cr 13); as reformas em favor da verdadeira religião, sob Asa (2Cr caps. 14, 15), Jeosafá (2Cr caps. 17, 19, 20), Ezequias (2Cr caps. 29-31) e Josias (2Cr caps. 34, 35); ser Uzias atacado de lepra por sua presunção (2Cr 26:16-21) e o arrependimento de Manassés (2Cr 33:10-20).
Esdras mostra que não se interessa apenas nos assuntos sacerdotais, mas também nos profetas. (2Cr 20:20; 36:12, 16) Ele usa as palavras “profeta”, “vidente” ou “visionário” cerca de 45 vezes, e fornece informações adicionais sobre muitos profetas e pessoas cujos nomes, de outra maneira, não são mencionados nas Escrituras. Uns poucos desses são Ido, Eliézer, filho de Dodavaú, Jaaziel, filho de Zacarias, diversas pessoas chamadas Zacarias, e o Odede do tempo do Rei Acaz, de Judá.
Nas Crônicas há muitas informações que ajudam a complementar nosso conhecimento da história de Judá; por exemplo, o registro sobre a doença e o sepultamento de Asa, e sobre a má conduta de Jeoás, depois da morte de Jeoiada, o sumo sacerdote. Depois há as genealogias vitais para se determinar a linhagem de Cristo. Os livros são também de ajuda em determinar uma cronologia exata. Podemos ver nisso a sabedoria de Jeová, o Autor da Bíblia, em fazer com que seu servo Esdras escrevesse estas coisas para complementar o necessário para os crentes na Bíblia terem o mais completo e harmonioso registro da história do homem.

DESTAQUES DE PRIMEIRO CRÔNICAS
  
Genealogia e pormenores sobre a verdadeira adoração no templo de Jeová, especialmente necessários após o exílio em Babilônia.
  
Escrito talvez 55 anos depois de Zorobabel reconstruir o templo, e antes da restauração das muralhas de Jerusalém.
Genealogias de Adão em diante. ( 1:1-9:44)
  
A posteridade de Judá através de Davi e Salomão (vital para a identificação do Messias).
  
A posteridade de Levi (necessária para identificar aqueles que corretamente podiam servir no templo) e seus diversos deveres no templo.
A infidelidade de Saul resulta na sua morte. (10:1-14)
Aspectos do reinado de Davi. (11:1-29:30)
Novamente ungido rei enquanto em Hébron; captura Sião; mais tarde constituído rei sobre todo o Israel.
  
Arca do pacto mudada incorretamente, em carroça; Uzá morre por tocar na Arca; a Arca é finalmente levada à Cidade de Davi com regozijo.
  
Davi expressa o desejo de construir um templo para Jeová; em vez disso, Jeová faz com Davi um pacto para a casa real por tempo indefinido.
  
Inimigos de Israel são derrotados em todos os lados.
  
Davi é instigado por Satanás a fazer um censo de Israel; 70.000 morrem.
  
Extensos preparativos para a construção do templo; Davi organiza os levitas, providencia 24 turmas de sacerdotes, designa também cantores, porteiros; entrega os planos arquitetônicos inspirados a Salomão; Davi e o povo contribuem generosamente.
Davi morre depois de Salomão começar a sentar-se no “trono de Jeová”.

DESTAQUES DE SEGUNDO CRÔNICAS
  
Vívido resumo da história sob reis da casa real de Davi, destacando as conseqüências da obediência a Deus e da desobediência.
  
Originalmente parte de um único rolo junto com Primeiro Crônicas.
O reinado de Salomão. ( 1:1-9:31)
  
Sua sabedoria, prosperidade; mas, imprudentemente, adquire muitos cavalos do Egito e toma por esposa a filha de Faraó.
  
Construção do templo; oração de dedicação de Salomão.
  
Visita da rainha de Sabá.
Eventos associados com o reinado de outros reis da casa real de Davi, e seu resultado. (10:1-36:23)
  
Após a resposta rude de Roboão, dez tribos separam-se sob Jeroboão e voltam-se para a adoração do bezerro; Roboão também abandona a lei de Deus, sendo deixado à mercê de Sisaque, do Egito.
  
Por Abias estribar-se em Jeová, Judá é vitorioso contra o exército de Israel, que confia na superioridade numérica e na adoração de bezerros de ouro; 500.000 são mortos.
  
Quando Asa se estriba em Jeová, derrota um milhão de etíopes invasores; Asa tolamente faz aliança com a Síria e fica irado ao ser censurado pelo profeta de Jeová.
  
Jeosafá institui programa de educação na lei de Deus; imprudentemente faz aliança matrimonial com Acabe.
  
Moabe, Amom e Seir invadem Judá; Jeosafá recorre a Jeová em busca de ajuda; é lembrado: ‘A batalha é de Deus!’
  
Jeorão (cuja esposa é filha de Acabe e Jezabel) age de modo iníquo, assim como seu filho Acazias; daí, a assassina Atalia, viúva de Jeorão, usurpa o trono.
  
Jeoás começa bem, sob a influência do sumo sacerdote Jeoiada; mais tarde torna-se apóstata e manda apedrejar o fiel Zacarias.
  
Amazias começa bem, depois adora ídolos de Seir; derrotado por Israel, é assassinado.
  
Uzias também começa bem; mais tarde, orgulhosamente tenta oferecer incenso no templo, é atacado de lepra.
  
Jotão procede bem, mas o povo age ruinosamente.
  
Acaz se volta para a adoração de Baal; a nação sofre severamente.
  
Ezequias limpa o templo; Senaqueribe invade Judá, zomba de Jeová; Ezequias estriba-se em Jeová; 185.000 assírios são mortos por um anjo.
  
Manassés pratica crassa idolatria e derrama muito sangue inocente; levado cativo pelos assírios; arrepende-se, é restabelecido no seu trono por Jeová.
  
Amom segue o mau exemplo do seu pai Manassés; não se humilha.
  
Josias dirige reforma religiosa zelosa, conserta templo; insiste em combater o Faraó Neco e é morto.
  
Jeoacaz governa brevemente, depois é levado cativo para o Egito.
  
Jeoiaquim age de modo detestável; seu filho e sucessor, Joaquim, é levado cativo para Babilônia.
  
Zedequias rebela-se contra o jugo de Babilônia; judeus são levados ao exílio; terra fica desolada por 70 anos.
  
Ciro, da Pérsia, emite decreto libertando os judeus para retornarem a Jerusalém a fim de reconstruir o templo.

Esdras, Livro de
Registro que mostra como Jeová cumpriu suas promessas de tirar Israel do exílio em Babilônia e de restabelecer a adoração verdadeira em Jerusalém. Inclui as ordens imperiais de restaurar a adoração de Jeová entre os judeus, depois da desolação de Jerusalém por 70 anos, e o relato sobre a obra realizada, apesar de obstáculos, para conseguir isso. Esdras, em todo o livro, apegou-se de perto ao objetivo acima. Evidentemente, este é o motivo das omissões do que aconteceu durante certos períodos de tempo, tais como entre os capítulos 6 e 7 do livro, porque o escritor não procurou fornecer um relato histórico completo sobre aqueles tempos.
Escritor. Esdras, como sacerdote, erudito, copista destro e homem que “tinha preparado seu coração . . . para ensinar regulamento e justiça em Israel” e para corrigir as coisas faltosas na adoração de Jeová, realizada entre os israelitas repatriados, estava eminentemente qualificado para escrever o livro que leva o seu nome. O poder régio que lhe fora concedido pelo rei da Pérsia dava-lhe motivo e autoridade adicionais para fazer a pesquisa necessária, e era lógico que um homem assim escrevesse um registro desta importante parte da história daquela nação. (Esd 7:6, 10, 25, 26) O livro, portanto, é honesto no uso da primeira pessoa para o escritor a partir do capítulo 7, versículo 27, até o fim do capítulo 9. A maioria dos peritos concorda que o livro de Esdras prossegue com a história lá onde Crônicas pára, conforme mostra a comparação de 2 Crônicas 36:22, 23, com Esdras 1:1-3. Isto, novamente, indica que Esdras é o escritor dele. Também a tradição judaica atribui a escrita a Esdras.
Autenticidade. O livro de Esdras está incluído no cânon hebraico. Originalmente, estava junto com Neemias para constituir um só rolo. O Talmude Babilônico (Bava Batra 14b) segue esta tradição, mas, desde o século 16, Bíblias hebraicas impressas assinalam a separação, embora os judeus contem os dois livros como um só, no número total dos livros das Escrituras Hebraicas. A 62.a edição da Bíblia pelo Centro Bíblico Católico chama o livro de Neemias também de II de Esdras. Em grego existe um livro apócrifo chamado Esdras III. Compõe-se de passagens de Segundo das Crônicas, de Esdras e de Neemias, bem como de certas lendas populares; há também um livro falsamente chamado Esdras IV.
A maior parte de Esdras foi escrita em hebraico. Mas uma boa parte é em aramaico, visto que Esdras copiou registros públicos e documentos oficiais. Estes incluíam cópias de cartas enviadas aos reis persas pelos funcionários “de além do Rio [Eufrates]”, e as respostas e os decretos reais impondo ordens a estes funcionários. Esdras fornece também uma breve história de ligação entre esses documentos. O aramaico era a língua diplomática e a usada no comércio internacional nos dias de Esdras. Os trechos aramaicos encontram-se nos capítulos 4 a 7. Parte das informações de Esdras foi copiada de arquivos judaicos, e esta parte, naturalmente, é em hebraico. Esses fatos reforçam também o argumento a favor da autenticidade do relato de Esdras.
Esdras 7:23-26 registra que o governo persa aprovou a Lei de Moisés conforme aplicável aos judeus, e que os persas tiveram assim parte no restabelecimento da adoração verdadeira. As referências de Esdras aos reis persas colocam-nos na sua ordem exata. Hoje, a maioria dos peritos aceita a exatidão do livro, sendo que The New Westminster Dictionary of the Bible (O Novo Dicionário Bíblico de Westminster) diz francamente que “não há dúvida sobre a confiabilidade do conteúdo histórico”. (Editado por H. Snyder, 1970, p. 291) O registro contido no livro, portanto, é fidedigno, e Esdras foi uma pessoa histórica.
Tempo e Situação. O livro de Esdras foi escrito por volta de 460 AEC, junto com os livros das Crônicas. Esdras começa por relatar o decreto de Ciro para o retorno dos judeus desde Babilônia. Foi no primeiro ano de Ciro que este rei persa fez a proclamação do retorno. (Esd 1:1) Judá e Jerusalém haviam ficado desoladas, sem habitantes, no outono setentrional de 607 AEC, quando aqueles que haviam sido deixados ali por Nabucodonosor se mudaram para o Egito. O 70.° ano da desolação de Jerusalém, o último sábado imposto àquela terra, terminaria no outono de 537 AEC. Por dois motivos, o decreto de Ciro deve ter sido emitido em fins de 538 AEC ou no começo de 537. A desolação tinha de durar até o fim do 70.° ano, e não se esperaria que os israelitas libertos viajassem na chuvosa estação do inverno, como teria acontecido se o decreto tivesse sido emitido uns poucos meses antes. Foi provavelmente emitido no começo da primavera de 537 AEC, a fim de dar aos judeus a oportunidade de viajar durante a estação seca, chegar a Jerusalém, e erigir o altar no primeiro dia do sétimo mês (tisri) do ano 537 AEC, no dia 29 de setembro, segundo o calendário gregoriano. — Esd 3:2-6.
Depois de descrever a Páscoa e a Festividade dos Pães Não Fermentados, realizadas após a terminação do templo em 515 AEC, Esdras passa por alto o período subseqüente, até o sétimo ano do reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, 468 AEC, quando Esdras entra pessoalmente em cena. Esdras usa a primeira pessoa desde o capítulo 7, versículo 27, até o fim do capítulo 9, mas muda para a terceira pessoa no capítulo 10, colocando-se em segundo plano, para se concentrar nas atividades de príncipes, dos sacerdotes, dos levitas e dos demais daqueles que haviam sido repatriados, especialmente tratando da correção da situação daqueles que se haviam casado com mulheres estrangeiras.

DESTAQUES DE ESDRAS
  
A reconstrução do templo em Jerusalém e o restabelecimento da adoração verdadeira ali após o exílio babilônico.
  
Abrange um período de uns 70 anos após o retorno dos judeus do exílio em Babilônia.
Ciro emite o decreto de libertação, e um restante dos judeus exilados retorna a Jerusalém (em 537 AEC) para reconstruir o templo. (1:1-3:6)
A reconstrução do templo. (3:7-6:22)
  
Lançado o alicerce no segundo ano após o retorno do exílio.
  
Inimigos repetidas vezes interferem na reconstrução do templo e finalmente conseguem fazer a obra parar, até que os profetas Zacarias e Ageu, no segundo ano de Dario I (520 AEC), exortam o povo a recomeçar a construção.
  
Uma investigação oficial nos registros persas, em Babilônia e em Ecbátana, revela que a reconstrução do templo fora autorizada por Ciro, de modo que Dario I decreta que a obra continue sem impedimento, estipulando a pena de morte para os violadores.
  
No sexto ano de Dario I (515 AEC), a construção do templo é completada, após o que o edifício é inaugurado e a Páscoa é celebrada.
Esdras vai a Jerusalém (em 468 AEC) com presentes para o templo e para designar juízes. (7:1-8:36)
  
O monarca persa Artaxerxes (Longímano) concede permissão para a viagem.
  
Esdras e cerca de 1.500 homens, além de 258 levitas e netineus, de Casifia, partem do ponto de reunião junto ao rio Aava, levando ouro, prata e utensílios para o templo; chegam a Jerusalém uns três meses e meio mais tarde.
Purificação de Israel, inclusive do sacerdócio. (9:1-10:44)
  
Ao saber da profanação resultante de casamentos com mulheres estrangeiras, Esdras faz confissão pública em oração a Jeová.
  
Secanias admite o pecado e propõe que se faça um pacto para despedir as esposas estrangeiras e seus filhos.
  
Ordena-se que todos os ex-exilados se reúnam em Jerusalém; toma-se então a decisão de que os príncipes investiguem progressivamente os casos individuais de profanação.
  
Sacerdotes, levitas e o restante dos homens despedem as esposas estrangeiras e os filhos.

Neemias, Livro de 
Livro das Escrituras Hebraicas que relata primariamente eventos ocorridos pouco antes da governadoria de Neemias em Judá e durante ela. (Ne 5:14; 13:6, 7) As palavras iniciais deste relato inspirado identificam o escritor como “Neemias, filho de Hacalias” (1:1), e grande parte acha-se escrito na primeira pessoa.
Tempo Abrangido e Época da Escrita. O mês de quisleu (novembro-dezembro) de certo 20.° ano é o ponto de referência com que começa a narrativa histórica. (Ne 1:1) Como é evidente de Neemias 2:1, este 20.° ano tem de ser o do reinado de Artaxerxes. Obviamente, o 20.° ano, neste caso, não é contado como começando em nisã (março-abril), porque o quisleu do 20.° ano não podia preceder ao nisã (mencionado em Ne 2:1) do mesmo 20.° ano. De maneira que pode ser que Neemias tenha usado seu próprio modo de contar o tempo, calculando o começo do ano lunar em tisri (setembro-outubro), mês que os judeus hoje reconhecem como início do seu ano civil. Outra possibilidade é que o reinado do rei tenha sido contado a partir da data real em que o monarca ascendeu ao trono. Pode ter sido assim, embora os escribas babilônicos continuassem a contar os anos de reinado do rei persa na sua base costumeira do cálculo de nisã a nisã, conforme mostram suas tabuinhas cuneiformes.
A evidência histórica fidedigna e o cumprimento de profecia bíblica apontam para 455 AEC como o ano em que caiu o nisã do 20.° ano do reinado de Artaxerxes. (Veja PÉRSIA, PERSAS [Os Reinados de Xerxes e de Artaxerxes].) Portanto, o quisleu que precedeu ao nisã daquele 20.° ano caiu em 456 AEC, e o 32.° ano do reinado de Artaxerxes (a última data mencionada em Neemias [13:6]) incluiu parte de 443 AEC. Portanto, o livro de Neemias abrange um período de quisleu de 456 AEC até algum tempo depois de 443 AEC.
Foi no 32.° ano do reinado de Artaxerxes que Neemias partiu de Jerusalém. Ao voltar, verificou que os judeus não sustentavam os sacerdotes e os levitas, que a lei do sábado estava sendo violada, que muitos se haviam casado com mulheres estrangeiras e que os descendentes dos casamentos mistos nem sabiam falar a língua dos judeus. (Ne 13:10-27) Terem as condições deteriorado a tal ponto indica que a ausência de Neemias foi por um período considerável. Mas não há maneira de se determinar exatamente quanto tempo depois de 443 AEC Neemias terminou o livro que leva o seu nome.
Concordância com Outros Livros Bíblicos. O livro de Neemias exalta a Jeová Deus. Revela-o como o Criador (Ne 9:6; compare isso com Gên 1:1; Sal 146:6; Re 4:11), como Deus que responde às orações sinceras dos seus servos (Ne 1:11-2:8; 4:4, 5, 15, 16; 6:16; compare isso com Sal 86:6, 7) e como Defensor do seu povo (Ne 4:14, 20; compare isso com Êx 14:14, 25). Ele é “um Deus de atos de perdão, clemente e misericordioso, vagaroso em irar-se e abundante em benevolência” (Ne 9:17; compare isso com Núm 14:18), o “Deus dos céus, o Deus grande e atemorizante, guardando o pacto e a benevolência para com os que o amam e que guardam os seus mandamentos”. — Ne 1:5; compare isso com De 7:9, 10, 21.
No livro de Neemias encontram-se numerosas alusões à Lei. Estas envolvem as calamidades resultantes da desobediência e as bênçãos advindas do arrependimento (Le 26:33; De 30:4; Ne 1:7-9), empréstimos (Le 25:35-38; De 15:7-11; Ne 5:2-11), alianças matrimoniais com estrangeiros (De 7:3; Ne 10:30), sábados, o livramento de dívidas (Êx 20:8; Le 25:4; De 15:1, 2; Ne 10:31), o fogo do altar (Le 6:13; Ne 10:34), a Festividade das Barracas (De 31:10-13; Ne 8:14-18), e a entrada de moabitas e amonitas na congregação de Israel (De 23:3-6; Ne 13:1-3), bem como os dízimos, as primícias e as contribuições. — Êx 30:16; Núm 18:12-30; Ne 10:32-39.
Neste livro há também informações históricas que são encontradas em outras partes das Escrituras Hebraicas. (Ne 9:7-35; 13:26; compare Ne 13:17, 18, com Je 17:21-27.) E a história contemporânea no relato ilustra outras passagens bíblicas. Os Salmos 123 e 129 têm paralelo histórico no que se passou com Neemias e outros judeus quando reconstruíram a muralha de Jerusalém. (Ne 4:1-5, 9; 6:1-14) Induzir Jeová a Artaxerxes a fazer a Sua vontade por atender a solicitação de Neemias, de reconstruir a muralha de Jerusalém, ilustra historicamente Provérbios 21:1: “O coração do rei é como correntes de água na mão de Jeová. Vira-o para onde quer que se agrade.” — Ne 2:4-8.
Tanto o livro de Esdras (2:1-67) como o livro de Neemias (7:6-69) alistam o número de homens de diversas famílias ou casas que retornaram com Zorobabel do exílio babilônico. Os relatos se harmonizam em dar o total de 42.360 varões dentre os exilados que retornaram, além de escravos e cantores. (Esd 2:64; Ne 7:66) Todavia, há diferenças nos dados fornecidos referentes a cada família ou casa, e as cifras individuais em ambas as listagens apresentam um total muito inferior a 42.360. Muitos peritos atribuem estas variações a erros de escriba. Embora não se possa desconsiderar por completo este aspecto, há outras possíveis explicações para as diferenças.
Pode ser que Esdras e Neemias basearam suas listagens em fontes diferentes. Por exemplo, Esdras pode ter usado um documento que alistava os candidatos ao retorno à sua pátria, ao passo que Neemias talvez copiasse um registro que alistava os que realmente retornaram. Visto que havia sacerdotes que não podiam comprovar sua genealogia (Esd 2:61-63; Ne 7:63-65), não é desarrazoado concluir que muitos outros israelitas se viram confrontados com o mesmo problema. Portanto, os 42.360 homens podem ser a soma total do número de cada família, além de muitos outros que não puderam comprovar sua linhagem. Mais tarde, porém, alguns talvez conseguissem comprovar sua genealogia correta. Isto talvez explique como a flutuação nos números ainda podia fornecer o mesmo total.

DESTAQUES DE NEEMIAS
  
Eventos relacionados com a reconstrução das muralhas de Jerusalém e a subseqüente eliminação das práticas erradas entre os judeus.
  
Abrange um período que começa mais de 80 anos depois do retorno dos judeus do exílio em Babilônia.
As muralhas de Jerusalém são reconstruídas em face de oposição.
  
Em Susã, Neemias fica sabendo da condição arruinada da muralha de Jerusalém; ele ora a Jeová em busca de apoio, depois pede ao monarca persa, Artaxerxes, permissão para ir e reconstruir a cidade e sua muralha; Artaxerxes consente. (1:1-2:9)
  
Chegando a Jerusalém, Neemias inspeciona à noite as muralhas arruinadas; depois, revela aos judeus seu propósito de reconstruí-las. (2:11-18).
  
Sambalá, Tobias e Gesém — todos estrangeiros — opõem-se à reconstrução; primeiro tentam escárnio, depois conspiram para lutar contra Jerusalém; Neemias arma os trabalhadores, e estes continuam com a construção. (2:19-4:23)
  
Tramas contra o próprio Neemias fracassam, e a muralha é completada em 52 dias. (6:1-19)
  
A muralha é inaugurada; na cerimônia, dois coros de agradecimento e cortejos marcham em direções opostas no alto da muralha e se encontram no templo; há muita alegria. (12:27-43)
Os assuntos de Jerusalém são postos em ordem.
  
Depois de completada a muralha, Neemias torna Jerusalém segura com portões e designa deveres a porteiros, cantores e levitas; encarrega da cidade Hanani e Hananias. (7:1-3)
  
Neemias empreende fazer um registro genealógico do povo; ele encontra o livro do registro genealógico dos que retornaram de Babilônia junto com Zorobabel; os sacerdotes que não conseguem comprovar sua genealogia são impedidos de atuar ‘até que o sacerdote se ponha de pé com Urim e Tumim’. (7:5-73)
  
Jerusalém tem pouca população, de modo que se designa por sortes um em cada dez do povo para morar na cidade. (7:4; 11:1, 2)
Fazem-se esforços para melhorar a condição espiritual dos judeus.
  
Judeus abastados concordam em fazer devoluções aos seus irmãos pobres, aos quais cobraram erroneamente juros sobre empréstimos. (5:1-13)
  
Numa assembléia pública, Esdras lê a Lei, e certos levitas participam na explicação dela; o povo chora, mas é incentivado a regozijar-se, porque o dia é santo; alegram-se também por compreender o que se leu para eles. (8:1-12)
  
No dia seguinte, à base da leitura da Lei, o povo fica sabendo da celebração da Festividade das Barracas; acata isso por celebrar a festividade com grande alegria. (8:13-18)
  
A seguir, realiza-se um ajuntamento durante o qual o povo confessa seus pecados nacionais e reexamina os tratos de Jeová com Israel; jura também guardar a Lei, refrear-se de casamentos com estrangeiros, e aceitar as obrigações para a manutenção do templo e seus serviços. (9:1-10:39)
  
Depois da inauguração da muralha, há outra leitura pública da Lei; quando discernem que os amonitas e os moabitas não deviam ser permitidos na congregação, eles separam de Israel “toda a mistura de gente”. (13:1-3)
  
Após uma prolongada ausência, Neemias retorna a Jerusalém e verifica que as coisas haviam deteriorado; ele purifica os refeitórios, ordena a contribuição de dízimos para o sustento dos levitas e dos cantores, impõe a guarda do sábado e repreende os que se casaram com mulheres estrangeiras. (13:4-30)

Ester, Livro de
Livro das Escrituras Hebraicas, cujo título deriva do nome de seu principal personagem, embora algumas cópias da Vulgata latina o chamem de “Assuero”, segundo o rei persa que aparece de modo destacado no relato. Os judeus o chamam de Meghil·láth ’Es·tér, ou simplesmente de o Meghil·láh, que significa “rolo; rolo escrito”, porque constitui para eles um rolo muito estimado.
O Escritor do Livro. As Escrituras não revelam quem escreveu o livro de Ester. Alguns peritos atribuem o livro a Esdras, mas o peso da evidência aponta para Mordecai. Mordecai estava em condições de conhecer todos os fatos pormenorizados, mencionados na narrativa, relacionados com os assuntos pessoais dele e os de Ester, com a atuação dos membros da família de Hamã, e especialmente com os acontecimentos no castelo de Susã. Depois da sua promoção para primeiro-ministro do governo persa, ele tinha acesso aos documentos oficiais mencionados no relato, e, assim como Daniel, Esdras e Neemias, em outros períodos, ocupavam posições oficiais no governo da Pérsia e escreveram livros bíblicos que descrevem a relação dos judeus com aquela potência mundial, assim Mordecai, com a bênção de Jeová, era o mais provável de ter escrito o livro de Ester.
Circunstâncias Históricas. O relato fixa o tempo dos eventos relatados nele durante o reinado de Assuero, que governou enquanto o Império Persa se estendia desde a Índia até a Etiópia e incluía 127 províncias ou distritos jurisdicionais. (Est 1:1) Estes fatos, e a sua inclusão no cânon por Esdras, restringem a sua cobertura ao período do reino de um dos seguintes três reis conhecidos na história secular: Dario I, o persa, Xerxes I e Artaxerxes Longímano. Todavia, sabe-se que tanto Dario I como Artaxerxes Longímano favoreceram os judeus antes do 12.° ano dos seus respectivos reinados, o que não se ajusta ao Assuero do livro, visto que ele aparentemente não estava bem familiarizado com os judeus e a religião deles, nem estava inclinado a favorecê-los. Portanto, acredita-se que o Assuero do livro de Ester seja Xerxes I, filho do rei persa Dario, o Grande. Algumas traduções (BLH, PIB) até mesmo colocam “Xerxes” em vez de “Assuero” no texto.
No livro de Ester, os anos de reinado deste rei parecem ser contados a partir da sua co-regência com o seu pai Dario, o Grande. Visto que os primeiros eventos relatados no livro de Ester ocorreram no terceiro ano do seu reinado, e o remanescente do relato abrange o restante do seu reinado, o livro evidentemente abrange o período de 493 AEC a cerca de 475 AEC. — Veja post PÉRSIA, PERSAS 
subtítulo "Os Reinados de Xerxes e de Artaxerxes"
O livro de Ester foi escrito algum tempo depois do 12.° ano de Xerxes, e, evidentemente, até o fim do reinado de Xerxes (c. 475 AEC). O estilo vívido do livro sugere que o escritor era testemunha ocular. Além disso, a forte inferência de que o escritor tinha acesso a documentos governamentais (Est 10:2) torna bem provável que o livro tenha sido escrito em Susã, na província de Elão, então parte da Pérsia. Sua mistura de palavras persas e caldaicas com hebraicas enquadra-se no já mencionado tempo de escrita, bem como em ser a terra da Pérsia o lugar em que foi escrito.
Esdras talvez levasse o livro de Babilônia para Jerusalém, em 468 AEC, porque a Grande Sinagoga de Jerusalém o tinha no cânon antes de terminar o período dela por volta de 300 AEC.
Autenticidade e Canonicidade. A autoridade canônica do livro de Ester é por alguns posta em dúvida, porque não se faz menção nem alusão a ele nas Escrituras Gregas Cristãs. Mas esta não é uma objeção conclusiva, porque as mesmas circunstâncias existem com relação a outros livros de canonicidade bem atestada, tais como Esdras e Eclesiastes. Melito de Sardes, Gregório Nazianzeno e Atanásio estão entre aqueles que o omitem da sua lista de livros canônicos. Todavia, Jerônimo, Agostinho e Orígenes mencionam o livro por nome. Ele existe na coleção Chester Beatty, encontrando-se os livros de Ezequiel, Daniel e Ester em um só códice, o qual provavelmente foi compilado na primeira metade do terceiro século EC. Sua autoridade nunca parece ter sido duvidada pelos judeus ou pelos primitivos cristãos, como um todo. Os judeus, nas Bíblias deles, mais freqüentemente o colocam nos Hagiógrafos (os Escritos) entre Eclesiastes e Daniel.
Posteriormente, inseriram-se no livro acréscimos apócrifos. Alguns peritos datam a origem destes de aproximadamente 100 AEC, cerca de 300 anos depois de se ter fixado o cânon das Escrituras Hebraicas, de acordo com o conceito tradicional.
O livro de Ester é acusado de exageros por sua menção de um banquete durante 180 dias, no terceiro ano do reinado de Assuero. (Est 1:3, 4) No entanto, mencionou-se que uma festa tão longa talvez tivesse sido realizada para acomodar os numerosos funcionários das muitas províncias, os quais, por causa dos seus deveres, não podiam ter estado ali em toda a sua duração nem todos ao mesmo tempo. Na realidade, o texto não diz que o banquete durou tanto tempo, mas que o rei mostrou-lhes as riquezas e a glória do seu reino durante 180 dias. Menciona-se um banquete em   1:3 e 1:5. Talvez não se queira indicar dois banquetes, mas que o versículo 3   se refira ao banquete de sete dias para todos os que estavam no castelo, no fim da grande assembléia. — Commentary on the Old Testament (Comentário Sobre o Velho Testamento), de C. Keil e F. Delitzsch, 1973, Vol. III, Ester, pp. 322-324.
Em vista da ausência de uma menção direta de Deus, neste livro, alguns levantam a acusação de que o livro é irreligioso. Todavia, ele fala de jejuns e de um “clamor por socorro” por parte dos judeus, subentendendo-se oração. (Est 4:3, 16; 9:31) Também, há indícios de Deus manobrar os eventos no caso da insônia do rei numa ocasião oportuna (6:1) e na possível alusão a um propósito divino em Ester tornar-se rainha. (4:14) Além disso, negar-se Mordecai terminantemente a se curvar diante do inimigo de Deus, Hamã, o qual, sendo agagita, talvez fosse um amalequita da realeza, é evidência de que Mordecai adorava a Jeová. — 3:1-6; Êx 17:14.
Evidência da história e da arqueologia. Descobertas históricas e arqueológicas acrescentaram sua voz em confirmação da autenticidade do livro de Ester. Bastam uns poucos exemplos. O modo em que os persas honravam um homem é descrito de forma autêntica. (Est 6:8) As cores reais persas eram o branco e o azul (ou violeta). Em Ester 8:15 lemos que Mordecai usava “vestimenta real de pano azul e de linho”, e uma capa roxa.
Ester tomou “sua posição no pátio interno da casa do rei, defronte da casa do rei, enquanto o rei estava sentado no seu trono real, na casa real, defronte da entrada da casa. E aconteceu que, assim que o rei viu Ester, a rainha, parada no pátio, ela obteve favor aos seus olhos”. (Est 5:1, 2) Escavações feitas revelaram que os pormenores desta descrição são exatos. Havia um corredor desde a Casa das Mulheres até o pátio interno, e do lado oposto do pátio, defronte do corredor, havia o salão, ou a sala do trono, do palácio. O trono achava-se situado no centro da parede mais afastada, e deste ponto de observação o rei podia olhar por cima do anteparo e ver a rainha à espera duma audiência. Pormenores adicionais no livro mostram um conhecimento íntimo do palácio por parte do escritor. É evidente que são infundadas as objeções levantadas ao livro à base de ele não ser histórico e de ser inexato quanto aos modos e costumes persas.
Uma evidência muito forte da autenticidade do livro é a Festividade de Purim, ou de Sortes, comemorada pelos judeus até o dia de hoje; no seu aniversário, o livro inteiro é lido nas suas sinagogas. Diz-se que uma inscrição cuneiforme, evidentemente de Borsipa, menciona um oficial persa de nome Mardukâ (Mordecai?), que estava em Susa (Susã) no fim do reinado de Dario I ou no começo do reinado de Xerxes I. — Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenschaft (Revista de Ciência do Velho Testamento), 1940/41, Vol. 58, pp. 243, 244; 1942/43, Vol. 59, p. 219.
O livro de Ester está de pleno acordo com o restante das Escrituras e complementa os relatos de Esdras e de Neemias por contar o que aconteceu com o exilado povo de Deus na Pérsia. Assim como se dá com todas as Escrituras, foi escrito para dar-nos encorajamento, consolo e instrução. — Ro 15:4.

DESTAQUES DE ESTER
  
Relato vívido de como  Ester, com a orientação de seu primo mais velho, Mordecai, foi usada por Deus para livrar os judeus do extermínio.
  
Evidentemente, foi escrito por Mordecai, e parece abranger os anos 493-c. 475 AEC.
Ester torna-se rainha em Susã.
  
Quando o Rei Assuero (evidentemente Xerxes I) manda chamar a Rainha Vasti, durante um banquete real, para poder exibir a lindeza dela, ela persistentemente se nega a comparecer; o rei a destitui de ser rainha. (1:1-22)
  
Ester é escolhida dentre todas as outras belas virgens do domínio e é feita rainha; sob a orientação de Mordecai, ela não revela que é judia. (2:1-20)
Hamã conspira para exterminar todos os judeus, mas a situação se inverte.
  
Hamã, o agagita, é enaltecido pelo rei acima de todos os outros príncipes, mas Mordecai se recusa a se curvar diante dele. (3:1-4)
  
Enfurecido com a recusa de Mordecai, Hamã trama aniquilar todos os judeus no império; o rei é induzido a concordar, a data é fixada e o decreto é emitido. (3:5-15)
  
Mordecai instrui Ester a apelar pessoalmente para o rei, embora possa pôr em perigo a sua vida ao comparecer perante este sem ser convidada. (4:1-17)
  
Ester é acolhida favoravelmente pelo rei; ela convida o rei e Hamã a um banquete; daí, ela pede que retornem para outro banquete no dia seguinte. (5:1-8)
No entanto, a alegria de Hamã é estragada porque Mordecai se recusa novamente a se curvar diante dele, de modo que Hamã erige um madeiro muito alto e planeja instar com o rei para pendurar nele Mordecai, antes do banquete no dia seguinte. (5:9-14)
  
Naquela noite, quando o rei não consegue dormir, ele manda que se leiam para ele os registros, e fica sabendo que Mordecai não fora recompensado quando denunciou uma trama para assassinar o rei; de manhã, quando Hamã chega, o rei pergunta-lhe o que se deve fazer a um homem em quem o rei se agrada; pensando ser ele tal homem, Hamã faz pródigas sugestões; depois se manda que o próprio Hamã confira publicamente tal honra a Mordecai. (6:1-13; 2:21-23)
  
No banquete daquele dia, Ester faz o rei saber que Hamã vendeu tanto a ela como o seu povo para serem destruídos; furioso, o rei ordena que Hamã seja pendurado no madeiro erigido para Mordecai. (6:14-7:10)
Mordecai é promovido, e os judeus são libertos.
Mordecai recebe o anel de sinete tirado de Hamã. (8:1, 2)
Com a aprovação do rei, emite-se um decreto, permitindo que os judeus se defendam e que aniquilem seus inimigos no dia fixado para a sua própria destruição; muitos milhares de inimigos dos judeus são mortos. (8:3-9:19)
  
Decreta-se que esta libertação seja comemorada todo ano. (9:20-32)
  
Mordecai torna-se o segundo depois do rei e trabalha para o bem do seu povo. (10:1-3)

Jó, Livro de
Escrito por Moisés, segundo peritos tanto dos judeus como dos primitivos cristãos. Sua poesia, sua linguagem e seu estilo indicam que foi escrito originalmente em hebraico. As muitas similaridades com o Pentateuco, nas partes em prosa do livro, tendem a indicar Moisés como o escritor. Durante sua estada de 40 anos em Midiã, Moisés pode ter tido acesso aos fatos sobre a provação de Jó, e ele provavelmente soube do resultado da vida de Jó quando Israel chegou perto de Uz, a caminho para a Terra da Promessa, em 1473 AEC.
Arranjo. O livro de Jó é ímpar no sentido de que consiste principalmente em um debate entre um verdadeiro servo de Jeová Deus e três outros que afirmavam servir a Deus, mas que cometeram erros doutrinais na sua tentativa de corrigir Jó. Eles erroneamente pensavam que Jó estava sendo punido por Deus por algum grave pecado oculto. Assim, argumentando nesta base, eles realmente tornaram-se perseguidores de Jó. (Jó 19:1-5, 22) O debate consiste numa série de três fases de discursos, em que todos os quatro oradores participam, exceto que Zofar não fala na última fase, por ter sido silenciado pelo argumento de Jó. Depois disso, todos são corrigidos pelo porta-voz de Jeová, Eliú, e, finalmente, pelo próprio Deus.
É claro, portanto, que é preciso ter presente, ao se ler ou citar este livro, que os argumentos apresentados por Elifaz, Bildade e Zofar são errôneos. Às vezes, estes três companheiros de Jó declaram fatos verídicos, mas num contexto e com uma aplicação errados. Satanás usou esta tática contra Jesus Cristo quando o levou “à cidade santa e o postou sobre o parapeito do templo, e disse-lhe: ‘Se tu és filho de Deus, lança-te para baixo; pois está escrito: “Dará aos seus anjos encargo concernente a ti, e eles te carregarão nas mãos, para que nunca batas com o pé contra uma pedra.”’ Jesus disse-lhe: ‘Novamente está escrito: “Não deves pôr Jeová, teu Deus, à prova.”’” — Mt 4:5-7.
Os companheiros de Jó disseram que Deus pune os iníquos. Isto é verdade. (2Pe 2:9) Mas eles concluíram que todo sofrimento por que se passa é resultado de pecados de tal pessoa — que Deus administra assim o castigo. O sofrimento, disseram, é evidência de que a pessoa pecou de modo específico. Falaram de forma inverídica sobre Deus. (Jó 42:7) Caluniaram-no. Segundo apresentaram Deus, faltava-lhe misericórdia. Sua afirmação era de que Deus não se deleita no homem que mantém integridade, e que Ele não confia em Seus servos, nem mesmo nos anjos. Isto nega as muitas declarações bíblicas que revelam o amor de Jeová por seus servos inteligentes. Um exemplo da confiança e crédito de Deus em Seus adoradores fiéis é visto nas suas conversas com Satanás, em que Ele lhe trouxe Jó à atenção e expressou a máxima confiança na lealdade de Jó, quando permitiu que o Diabo provasse a Jó. Observe, porém, que ele protegeu a vida de Jó. (Jó 2:6) Tiago, escritor cristão, diz a respeito dos tratos de Deus com Jó: “Jeová é mui terno em afeição e é misericordioso.” — Tg 5:11.
Importância. O livro de Jó é essencial, em conjunto com Gênesis 3:1-6 e outros textos, para revelar a grande questão da justiça de Deus no exercício da Sua soberania, bem como no modo em que a integridade dos servos terrestres de Deus está envolvida nesta questão. Jó não entendia esta questão, mas, apesar disso, não permitiu que seus três companheiros o fizessem duvidar de que ele tinha sido homem de integridade. (Jó 27:5) Ele não compreendia por que lhe sobreviera a calamidade, visto que não era praticante do pecado. Ficou desequilibrado na questão da autojustificação, sem dúvida sendo empurrado ainda mais nesta direção pelas constantes acusações de seus três companheiros. Também estava errado em insistir em receber resposta de Deus quanto a por que sofria, quando devia ter compreendido que ninguém pode, de direito, dizer a Jeová: “Por que me fizeste deste modo?” (Ro 9:20) Todavia, Jeová misericordiosamente respondeu a Jó, tanto por intermédio de seu servo, Eliú, como por falar com Jó do meio dum vendaval. Por conseguinte, este livro inculca fortemente o erro de alguém tentar justificar-se perante Deus. — Jó 40:8.
Autenticidade e Valor. Ezequiel refere-se a Jó, e Tiago o menciona. (Ez 14:14, 20; Tg 5:11) Argumentando poderosamente a favor da canonicidade deste livro há o fato de que os judeus o aceitavam como tendo autoridade igual à dos demais livros inspirados das Escrituras Hebraicas, muito embora Jó não fosse israelita.
Talvez a evidência mais forte da genuinidade do livro consista em sua harmonia com o restante da Bíblia. Também revela muito sobre as crenças e os costumes da sociedade patriarcal. Mais do que isso, ajuda grandemente o estudante da Bíblia a obter melhor entendimento dos propósitos de Jeová, mediante uma comparação com outras declarações bíblicas. Há um notável número de pontos com idéias paralelas a outros trechos bíblicos, e alguns destes são alistados na tabela acompanhante.

DESTAQUES DE JÓ
  
Relato do que se deu com Jó quando Satanás desafiou sua integridade perante Jeová.
  
Provavelmente registrado por Moisés durante a peregrinação de Israel pelo ermo, embora a provação de Jó deva ter acontecido anos antes do nascimento de Moisés.
A prosperidade e o bem-estar de Jó terminam quando Jeová permite que Satanás teste a Jó. (1:1-2:10)
  
Satanás afirma que a retidão de Jó é motivada só por interesses pessoais.
  
Jó perde gado, rebanhos e seus dez filhos, tudo num só dia, mas mantém sua integridade.
  
Passa então a padecer duma doença repugnante, dolorosa, mas se recusa a amaldiçoar a Deus; assim, Jó permanece fiel.
Elifaz, Bildade e Zofar, três companheiros de Jó, reúnem-se por combinação para ‘compadecer-se’ dele. (2:11-3:26)
  
Ficam em silêncio sentados em volta dele por sete dias.
  
Jó rompe o silêncio, amaldiçoando o dia em que nasceu.
  
Pergunta-se por que Deus permite que continue vivendo.
Os três pretensos consoladores debatem extensivamente com Jó. (4:1-31:40)
  
Afirmam que ele sofre por causa dos seus pecados, argumentando que Jó deve ter procedido mal, visto que Deus o trata como inimigo.
  
Tentam convencer disso a Jó por recorrerem a raciocínios falsos e a calúnias, e por apelarem para tradições e para visões que afirmam ter recebido.
  
Os três companheiros instam com Jó para que confesse suas transgressões e mude de proceder; então, dizem eles, ele recuperará sua prosperidade anterior.
  
Jó insiste em que ele é reto; não entende por que Jeová permite que sofra, mas silencia o conselho falso dos seus três companheiros.
  
Nas suas palavras finais, Jó contrasta seus dias anteriores como ancião respeitado com o seu atual período de aflição e humilhação; salienta quanto cuidado teve em evitar o pecado.
Eliú, espectador jovem, corrige Jó e os companheiros dele. (32:1-37:24)
  
Ele mostra que Jó estava errado ao se justificar, em vez de justificar a Deus, e censura os três companheiros de Jó por não responderem corretamente a Jó.
  
Eliú defende a justiça, a imparcialidade, a glória e a onipotência de Jeová.
O próprio Jeová fala então de dentro dum vendaval. (38:1-42:6)
  
Jeová pergunta onde Jó estava quando se criou a terra, e se ele entende os modos maravilhosos das coisas selváticas, demonstrando com isso a pequenez do homem em comparação com a grandeza de Deus.
  
Pergunta então a Jó se este devia achar falta Nele.
  
Jó admite ter falado sem o devido entendimento; arrepende-se “em pó e cinzas”.
A provação de Jó termina, e sua integridade é recompensada. (42:7-17)
  
Jeová expressa desagrado para com Elifaz, Bildade e Zofar, por não terem falado a verdade; manda que ofereçam sacrifícios e que peçam a Jó que ore por eles.
  
Jó é curado quando ora por seus companheiros.
  
Ele passa a ser abençoado com duas vezes mais do que antes com rebanhos e manadas, bem como com mais sete filhos e três filhas.

Livro de Jó            Ponto de                                               Outras referências
                            comparação                                                    bíblicas
3:17-19         Os mortos não sabem nada, mas                          Ec 9:5, 10;
                     estão como os adormecidos.                                Jo 11:11-14;
                                                                                                 1Co 15:20
10:4              Deus não julga com base no                                  1Sa 16:7
                     ponto de vista humano.
10:8, 9,         O grande cuidado de Deus                                   Sal 139:13-16
 11, 12          em criar o homem.
12:23            Deus deixa as nações ficar                         Apocalipse)Re 17:13, 14, 17
                     poderosas e até mesmo
                     unidas contra ele, para
                     que possa com justiça
                     destruí-las de um só golpe.
14:1-5           Homem nasce em pecado e em                             Sal 51:5; Ro 5:12
                     servidão à morte.
14:13-15       Ressurreição dos mortos.                                        1Co 15:21-23
17:9               O justo não tropeça, não                                           Sal 119:165
                      importa o que outros façam.
19:25             O propósito de Jeová é remir                                        Ro 3:24;
                      (resgatar, livrar) a                                                         1Co 1:30
                      humanidade fiel.
21:23-26       Todos os homens estão sujeitos                                      Ec 9:2, 3
                      ao mesmo evento conseqüente;
                      todos são iguais na morte.
24:3-12          Aflição causada pelos iníquos;                                      2Co 6:4-10;
                      cristãos são tratados assim.                                          11:24-27
24:13-17        Os iníquos amam a escuridão,                                       Jo 3:19
                       em vez de a luz; a luz os
                       aterroriza.
26:6                Todas as coisas estão                                                     He 4:13
                       expostas aos olhos de Jeová.
27:8-10           O apóstata não invocará                                                He 6:4-6
                        genuinamente a Deus, nem
                        será ouvido por Ele.
27:12               Os que têm “visões” do seu                                          Je 23:16
                        próprio coração, não de
                        Deus, proferem coisas vãs.
27:16, 17         O justo herdará a riqueza                                            De 6:10, 11;
                        acumulada pelo iníquo.                                                     Pr 13:22
Cap. 28           O homem não pode encontrar                                         Ec 12:13;
                        verdadeira sabedoria do                                                1Co 2:11-16
                       ‘livro da criação divina’,
                        mas só de Deus e pelo
                        temor Dele.
30:1, 2,            Vadios imprestáveis,                                                          At 17:5
 8, 12               insensatos, são usados
                        para perseguir os servos
                        de Deus.
32:22               Conferir títulos                                                                  Mt 23:8-12
                        antibíblicos é errado.
34:14, 15         A vida de toda a carne está                                           Sal 104:29, 30;
                        na mão de Jeová.                                                           Is 64:8;
                                                                                                            At 17:25, 28
34:19               Jeová não é parcial.                                                          At 10:34
34:24, 25         Jeová derruba e estabelece                                           Da 2:21; 4:25
                        governantes a seu bel-prazer.
36:24; 40:8      O importante é declarar                                                     Ro 3:23-26
                        a justiça de Deus.
42:2                 Para Deus, todas as coisas                                                   Mt 19:26
                        são possíveis.
42:3                 A sabedoria de Deus é                                                          Is 55:9;
                        inescrutável.                                                                       Ro 11:33
Outras comparações dignas de nota: 

Jó 7:17 e Sal 8:4; Jó 9:24 e 1Jo 5:19; Jó 10:8 e Sal 119:73; Jó 26:8 e Pr 30:4; Jó 28:12, 13, 15-19 e Pr 3:13-15; Jó 39:30 e Mt 24:28.

Salmos, Livro de
Livro que parece consistir em cinco coleções de cânticos sagrados — (1) Sal 1-41; (2) 42-72; (3) 73-89; (4) 90-106; (5) 107-150 — cada coleção terminando com uma bênção proferida sobre Jeová. Segundo o seu lugar no livro, os respectivos salmos, desde tempos antigos, evidentemente eram conhecidos por número. Por exemplo, o que é agora chamado de “segundo salmo” também era chamado assim no primeiro século EC. — At 13:33.
Estilo. A poesia do livro dos Salmos consiste em idéias ou expressões paralelas. (Veja HEBRAICO [Poesia Hebraica].) Característicos são os salmos acrósticos, ou alfabéticos. (Sal 9, 10, 25, 34, 37, 111, 112, 119, 145) Nestes salmos, o versículo ou versículos iniciais da primeira estrofe começam com a letra hebraica ’á·lef (álefe), o(s) versículo(s) seguinte(s) com behth (bete), e assim por diante, passando por todas ou quase todas as letras do alfabeto hebraico. Este arranjo talvez servisse de auxílio para a memória. Sobre a terminologia encontrada no livro dos Salmos,

Postarei mais tarde um post sobre
ALAMOTE; GITITE; HIGAIOM; MAALATE, II; MASQUIL; MICTÃO; MUTE-LABÉM; NEILOTE; SELÁ, I; SEMINITE; SUBIDAS.
Cabeçalhos. Os cabeçalhos, ou epígrafes, que se encontram no início de muitos dos salmos identificam o escritor, fornecem matéria de fundo, dão instruções musicais, ou indicam o uso ou o objetivo do salmo. (Veja os cabeçalhos do Sal 3, 4, 5, 6, 7, 30, 38, 60, 92, 102.) Ocasionalmente, os cabeçalhos fornecem as informações necessárias para se acharem outros textos que esclarecem determinado salmo. (Compare o Sal 51 com 2Sa 11:2-15; 12:1-14.) Visto que outras partes poéticas da Bíblia muitas vezes são introduzidas de modo similar (Êx 15:1; De 31:30; 33:1; Jz 5:1; compare 2Sa 22:1 com o cabeçalho do Sal 18), isto sugere que os cabeçalhos foram originados quer pelos escritores, quer pelos colecionadores dos salmos. O que dá apoio a isso é que, já no tempo da escrita dos Rolos do Mar Morto dos Salmos (entre 30 e 50 EC), os cabeçalhos faziam parte do texto principal.
Escritores. Dentre os 150 salmos, os cabeçalhos atribuem 73 a Davi, 11 aos filhos de Corá (um deles [Sal 88] também menciona Hemã), 12 a Asafe (evidentemente referindo-se à família de Asafe; veja ASAFE N.° 1), um a Moisés, um a Salomão e um a Etã, o ezraíta. Além disso, o Salmo 72 é “referente a Salomão” e parece ter sido escrito por Davi. (Veja Sal 72:20.) À base de Atos 4:25 e Hebreus 4:7, é evidente que os Salmos 2 e 95 foram escritos por Davi. Os Salmos 10, 43, 71 e 91 parecem ser continuações dos Salmos 9, 42, 70 e 90 respectivamente. Portanto, os Salmos 10 e 71 podem ser atribuídos a Davi, o Salmo 43, aos filhos de Corá, e o Salmo 91, a Moisés. Há indícios de que o Salmo 119 talvez fosse escrito pelo jovem príncipe Ezequias. (Note Sal 119:9, 10, 23, 46, 99, 100.) Isto deixa mais de 40 salmos sem menção ou indicação dum compositor específico.
Os salmos individuais foram escritos durante um período de cerca de 1.000 anos, desde o tempo de Moisés até depois do retorno do exílio babilônico. — Sal 90:cab.; 126:1, 2; 137:1, 8.
Compilação. Visto que Davi compôs muitos deles e organizou os músicos levitas em 24 grupos de serviço, é razoável concluir que ele tenha começado uma coleção desses cânticos a serem usados no santuário. (2Sa 23:1; 1Cr 25:1-31; 2Cr 29:25-30) Depois disso, devem ter sido feitas outras coleções, conforme se pode deduzir das repetições encontradas no livro. (Compare Sal 14 com  53; 40:13-17 com  70; 57:7-11 com 108:1-5.) Diversos peritos acreditam que Esdras foi responsável pelo arranjo do livro dos Salmos na forma final.
Há evidência de que o conteúdo do livro dos Salmos já estava estabelecido bem cedo. A ordem e o conteúdo do livro na Septuaginta grega concorda basicamente com o texto hebraico. Portanto, é razoável que o livro dos Salmos já estivesse completo no terceiro século AEC, quando se iniciou o trabalho nesta tradução grega. Um fragmento do texto hebraico, em uso no terceiro quarto do primeiro século EC, que contém o Salmo 150:1-6, é logo seguido por uma coluna em branco. Isto parece indicar que este antigo manuscrito hebraico terminava o livro dos Salmos neste ponto, e assim também corresponde ao texto massorético.
Preservação Exata do Texto. O Rolo do Mar Morto dos Salmos oferece evidência da preservação exata do texto hebraico. Embora seja uns 900 anos mais antigo do que o geralmente aceito texto massorético, o conteúdo deste rolo (41 salmos canônicos, inteiros ou em parte) corresponde basicamente ao texto em que se baseia a maioria das traduções. O Professor J. A. Sanders observou: “A maioria [das variações] são ortográficas, e só importam para os peritos interessados em indícios quanto à pronúncia do hebraico na antiguidade, e em assuntos deste tipo. . . . Algumas variações se recomendam, de imediato, como aprimoramentos do texto, em especial as que oferecem um texto hebraico mais claro, porém, fazem pouca ou nenhuma diferença quanto à tradução ou à interpretação.” — The Dead Sea Psalms Scroll (O Rolo do Mar Morto dos Salmos), 1967, p. 15.
Inspirado por Deus. Não pode haver dúvida de que o livro dos Salmos faz parte da Palavra inspirada de Deus. Está em plena harmonia com o restante das Escrituras. Idéias comparáveis são muitas vezes encontradas em outras partes da Bíblia. (Compare o Sal 1 com Je 17:5-8; Sal 49:12 com Ec 3:19 e 2Pe 2:12; Sal 49:17 com Lu 12:20, 21.)

Também, muitas são as citações dos Salmos encontradas nas Escrituras Gregas Cristãs. — Sal 5:9 (Ro 3:13); 8:6 (1Co 15:27; Ef 1:22); 10:7 (Ro 3:14); 14:1-3; 53:1-3 (Ro 3:10-12); 19:4 (Ro 10:18); 24:1 (1Co 10:26); 32:1, 2 (Ro 4:7, 8); 36:1 (Ro 3:18); 44:22 (Ro 8:36); 50:14 (Mt 5:33); 51:4 (Ro 3:4); 56:4, 11; 118:6 (He 13:6); 62:12 (Ro 2:6); 69:22, 23 (Ro 11:9, 10); 78:24 (Jo 6:31); 94:11 (1Co 3:20); 95:7-11 (He 3:7-11, 15; 4:3-7); 102:25-27 (He 1:10-12); 104:4 (He 1:7); 112:9 (2Co 9:9); 116:10 (2Co 4:13); 144:3 (He 2:6), e outros.
Davi escreveu a respeito de si mesmo: “Foi o espírito de Jeová que falou por meu intermédio, e a sua palavra estava na minha língua.” (2Sa 23:2) Esta inspiração é confirmada pelo apóstolo Pedro (At 1:15, 16), pelo escritor da carta aos hebreus (He 3:7, 8; 4:7) e por outros cristãos do primeiro século (At 4:23-25). O mais notável testemunho é o do Filho de Deus. (Lu 20:41-44) Depois da sua ressurreição, ele disse aos seus discípulos: “Estas são as minhas palavras que vos falei enquanto ainda estava convosco, que todas as coisas escritas na lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos [o primeiro livro dos Hagiógrafos, ou Escritos Sagrados, que assim dá seu nome a toda esta seção], a respeito de mim, têm de se cumprir.” — Lu 24:44.
Preditas as experiências e atividades do Messias. Um exame das Escrituras Gregas Cristãs revela que grande parte das atividades e experiências do Messias foi predita nos Salmos, conforme os seguintes exemplos demonstrarão:
Quando Jesus se apresentou para o batismo, ele indicou que viera para fazer a “vontade” do seu Pai relacionada com o sacrifício do seu próprio corpo ‘preparado’ e com respeito à eliminação dos sacrifícios de animais oferecidos segundo a Lei, conforme está escrito no Salmo 40:6-8. (He 10:5-10) Jeová aceitou a apresentação que Jesus fez de si mesmo, derramando sobre ele Seu espírito e reconhecendo-o como Seu Filho, conforme predito no Salmo 2:7. (Mr 1:9-11; He 1:5; 5:5) Também, conforme predito no Salmo 8:4-6, o homem Jesus era “um pouco menor que os anjos”. — He 2:6-8.
No decorrer do seu ministério, ele ajuntou e treinou discípulos. Não se envergonhava de chamá-los de “irmãos”, conforme se escrevera no Salmo 22:22. (He 2:11, 12; compare isso com Mt 12:46-50; Jo 20:17.) De acordo com o que se predissera nos Salmos, Jesus falava com ilustrações (Sal 78:2; Mt 13:35), mostrou ter zelo pela casa de Jeová por limpá-la do comercialismo, e não agradou a si mesmo. (Sal 69:9; Jo 2:13-17; Ro 15:3) No entanto, foi odiado sem causa. (Sal 35:19; 69:4; Jo 15:25) O ministério de Cristo Jesus a favor dos judeus circuncisos serviu para confirmar as promessas feitas aos antepassados deles, e, mais tarde, induziu pessoas das nações a glorificar e louvar a Jeová. Isto também fora predito. — Sal 18:49; 117:1; Ro 15:9, 11.
Quando Jesus entrou em Jerusalém montado num jumentinho, multidões o aclamaram com as palavras do Salmo 118:26. (Mt 21:9) Quando os principais sacerdotes e os escribas objetaram ao que meninos no templo diziam em reconhecimento de Jesus como “o Filho de Davi”, Jesus silenciou os opositores religiosos por citar o Salmo 8:2. — Mt 21:15, 16.
O livro dos Salmos indicava que Jesus seria traído por um associado íntimo (Sal 41:9; Jo 13:18), o qual, conforme predito, seria substituído. (Sal 69:25; 109:8; At 1:20) Até mesmo fora predito que os governantes (Herodes e Pôncio Pilatos) se alinhariam contra Jesus com homens das nações (tais como os soldados romanos), e com povos de Israel (Sal 2:1, 2; At 4:24-28), assim como também fora predito que ele seria rejeitado pelos construtores religiosos, judeus. (Sal 118:22, 23; Mt 21:42; Mr 12:10, 11; At 4:11) E testemunhas falsas testificaram contra ele, conforme predisse o Salmo 27:12. — Mt 26:59-61.
Ao chegar ao lugar em que seria pregado na estaca, ofereceram a Jesus vinho misturado com fel. (Sal 69:21; Mt 27:34) Fazendo uma alusão profética ao próprio ato de Jesus ser pregado na estaca, o salmista escreveu: “Cercaram-me cães; rodeou-me a assembléia dos próprios malfeitores. Iguais a um leão atacam as minhas mãos e os meus pés.” (Sal 22:16) Os soldados romanos repartiram a roupa de Jesus por lançar sortes. (Sal 22:18; Mt 27:35; Lu 23:34; Jo 19:24) Seus inimigos religiosos caçoaram dele com as palavras registradas pelo salmista. (Sal 22:8; Mt 27:41-43) Sofrendo sede intensa, Jesus pediu algo para beber. (Sal 22:15; Jo 19:28) Novamente ofereceram-lhe vinho acre. (Sal 69:21; Mt 27:48; Jo 19:29, 30) Pouco antes de morrer, Jesus clamou, citando o Salmo 22:1: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mt 27:46; Mr 15:34) Com o último suspiro, ele usou o Salmo 31:5 ao dizer: “Pai, às tuas mãos confio o meu espírito.” (Lu 23:46) Conforme o salmista predissera adicionalmente, não se lhe quebrou nenhum osso. — Sal 34:20; Jo 19:33, 36.
Embora fosse deitado num túmulo, Jesus não foi abandonado no Hades, nem viu a sua carne a corrupção, mas ele foi levantado dentre os mortos. (Sal 16:8-10; At 2:25-31; 13:35-37) Quando ascendeu ao céu, foi assentado à mão direita de Deus, aguardando que seus inimigos fossem postos como escabelo para os seus pés. (Sal 110:1; At 2:34, 35) Ele tornou-se também sacerdote à maneira de Melquisedeque (Sal 110:4; He 5:6, 10; 6:20; 7:17, 21) e deu dádivas em forma de homens. (Sal 68:18; Ef 4:8-11) Todos estes pormenores foram profetizados nos Salmos. Ainda é futura a vinda de Jesus no papel de executor da parte de Deus para espatifar as nações. (Sal 2:9; Re 2:27; 19:14, 15) Depois disso, Cristo, como Rei, trará bênçãos eternas para os seus súditos leais. Embora o Salmo 72 fosse originalmente escrito referente a Salomão, a descrição do seu governo ali aplica-se em grau ainda maior ao Messias. Isto é atestado pela profecia de Zacarias (9:9, 10), que ecoa o Salmo 72:8 e é aplicada a Cristo Jesus. — Mt 21:5.
Quanto a outros cumprimentos do livro dos Salmos, compare o Salmo 45 com Hebreus 1:8, 9; Revelação (Apocalipse) 19:7-9, 11-15; 21:2, 9-11.
Mais do que Apenas Bela Poesia. Além de indicar eventos futuros, os Salmos contêm muita coisa de que a pessoa pode derivar encorajamento e que lhe pode servir de guia. Os Salmos são mais do que apenas bela poesia. Retratam a vida como ela realmente é — as alegrias, as tristezas, os temores e os desapontamentos. Em todos eles há evidência da relação íntima dos salmistas com Jeová Deus. E as atividades e as qualidades de Deus são postas em nítido foco, motivando expressões de louvor e de agradecimento.
Mostra-se que a verdadeira felicidade deriva de se evitar a associação com os iníquos, de se agradar da lei de Jeová (Sal 1:1, 2), de se refugiar no Seu ungido (2:11, 12), de confiar em Jeová (40:4), de ter consideração com os de condição humilde (41:1, 2), de receber correção de Jeová (94:12, 13), de obedecer às Suas ordens (112:1; 119:1, 2), e de tê-lo como Deus e Ajudador (146:5, 6).
Admoesta-se a ter confiança em Jeová. “Lança teu fardo sobre o próprio Jeová, e ele mesmo te susterá. Nunca permitirá que o justo seja abalado.” (Sal 55:22; 37:5) Tal confiança exclui o temor de homem. — 56:4, 11.
Incentiva-se a esperar por Deus (Sal 42:5, 11; 43:5), bem como recorrer a palavras e ações corretas, para se obter a aprovação divina. (1:1-6; 15:1-5; 24:3-5; 34:13, 14; 37:3, 4, 8, 27; 39:1; 100:2) Dá-se ênfase no valor das boas associações. (18:25, 26; 26:4, 5) E aconselha-se a não invejar a prosperidade ou o sucesso dos iníquos, porque eles perecerão. — 37:1, 2, 7-11.
Os Salmos indicam que os servos de Deus podem orar corretamente por coisas tais como a salvação ou a libertação (Sal 3:7, 8; 6:4; 35:1-8; 71:1-6), favor (4:1; 9:13), orientação (5:8; 19:12-14; 25:4, 5; 27:11; 43:3), proteção (17:8), perdão de pecados (25:7, 11, 18; 32:5, 6; 41:4; 51:1-9), um coração puro, um espírito novo e firme (51:10), e a glorificação do nome de Deus (115:1). Podem também orar para ser examinados, refinados (26:2) e julgados (35:24; 43:1), bem como para que se lhes ensine bondade, sensatez, conhecimento e regulamentos de Deus. — 119:66, 68, 73, 124, 125, 135.
Destacam as atividades e as qualidades de Deus. Os Salmos realçam o apreço por Jeová Deus, cuja existência apenas o insensato negaria. (Sal 14:1; 19:7-11; 53:1) Jeová é revelado como Aquele que “ama a justiça e o juízo” (33:5), que “é para nós refúgio e força, uma ajuda encontrada prontamente durante aflições”. (46:1) Ele é justo Juiz (7:11; 9:4, 8), o Criador (8:3; 19:1; 33:6), Rei (10:16; 24:8-10), Pastor (23:1-6) e Instrutor (25:9, 12), o Provisor tanto para os homens como para os animais (34:10; 147:9), o Salvador ou Libertador (35:10; 37:39, 40; 40:17; 54:7), e a Fonte da vida (36:9) e de consolo (86:17), bênção e força. — 29:11.
Jeová ‘não se esquece do clamor dos atribulados’ (Sal 9:12; 10:14), mas responde às orações dos seus servos (3:4; 30:1, 2; 34:4, 6, 17, 18), recompensando-os e protegendo-os. (3:3, 5, 6; 4:3, 8; 9:9, 10; 10:17, 18; 18:2, 20-24; 33:18-20; 34:22; veja 34:7 a respeito de proteção angélica.) Ele odeia a iniqüidade e toma ação contra os transgressores. — 5:4-6, 9, 10; 9:5, 6, 17, 18; 21:8-12; 99:8.
Mostra-se que Jeová é atemorizante (Sal 76:7) e grande (77:13), contudo, humilde (18:35); ele é santo (99:5), e abundante em bondade (31:19) e em poder. (147:5) Ele é “um Deus misericordioso e clemente, vagaroso em irar-se e abundante em benevolência e veracidade”. (86:15) Seu entendimento está além de ser narrado (147:5) e suas obras criativas atestam a sua sabedoria. (104:24) Ele conta o número das estrelas e chama a todas elas por nome. (147:4) É capaz de ver até mesmo o embrião humano. (139:16) Pode curar todas as enfermidades. (103:3) Ele pode fazer cessar guerras por destroçar o equipamento de guerra dos inimigos. (46:9) Tem estado ativamente envolvido em muitos eventos da história na promoção do seu justo propósito. (44:1-3; 78:1-72; 81:5-7; 105:8-45; 106:7-46; 114:1-8; 135:8-12; 136:4-26) Tal Deus, deveras, merece louvor e agradecimentos. (92:1; 96:1-4; 146-150) Confiar em homens (60:11; 62:9), riquezas (49:6-12, 17) ou ídolos (115:4-8; 135:15-18) seria tolice.
Consideram o valor da palavra de Deus. Os Salmos também ensinam a ter apreço pela palavra de Deus. Mostram que as declarações de Jeová são puras (Sal 12:6) e refinadas. (18:30) Sua lei é preciosa (119:72) e é verdade. (119:142) Benefícios duradouros resultam de se observar a Sua lei perfeita, suas advertências fidedignas, suas ordens retas, seus mandamentos limpos e suas decisões judiciais justas. (19:7-11) A palavra de Deus serve para iluminar a senda da pessoa (119:105), e seus mandamentos a tornam sábia, dando-lhe perspicácia e entendimento. — 119:98-100, 104.
Esclarecem e suplementam outros textos. Às vezes, o livro dos Salmos esclarece ou suplementa outras partes da Bíblia. Mostra que ‘atribular a alma’, como os israelitas faziam no Dia da Expiação (Le 16:29; 23:27; Núm 29:7), refere-se a jejuar. (Sal 35:13) Só o salmista relata o tratamento severo dado a José, pelo menos inicialmente, enquanto estava preso no Egito: “Atribularam-lhe os pés com grilhetas, sua alma entrou em ferros.” (105:18) Dos Salmos aprendemos que “delegações de anjos” estavam envolvidas em causar as pragas no Egito (78:44-51) e que, no ermo, as águas milagrosamente providas “foram através das regiões áridas como um rio” (105:41), fornecendo assim um amplo e prontamente acessível suprimento de água para a nação de Israel e seus muitos animais domésticos. Os Salmos fornecem evidência de que o próprio Faraó morreu no mar Vermelho. — 136:15.

Os Salmos indicam que os israelitas sofreram reveses e grandes dificuldades antes da derrota dos edomitas no Vale do Sal. (Sal 60:cab., 1, 3, 9) Isto sugere que os edomitas invadiram Judá enquanto a nação estava guerreando no norte com as forças de Arã-Naaraim e Arã-Zobá.
O Salmo 101 revela a maneira em que Davi administrava os assuntos de estado. Como seus servos, Davi escolhia apenas pessoas fiéis. Não suportava pessoas arrogantes e não tolerava calúnias. Preocupava-se diariamente com levar os iníquos às barras da justiça.

DESTAQUES DOS SALMOS
  
Compilação de 150 cânticos sagrados, muitos deles baseados nas experiências pessoais de Davi e de outros servos de Jeová.
  Compostos durante um período de uns 1.000 anos, começando no tempo de Moisés e estendendo-se além do retorno do exílio babilônico.
Expressões de agradecimento e de louvor a Jeová.
  Pela grandiosidade do seu nome. (99:3;  113; 148:13, 14)
  Por suas grandiosas obras criativas. (33:1-9; 148:1-12)
  Por ele ser o Grandioso Pastor. ( 23)
  Por ele atender orações. (21:1-7;  28;  116; 118:21)
  Por ele ser o que é. ( 50; 95:1-7; 96:4-13;  97;  150)
  Por libertar de inimigos e de circunstâncias aflitivas. ( 18;  30;  107;  140;  149)
  Por seus julgamentos justos. (67:3, 4;  98)
  Por suas qualidades pessoais. (57:9-11;  92;  100; 108:1-4;  117; 138:1, 2)
  Por suas abundantes provisões. (37:25; 67:5-7; 145:15, 16)
  Induzidas por seus tratos passados com o seu povo. ( 66;  81;  105;  106;  126; 136:10-24;  147)
Petições de misericórdia e ajuda dirigidas a Deus.
  De libertação de inimigos. ( 3-5;  7;  12;  13;  17;  31;  59)
  De perdão de pecados. (19:12, 13; 25:7, 11;  32; 51:1, 2, 7-15;  130)
  De orientação na conduta. (119:124, 125; 143:8, 10)
  De amparo em doença e aflição. (41:1-4)
  De favor ao sofrer aflição. (6:2, 9; 9:13, 14;  123)
Profecias cumpridas no Messias.
  Ele era da linhagem real de Davi. (89:3, 4, 29, 36, 37; 132:11)
  Consumia-o o zelo pela casa de Jeová. (69:9)
  Falava usando ilustrações. (78:2)
  Foi traído por um associado íntimo. (41:9; 55:12-14)
  Indicou-se a maneira em que seria executado. (22:16 n)
  Foi vituperado e injuriado. (22:6-8; 69:9)
  Lançaram-se sortes sobre a sua vestimenta. (22:18)
  Deram-lhe vinagre para beber. (69:21)
  Nenhum osso seu foi quebrado. (34:20)
  Foi levantado do Seol. (16:10)
  A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a principal do ângulo. (118:22)
  Ascendeu ao alto, provendo dádivas em forma de homens. (68:18)
  Foi glorificado e recebeu domínio sobre tudo. (8:5-8)
  Recebeu o reinado. (2:6;  110)
  Destruirá as nações que se lhe opõem. (2:8, 9; 45:3-5)
  Tem um casamento real; designará príncipes na terra. (45:2, 6-17)
  Seu domínio sobre a terra será justo e compassivo. ( 72)
Doutrinas bíblicas, básicas, que constam no livro dos Salmos.
  Identidade e qualidades do verdadeiro Deus. (78:38, 39; 83:18; 86:15; 90:1-4; 102:24-27;  103;  139)
  Soberania de Jeová. (11:4-7; 24:1;  29;  44;  47;  48;  76;  93)
  Santificação do nome de Deus. ( 79;  83)
  Todos os homens são pecadores. (14:1-3; 51:5; 53:1-3)
  A tolice da idolatria. (115:4-8; 135:15-18)
  A condição dos mortos. (6:5; 88:10-12; 115:17; 146:4)
  A terra será o lar duradouro dos justos. (37:9-11, 29; 104:5; 115:16)
Conselho inspirado para nos ajudar a obter a aprovação de Jeová.
  Temer a Jeová e obedecer a seus mandamentos. (112:1-4;  128)
  Cultivar alta estima pelas pronunciações de Deus, por sua lei. (1:2; 19:7-11;  119)
  Confiar em Jeová. (9:10; 115:9-11;  125; 146:5-7)
  Esperar pacientemente que ele aja. ( 42;  43)
  Empenhar-se pela paz e pela justiça. (34:14, 15)
  Ter vivo apreço por estar com o povo de Deus, estar na Sua casa. ( 84;  122;  133)
  Evitar más associações. (1:1; 26:4, 5; 101:3-8)
  Ensinar aos filhos as maneiras de agir de Jeová. (78:3-8)
  Falar a verdade; evitar a calúnia e os juramentos falsos. (15:2, 3; 24:3-5; 34:13)
  Manter a palavra, mesmo quando isso mostra ser mau para a própria pessoa. (15:4)
  Evitar o mau uso do dinheiro. (15:5)
  A generosidade resulta em bênçãos para o dador. (112:5-10)
  Louvar a Jeová publicamente. (26:7, 12; 40:9)

Provérbios, Livro de
Livro que consiste em uma compilação de provérbios ou declarações sábias provenientes de várias outras coleções. O próprio livro delineia seu objetivo: “Para se conhecer sabedoria e disciplina, para se discernirem as declarações de entendimento, para se receber a disciplina que dá perspicácia, justiça e juízo, e retidão, para se dar argúcia aos inexperientes, conhecimento e raciocínio ao moço.” (Pr 1:2-4) “O objetivo é que andes no caminho de gente boa e que guardes as veredas dos justos.” — 2:20.
As introduções de três das seções do livro atribuem os provérbios nelas contidos a Salomão. (Pr 1:1; 10:1; 25:1) Isto concorda com o fato de que Salomão “podia falar três mil provérbios”. (1Rs 4:32) Existe muito pouca dúvida de que muitos dos provérbios, se não todos nestas seções, foram registrados durante o reinado de Salomão. Referindo-se a si mesmo, Salomão declarou: “O congregante se tornara sábio, ele ensinou também ao povo continuamente o conhecimento, e ponderou e fez uma investigação cabal, a fim de pôr em ordem muitos provérbios. O congregante procurou achar palavras deleitosas e a escrita de palavras corretas de verdade.” — Ec 12:9, 10.
Entretanto, vários argumentos têm sido suscitados contra atribuir a maioria dos provérbios a Salomão. Certos provérbios (Pr 16:14; 19:12; 20:2; 25:3) têm sido citados como depreciando monarcas, e, portanto, não pertencendo ao tempo de Salomão. Todavia, ao examinar de perto, descobre-se que, em vez de serem depreciativos, esses provérbios exaltam reis, mostrando que se lhes deve conceder o devido temor em virtude de seu poder. (Veja 24:21.) Aqueles que afirmam que um polígamo como Salomão não teria falado sobre o relacionamento marido-esposa de modo a sugerir a monogamia (5:15-19; 18:22; 19:13, 14) perdem de vista o fato de que a poligamia não era promovida, mas simplesmente tolerada e regulada pela Lei. E é bem possível que os judeus em geral praticassem a monogamia. Do mesmo modo, tais críticos esquecem-se de que Provérbios foi inspirado por Deus e não reflete simplesmente as opiniões de Salomão. Não obstante, através de observações e de experiências próprias, Salomão pode muito bem ter chegado a reconhecer a sabedoria da norma original de Deus para o casamento, a monogamia. — Veja Ec 2:8; 7:27-29.
Os provérbios que não são atribuídos a Salomão tiveram sua origem nas expressões de outros homens sábios, e de uma mulher. (Pr 22:17; 30:1; 31:1; veja AGUR; LEMUEL.) Não se sabe com precisão quando exatamente todos estes provérbios foram ordenados em sua forma final. O último indicador de tempo que consta do próprio livro é uma referência ao reinado de Ezequias. (25:1) Assim, existe base para se crer que os provérbios já se achavam compilados em forma de livro por ocasião da morte deste governante em c. 717 AEC. A repetição de certos provérbios sugere que o livro foi compilado à base de várias coleções distintas. — Compare Pr 10:1 com 15:20; 10:2 com 11:4; 14:20 com 19:4; 16:2 com 21:2.
Estilo e Disposição Geral. O livro de Provérbios acha-se escrito em estilo poético hebraico, que consiste em pensamentos ritmados que utilizam paralelismos, cujas idéias tanto podem ser similares (Pr 11:25; 16:18; 18:15) como contrastantes. (10:7, 30; 12:25; 13:25; 15:8) A sua primeira seção (1:1-9:18) consiste de breves discursos que um pai dirige a um filho ou a filhos. Isto serve de introdução para as expressões breves e incisivas encontradas nas seções restantes do livro. Os últimos 22 versículos do livro acham-se escritos em estilo acróstico, ou alfabético, uma forma de composição também usada por Davi em vários de seus salmos. — Sal 9, 10, 25, 34, 37, 145.
Inspirado por Deus. Os escritores das Escrituras Gregas Cristãs comprovam que o livro de Provérbios faz parte da Palavra inspirada de Deus. O apóstolo Pedro (1Pe 4:18; 2Pe 2:22; Pr 11:31 [LXX]; 26:11) e o discípulo Tiago (Tg 4:6; Pr 3:34, LXX) referiram-se a ele, como também o fez o apóstolo Paulo ao escrever aos coríntios (2Co 8:21; Pr 3:4, LXX), aos romanos (Ro 12:16, 20; Pr 3:7; 25:21, 22), e aos hebreus (He 12:5, 6; Pr 3:11, 12). Adicionalmente, numerosas idéias paralelas podem ser encontradas nas Escrituras Gregas Cristãs. — Compare Pr 3:7 com Ro 12:16; Pr 3:12 com Re 3:19; Pr 24:21 com 1Pe 2:17; Pr 25:6, 7 com Lu 14:7-11.
Conhecer a Jeová É o Caminho Para a Vida. O livro de Provérbios fala muito sobre o conhecimento em relação ao discernimento, à sabedoria, ao entendimento e à faculdade de raciocínio. Por conseguinte, o conhecimento que ele procura transmitir e incentivar é mais do que um simples conhecimento intelectual, uma série de fatos ou erudição. Provérbios salienta que todo conhecimento verdadeiro tem como ponto de partida o apreço pela relação que a pessoa tem com Jeová. Com efeito, o capítulo 1, versículo 7, delineia o tema do livro: “O temor de Jeová é o princípio do conhecimento.”
Naturalmente, o conhecimento mais importante que se pode adquirir é sobre o próprio Deus. “O conhecimento do Santíssimo é o que é entendimento”, diz Provérbios 9:10. Tal conhecimento transcende ao simples fato da existência de Deus, e de ser Ele o Criador, indo mesmo além do conhecimento de muitos fatos sobre seus modos de lidar com outros. “Conhecê-lo” denota profundo apreço por Suas excelentes qualidades e por Seu grande nome, e uma relação achegada com ele.
Jesus Cristo disse aos judeus, que tinham conhecimento sobre Deus: “Ninguém conhece plenamente o Filho, exceto o Pai, tampouco há quem conheça plenamente o Pai, exceto o Filho e todo aquele a quem o Filho estiver disposto a revelá-lo.” (Mt 11:27) Conhecer as qualidades de Jeová aprofundará o temor correto de Deus, e nos conscientizará de que Ele merece toda a nossa adoração e nosso serviço, e de que conhecê-lo e obedecê-lo é o caminho para a vida. “O temor de Jeová é fonte de vida para se desviar dos laços da morte”, e: “O temor de Jeová tende para a vida.” — Pr 14:27; 19:23.
Jeová, o Criador. Jeová, com incomparável sabedoria, é o Criador de todas as coisas e o Promulgador de leis que governam essas coisas; assim, ele merece a adoração de todas as criaturas. (Pr 3:19, 20) Ele fez o ouvido que ouve e o olho que vê, tanto em sentido literal como moral. Assim sendo, é preciso recorrer a Ele para ver e ouvir com real entendimento. E é preciso entender que somos responsáveis perante Aquele que tudo vê e ouve. — 20:12.
Justiça. O livro exalta a Jeová como o centro de todas as coisas e Aquele de quem se originam todos os princípios justos. Por exemplo: “Fiel e balança justos pertencem a Jeová; todos os pesos de pedra da bolsa são seu trabalho.” (Pr 16:11) Sua vontade qual Legislador é que a honestidade e a justiça governem todas as transações. (11:1; 20:10) Por temê-lo, a pessoa aprende a amar o que Ele ama, e a odiar o que Ele odeia, e, desta forma, a tornar reto o seu modo de vida, pois “o temor de Jeová significa odiar o mal”. (8:13) Provérbios revela que Jeová odeia especialmente olhos altaneiros, língua falsa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que projeta ardis prejudiciais, pés que se apressam a correr para a maldade, a testemunha falsa e mentirosa, e aquele que cria contendas entre irmãos. (6:16-19; 12:22; 16:5) Quem verdadeiramente odeia tais coisas já está bem estabelecido no caminho da vida.
Além disso, o livro de Provérbios ilumina o caminho dos justos por mostrar o que Jeová aprova. “Os inculpes no seu caminho são um prazer para ele”, como também são as orações de tais pessoas. (Pr 11:20; 15:8, 29) “O bom obtém a aprovação de Jeová.” (12:2) “Ele ama aquele que se empenha pela justiça.” — 15:9.
Julgamento e orientação. Quem conhece a Jeová se dá conta, através do conhecimento e da experiência, que, conforme diz Provérbios 21:30, “não há sabedoria, nem discernimento, nem conselho em oposição a Jeová”. Portanto, embora talvez ouça outros planos, ou os acalente no coração, a pessoa sensata orientará seu modo de vida em harmonia com o conselho de Jeová, sabendo que conselhos contrários, não importa quão sábios ou plausíveis estes aparentam ser, não podem prevalecer contra a palavra de Jeová. — 19:21; compare isso com Jos 23:14; Mt 5:18.
O inspirado Rei Salomão disse: “Confia em Jeová de todo o teu coração . . . Nota-o em todos os teus caminhos, e ele mesmo endireitará as tuas veredas.” (Pr 3:5, 6) O coração do homem escolhe o caminho que tal homem deseja trilhar, mas, mesmo quando ele escolhe o caminho correto, para ter êxito, precisa voltar-se para Jeová, a fim de que Ele dirija os seus passos. — 16:3, 9; 20:24; Je 10:23.
Tendo escolhido a vereda da vida, a pessoa deve reconhecer o vívido interesse que Jeová tem nela. Provérbios nos lembra de que os olhos de Jeová “estão em todo lugar, vigiando os maus e os bons”. (Pr 15:3) “Porque os caminhos do homem estão diante dos olhos de Jeová e ele contempla todos os seus trilhos.” (5:21) Jeová examina, não só o que tal homem aparenta ser, mas também seu coração. (17:3) “Jeová faz a avaliação dos corações” (21:2), e pesa o verdadeiro valor dos pensamentos, da motivação e dos desejos mais íntimos da pessoa.
Mostra-se que os julgamentos de Jeová são inteiramente corretos, em todos os sentidos, e resultam no bem dos que buscam a retidão. No devido tempo, Deus eliminará os iníquos da terra, a morte destes sendo o preço da liberdade dos justos. Concordemente, o provérbio declara: “O iníquo é resgate para o justo; e quem age traiçoeiramente toma o lugar dos retos.” (Pr 21:18) Entre tais iníquos acham-se os orgulhosos, que são detestáveis para Jeová. Eles ‘não ficarão impunes’. (16:5) “A casa dos que se enaltecem, Jeová a derrubará.” (15:25) Ele “roubará a alma” dos que roubam dos humildes. — 22:22, 23.
Por observar estes modos de Jeová lidar com outros, o homem de mentalidade justa torna retas as suas veredas. (Veja Pr 4:26.) Vê que permitir a parcialidade por meio de suborno (17:23) ou da influência da personalidade (18:5) faz com que a pessoa perverta o julgamento. ‘Declarar justo ao iníquo e iníquo ao justo’ o tornaria detestável aos olhos de Jeová. (17:15) Aprende também a não ter preconceito, mas a ouvir plenamente ambos os lados dum assunto, antes de julgá-lo. — 18:13.
Segurança com felicidade. Àquele que resguarda a sabedoria prática e o raciocínio que obtém de Jeová, o livro de Provérbios diz: “O próprio Jeová, de fato, mostrará ser tua confiança e ele certamente guardará teu pé da captura.” (Pr 3:21, 26; 10:29; 14:26) Se alguém teme a Jeová, “neste caso haverá futuro”. (23:17, 18) Ademais, não só existe uma esperança futura, mas há também felicidade e segurança no tempo atual. (3:25, 26) “Quando Jeová tem prazer nos caminhos de um homem, faz que até os seus próprios inimigos estejam em paz com ele.” (16:7) Deus não permitirá que o justo passe fome. (10:3) Se alguém honra a Deus com as coisas valiosas que possui, seus “depósitos de suprimentos se encherão de fartura”. (3:9, 10) Ele acrescenta dias à vida de tal homem. — 10:27.
Quem ‘se refugia’ no nome de Jeová (entendendo e reconhecendo este nome em tudo o que representa) verificará que é como uma torre forte, para a qual, nos tempos antigos, as pessoas fugiam em busca de segurança diante do inimigo. — Pr 18:10; 29:25.
A humildade perante Jeová traz “riquezas, e glória, e vida”. (Pr 22:4) Misericórdia e verdade é o que ele deseja; estas são mais valiosas do que sacrifícios. Aqueles que se desviam do mal, temem a Jeová e o servem deste modo não receberão Seu julgamento adverso. (Pr 16:6; compare isso com 1Sa 15:22.) Por conhecer os modos de Jeová, pode-se seguir “o curso inteiro do que é bom”. — Pr 2:9.
Visa o Coração. Para alcançar seu objetivo, o livro de Provérbios visa o coração. Mais de 75 vezes, refere-se ao coração como obtendo conhecimento, entendimento, sabedoria e discernimento; como sendo responsável por palavras e ações; ou como sendo afetado por circunstâncias e condições. Deve-se aplicar o coração ao discernimento (Pr 2:2); o coração deve observar mandamentos justos (3:1); estes devem ser escritos “na tábua do . . . coração”. (3:3) “Mais do que qualquer outra coisa”, deve-se resguardar o coração. (4:23) É de todo o coração que se deve confiar em Jeová. — 3:5; veja post CORAÇÃO.
A disciplina e o coração. Provérbios dá muito valor à disciplina, sob várias formas. (Pr 3:11, 12) Diz: “Quem se esquiva da disciplina rejeita a sua própria alma, mas aquele que escuta a repreensão adquire coração.” (15:32) Assim, a repreensão atinge o coração e o ajusta, ajudando a pessoa a adquirir bom senso ou discernimento. “Os próprios tolos estão morrendo por serem faltos de coração [sem discernimento].” (10:21) Visto ser o coração que precisa ser alcançado no treinamento dos filhos, somos informados: “A tolice está ligada ao coração do rapaz; a vara da disciplina é a que a removerá para longe dele.” — 22:15.
O Espírito e a Alma. Provérbios não é um livro de declarações de mera sabedoria humana, de como agradar ou influenciar os homens. Antes, Provérbios penetra fundo no coração no que tange a este influir no raciocínio e na motivação, penetra no espírito ou na inclinação mental, e na alma, no sentido de constituir toda fibra do ser e da personalidade da pessoa. (He 4:12) Mesmo que um homem talvez julgue estar certo, ou justifique suas ações, ‘todos os caminhos dum homem sendo puros aos seus próprios olhos’, Provérbios 16:2 nos faz lembrar que “Jeová faz a avaliação dos espíritos”, e, assim, sabe qual é a disposição da pessoa. O poder ou a força são altamente prezados no mundo, porém, “melhor é o vagaroso em irar-se do que o homem poderoso, e aquele que controla seu espírito, do que aquele que captura uma cidade”. — Pr 16:32.
Obter o conhecimento e a sabedoria deste livro divinamente provido será de grande ajuda para a pessoa ser feliz na vida atual, e a colocará no caminho da vida eterna. Visto que “quem adquire coração ama a sua própria alma”, os conselhos e a disciplina inspirados ali contidos, se forem seguidos, acrescentarão “longura de dias e anos de vida”, e “mostrar-se-ão vida para a tua alma”. (Pr 19:8; 3:2, 13-18, 21-26) “Jeová não fará que a alma do justo passe fome.” (10:3) “Quem guarda o mandamento guarda a sua alma”, admoesta Salomão. — 19:16.
Relacionamentos com Outros. Provérbios descreve o verdadeiro servo de Deus como alguém que usa sua língua para o bem (Pr 10:20, 21, 31, 32), não proferindo falsidades nem mesmo magoando outros com palavras impensadas. (12:6, 8, 17-19; 18:6-8, 21) Caso seja provocado, ele aplaca o furor de seu oponente com uma resposta branda. (15:1; 25:15) Não aprecia disputas, nem altercações, e exerce autodomínio para evitar acessos de ira, ciente de que poderia cometer irreparável tolice. (Pr 14:17, 29; 15:18; compare isso com Col 3:8.) De fato, evitará o companheirismo dos que permitem que a ira os controle, e que são tomados por acessos de ira, pois sabe que estes o levariam a um laço. — Pr 22:24, 25; compare isso com 13:20; 14:7; 1Co 15:33.
Faça o bem, e não o mal. Os Provérbios inspirados instam com a pessoa para que tome a iniciativa de fazer o bem aos outros. Não só deve agir para o benefício daqueles que ‘moram em segurança’ junto com ela, que não lhe fizeram nenhum mal (Pr 3:27-30), mas insta-se também a que retribua o mal com o bem. (25:21, 22) Deve vigiar atentamente seu coração, para que não sinta regozijo íntimo diante da calamidade advinda a alguém a quem ela despreza, ou a alguém que a odeie. — 17:5; 24:17, 18.
Tagarelice e calúnia. Muito se diz no livro de Provérbios sobre as dificuldades, o pesar e os danos resultantes da tagarelice, bem como a gravidade da culpa que pesa sobre o mexeriqueiro. O ‘petisco’ dum caluniador é ‘engolido avidamente’ por seu ouvinte, e não é encarado como de somenos importância, mas causa duradoura impressão, descendo “até as partes mais íntimas do ventre”. Portanto, causa dificuldades, e quem a profere não pode ‘eximir-se’ da culpa. Embora tal pessoa possa parecer muito graciosa, e possa disfarçar sua verdadeira condição de coração, Deus providenciará que o ódio e a maldade que realmente existem dentro dela sejam ‘descobertos na congregação’. A pessoa cairá na cova que escavou para outrem. — Pr 26:22-28.
Relações familiares. Provérbios aconselha estritamente a fidelidade conjugal. O homem deve deleitar-se na ‘esposa de sua mocidade’, e não buscar satisfação em outra parte. (Pr 5:15-23) O adultério trará ruína e morte aos que o praticam. (5:3-14; 6:23-35) A boa esposa é uma “coroa” e uma bênção para o marido. Mas, se a esposa age vergonhosamente, ela é “como podridão nos . . . ossos [do marido]”. (12:4) E é uma desgraça para um homem até mesmo conviver com uma esposa contenciosa. (25:24; 19:13; 21:19; 27:15, 16) Embora ela possa ser exteriormente linda e atraente, é como “uma argola de ouro, para as narinas, no focinho dum porco”. (11:22; 31:20) A mulher tola realmente derruba sua própria casa. (14:1) O excelente valor da boa esposa — sua diligência, sua fidedignidade e seus cuidados da casa com fidelidade e submissão ao marido — é plenamente descrito em Provérbios, capítulo 31.
Mostra-se que os pais são plenamente responsáveis pelos filhos, e destaca-se a disciplina como essencial. (Pr 19:18; 22:6, 15; 23:13, 14; 29:15, 17) Ressalta-se a responsabilidade do pai, mas o filho tem de respeitar tanto o pai como a mãe, caso deseje vida da parte de Jeová. — 19:26; 20:20; 23:22; 30:17.
O cuidado com os animais. O livro de Provérbios considera até mesmo a preocupação com os animais domésticos. “O justo importa-se com a alma do seu animal doméstico.” (Pr 12:10) “Devias conhecer positivamente a aparência do teu rebanho.” — 27:23.
Estabilidade e fidelidade governamentais. Os Provérbios expressam princípios do bom governo. Homens em altas posições, tais como os reis, devem esquadrinhar os assuntos (Pr 25:2), manifestar benevolência e veracidade (20:28), e lidar de forma justa com seus súditos (29:4; 31:9), inclusive com os humildes (29:14). Seus conselheiros não podem ser homens iníquos, se o governo há de ser firmemente estabelecido pela justiça. (25:4, 5) O líder tem de ser homem de discernimento, e alguém que odeia o lucro injusto. — 28:16.
Ao passo que ‘a justiça enaltece uma nação’ (Pr 14:34), a transgressão resulta num governo instável. (28:2) A revolução também traz grande instabilidade, e, em Provérbios 24:21, 22, aconselha-se contra ela: “Filho meu, teme a Jeová e ao rei. Não te metas com os que estão a favor duma mudança. Porque o seu desastre surgirá tão repentinamente, que da extinção daqueles que estão a favor duma mudança quem se aperceberá?”
Úteis Para Aconselhar. Visto que Provérbios abrange uma ampla gama de empenhos humanos, pode fornecer uma base para se dar muitos conselhos e admoestações práticas, como no caso dos escritores das Escrituras Gregas Cristãs. “O coração do justo medita a fim de responder.” (Pr 15:28) No entanto, não é sábio aconselhar os zombadores. “Quem corrige ao zombador toma para si desonra, e quem dá repreensão a um iníquo — defeito nele. Não repreendas ao zombador, para que não te odeie. Dá repreensão ao sábio e ele te amará.” (9:7, 8; 15:12; compare isso com Mt 7:6.) Nem todas as pessoas são zombadoras, e, por isso, os que se acham em posição de dar conselhos a outros devem fazê-lo, conforme destacam as seguintes palavras: “Os próprios lábios do justo estão apascentando a muitos.” — Pr 10:21.

DESTAQUES DE PROVÉRBIOS
  Livro constituído de seções em forma de discursos, bem como de coleções de declarações sábias sobre assuntos práticos da vida.
  Embora seja atribuído principalmente ao Rei Salomão, Provérbios só foi compilado na sua inteireza por volta da época do reinado de Ezequias.
O valor superior da sabedoria.
  Sabedoria, junto com compreensão, é a coisa principal. (4:5-8; 16:16)
  Elementos essenciais para se adquirir sabedoria. (2:1-9; 13:20)
  Benefícios resultantes da sabedoria, tais como segurança, proteção, honra e vida mais longa e mais feliz. (2:10-21; 3:13-26, 35; 9:10-12; 24:3-6, 13, 14)
  A sabedoria personificada foi o colaborador de Jeová. (8:22-31)
  As conseqüências amargas de se deixar de agir sabiamente. (1:24-32; 2:22; 6:12-15)
Atitude correta para com Jeová.
  Confie em Jeová. (3:5, 6; 16:20; 18:10; 29:25)
  Tema-o e evite a maldade. (3:7; 10:27; 14:26, 27; 16:6; 19:23)
  Honre-o por apoiar a adoração verdadeira. (3:9, 10)
  Aceite Sua disciplina como expressão de amor. (3:11, 12)
  Mostre apreço por Sua palavra. (3:1-4; 30:5, 6)
  Descubra o que Jeová odeia e aja em harmonia com esse conhecimento. (6:16-19; 11:20; 12:22; 16:5; 17:15; 28:9)
  Se agradarmos a Jeová, ele cuidará de nós, nos protegerá e ouvirá nossas orações. (10:3, 9, 30; 15:29; 16:3)
Conselhos excelentes para governar a vida familiar.
  A esposa capaz é uma bênção da parte de Jeová. (12:4; 14:1; 18:22; 31:10-31)
  Os pais devem treinar e disciplinar os filhos. (13:1, 24; 22:6, 15; 23:13, 14; 29:15, 17)
  Os filhos devem respeitar profundamente os pais. (1:8, 9; 4:1-4; 6:20-22; 10:1; 23:22-26; 30:17)
  Amor e paz são qualidades muito desejáveis no lar. (15:16, 17; 17:1; 19:13; 21:9, 19)
  Resista à imoralidade e estará evitando muita dor e sofrimento. (5:3-23; 6:23-35; 7:4-27; 9:13-18)
Características que devem ser cultivadas, e as que devem ser evitadas.
  Cultive consideração amorosa para com os pobres e os aflitos. (3:27, 28; 14:21, 31; 19:17; 21:13; 28:27)
  Seja generoso, evite a ganância. (11:24-26)
  Cultive a diligência; não seja preguiçoso. (6:6-11; 10:26; 13:4; 20:4; 24:30-34; 26:13-16)
  Modéstia e humildade trazem honra; presunção e orgulho conduzem à humilhação. (11:2; 16:18, 19; 25:6, 7; 29:23)
  Exerça autodomínio na questão da ira. (14:29; 16:32; 25:28; 29:11)
  Evite ter espírito maldoso ou o desejo de vingança. (20:22; 24:17, 18, 28, 29; 25:21, 22)
  Pratique a justiça em tudo. (10:2; 11:18, 19; 14:32; 21:3, 21)
Orientações práticas para a vida cotidiana.
  Corresponda corretamente à disciplina, à repreensão e ao conselho. (13:18; 15:10; 19:20; 27:5, 6)
  Seja amigo genuíno. (17:17; 18:24; 19:4; 27:9, 10)
  Seja criterioso ao aceitar hospitalidade. (23:1-3, 6-8; 25:17)
  O materialismo é fútil. (11:28; 23:4, 5; 28:20, 22)
  O trabalho árduo resulta em bênçãos. (12:11; 28:19)
  Desenvolva práticas comerciais honestas. (11:1; 16:11; 20:10, 23)
  Tome cuidado no que diz respeito a ser fiador de outros, especialmente de estranhos. (6:1-5; 11:15; 22:26, 27)
  Evite conversa prejudicial; certifique-se de que sua conversa seja edificante. (10:18-21, 31, 32; 11:13; 12:17-19; 15:1, 2, 4, 28; 16:24; 18:8)
  A lisonja é traiçoeira. (28:23; 29:5)
  Evite altercações. (3:30; 17:14; 20:3; 26:17)
  Evite más companhias. (1:10-19; 4:14-19; 22:24, 25)
  Aprenda a lidar sabiamente com zombadores, bem como com tolos. (9:7, 8; 19:25; 22:10; 26:4, 5)
  Evite as armadilhas de bebidas alcoólicas. (20:1; 23:29-35; 31:4-7)
  Não inveje os iníquos. (3:31-34; 23:17, 18; 24:19, 20)

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